Relatório de jogo de Villas-Boas, ainda com auxiliar.




1. Organização Ofensiva
Equipa organizada em 4x4x2 ou 4x4x2 losango. Esquema inconsistente, mas com bons resultados. Motivação aliada a grande espírito. Muita vocação ofensiva e agressividade, sempre com pensamento de jogo atacante e de manter o ritmo alto. A construção de jogo é sempre rápida e objectiva, com momentos de posse explosiva ou jogo directo para Michael Owen em profundidade. Incrível eficiência na 4ª fase e poder de fogo tremendo com dois dos melhores avançados do mundo (cruzamentos!).

Construção de jogo curto tem o 1º passe para os centrais. São extremamente vulneráveis na 1ª fase quando sob pressão. Boumsong comete erros básicos ao fazer o 1º passe para Scott Parker ou Emre. Construção de jogo longo é uma ameaça. Shay Given põe a bola com precisão na cabeça de Alan Shearer. Objectivo é sempre servir o movimento de Owen (já está a correr quando a bola ainda está no ar). As segundas bolas são muito agressivas, com Emre e Parker a reagirem rapidamente e a organizarem desde logo o jogo.

Da 2ª para a 3ª fase, há um padrão na construção do jogo. Normalmente envolve uma abordagem mista de jogo directo com posse de bola e jogo curto. Os centrais gostam de jogar nos laterais, para que estes corram com a bola. Se o espaço for apertado, o Owen vai fugir para os flancos (normalmente o lado direito) para receber. Outro padrão é quando o Emre e o Parker descem para receber a bola e pô-la em profundidade nos avançados. Ambos têm boa visão de jogo - importante retirar profundidade.

Pela natureza do sistema de jogo, um dos médios centro envolve-se em penetrações pela zona central. Normalmente é o Emre – importante estar atento ao lado direito. Solano raramente abre na linha. Prefere actuar como 3º médio, entre linhas, atrás dos avançados. Chega com bom timing nas costas dos defesas, pelo que liberta os avançados com passes perigosos entre as nossas posições. Quando não consegue fazer isso, por causa da defesa estar apertada, dá espaço para a entrada de Stephen Carr, que vem de trás para cruzar (importante a acção do nosso extremo na cobertura).

No outro lado, N’Zogbia é um extremo puro. Dá largura, recebe a bola aberto na esquerda. Ataca os laterais. Incrível qualidade no um para um. Domina todos os tipos de comportamento para um extremo. Grande qualidade nas diagonais quando Shearer desce até ao meio-campo. Aparece bem ao 2º poste para finalizar. Esperar sempre combinações entre os 2 avançados, Shearer e Owen. Muita agressividade e velocidade.

Nos momentos em que Owen abre na linha, Shearer recua para lhe dar a bola. Eles dominam esta rotina, pelo que é importante para nós termos mecanismos de defesa (centrais a fechar bem por dentro) para as segundas bolas enviadas por Shearer (tanto de cabeça como segurando o defesa, virando-se e fazendo o passe). Os movimentos do Owen são imprevisíveis, porque tanto podem acontecer nas costas como na cara da defesa. É importante antecipar mas com certeza na decisão.

Cada cruzamento é uma situação perigosa, é por isso que devemos evitá-los. O movimento normal é de ataque diagonal. Owen surge ao 1º poste vindo do 2º (golos frente ao Blackburn e ao West Brom). Shearer gosta de atacar na marca do penálti (usa o corpo e a força para se libertar dos defesas)
2. Transição ofensiva
Mudança de atitude rápida e agressiva. Movimentação de Owen em profundidade é a principal ameaça. Da zona defensiva, preocupam-se em vê-lo e pôr a bola nas nossas costas imediatamente. Quando não podem começar logo o ataque, dão inicio à posse de bola, com Emre e Parker como referências para a organização.

Incrível dinâmica colectiva. Avançam rapidamente e com apoios, particularmente o central que vem detrás, que sobe para meter a bola na área. Na defesa, cometem erros e acusam tremendamente a pressão dos adversários – Momento ideal para matar a construção e explorar!

Transições do Guarda-Redes: passe longo imediato para as costas ou contra-ataque para as alas ou para o central em jogo curto. Importante bloquear ou antecipar.
3. Organização defensiva
Equipa organizada como um bloco médio. Grande vocação ofensiva deixa-os expostos ou com desvantagem numérica – quando perdem a bola, há muitos jogadores fora das posições. Equipa que mistura agressividade com passividade, dependendo do opositor. Às vezes parece que dão iniciativa, mas quando acreditam terem o jogo controlado, rapidamente mudam de atitude.

Podemos ser bem sucedidos na construção de jogo longo se jogarmos pelas alas ou pelo centro em vez da zona dos centrais, onde Parker e Emre estão. Estas situações permitem ganhar a 1ª bola no ar e tirar vantagem daí.

Pressão do meio-campo depende do sistema usado. Se jogarem no 4x4x2 clássico, o comportamento tem dois momentos distintos: 1) na 1ª e 2ª fase, se o opositor joga a bola pelo meio-campo, pressionam forte e obrigam a errar. 2) quando o opositor já está no ataque, não pressionam tanto e deixam ficar o bloco compacto, com muita gente no centro, à espera de erros. Se jogarem em losango, vão ser muito mais agressivos, o espaço no centro do terreno é menor e jogar pelo meio envolve mais riscos de perder a bola (por outro lado, os nossos centrais têm mais liberdade para jogar).

Defesa altamente inconsistente tanto em termos individuais (Boumsong principalmente!) como em termos de coordenação colectiva. Misturam marcação à zona com marcação individual do Boumsong. Por andar atrás dos avançados, raramente dá cobertura ao Babayaro, pelo que ficam mais fracos do lado esquerdo. Com o Babayaro importa usar o drible, ritmo e explosão nas mudanças de direcção, porque é lento a reagir. Um para um é fácil!

Given é inconstante. As segundas bolas de cruzamentos ou remates são frequentes, por isso é importante os avançados acreditarem e aparecerem ali.
4. Transição defensiva após perder a posse de bola
Mudança de atitude média, mas a equipa está muito partida, principalmente do lado direito onde têm dois jogadores que não conseguem recuperar rapidamente as posições (Carr e Solano). Isto obriga o Parker a ser o único a cobrir as nossas transições, mas é muito espaço só para ele sozinho.

Na esquerda, N’Zogbia tem uma transição defensiva excelente e recupera rápido ou fecha no meio-campo. Isto acentua a importância de matá-los no lado direito. A defesa pode ser posicionada alta no campo. Há espaços nas costas que podemos explorar. Podem tentar o fora-de-jogo, mas muitas vezes com maus timings e maus julgamentos por parte dos 2 centrais.
5. Bolas paradas - a favor
Provável jogada estudada no pontapé de saída: bola longa para os avançados ou extremos. Livres laterais são metidos na área pelo Emre, N’Zogbia ou Solano. Todos têm capacidade para cruzar bem. Normalmente 4 jogadores atacam a bola na diagonal, e há uma entrada mais tarde de um dos 2 jogadores que ficam à entrada da área. Movimentos perigosos de Owen e Shearer. Qualidade nas segundas bolas fora da área- remates imediatos – importante parar!

Muitas opções nos livres frontais (atenção às combinações também). Indirectos são um toque para o remate forte e preciso do Shearer (atenção). Emre pode meter a bola a contornar a barreira para o poste mais longe do guarda-redes e do lado esquerdo o Solano pode fazer o mesmo. Atenção ao Owen nas segundas bolas!

Os cantos são batidos pelo Emre, Solano ou N’Zogbia. Não só nas diagonais, há jogadores a aparecerem ao 2º poste (Titus Bramble principalmente!). O Owen tenta atrapalhar o GR, mas pode aparecer ao 1º poste também. Shearer é sempre ameaça. Atenção às combinações com o Carr. Ele fica atrás, mas se adormecermos ele aparece perto e cruza de primeira à procura da surpresa.

Lançamentos laterais longos são perigosos com o Carr a meter no Shearer, na área, que ou finaliza ou mete no Owen -este sempre nas segundas bolas!
6. Bolas paradas, contra
Nos livres laterais eles põem dois jogadores na barreira (não saltam), N’Zogbia no espaço, não deixam ninguém na frente mas são rápidos no contra. Todos os outros marcam homem-a-homem.

Nos livres frontais põem 5 homens na barreira (não saltam). Põem um jogador livre, fora da área, para evitar combinações. Não fica ninguém na frente. Os outros marcam homem-a-homem.

Nos cantos, Carr no primeiro poste e Solano no outro. N’Zogbia fica no espaço entre o canto e o primeiro poste. Owen e Emre ficam fora da área. As transições começam com eles - importante controlar o movimento deles se perderemos a bola. Se o Shearer for o homem a ficar no espaço, explorar menos um homem alto na marcação. Podemos tirar partido das bolas paradas!

Given é fraco nos cruzamentos. Frequentemente soca a bola para limpar o lance.
7. Outras observações
Luque está de fora agora, mas talvez ainda recupere (provável suplente). Equipa em bom momento, motivada e finalmente a encontrar equilíbrio. Importante manter atenção à alta intensidade de jogo.

Muita rapidez e alerta nas segundas bolas – depois de ganharem a bola têm soluções e tentam meter no Owen em velocidade.

Más transições defensivas e bolas paradas. Deixam jogadores atrás para terem superioridade, mas não conseguem lidar com o contra-ataque no espaço. É ainda mais evidente do lado do Babayaro – podemos matá-los por aqui.

Substituições não implicam alteração do sistema, mas o losango pode sempre ser opção para eles. Jogadores do banco têm qualidade técnica e podem decidir o jogo. Kieron Dyer e Lee Bowyer são dinâmicos e assumem sempre os papéis que fazem uso da mobilidade. Ameobi é uma ameaça no ar e bolas paradas. Luque tem técnica. Owen persegue as bolas perdidas e os passes atrasados para o GR (grande perigo)!

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