Na
Libertadores de 83,um dos jogos mais difíceis foi em La Plata
,jogando contra o Estudiantes.
Muito
mais do que as dificuldades de campo ,o clima de guerra que envolveu
aquela partida ,nos fazia temer por nossas vidas ,receando não
sairmos sãos e salvos de lá!
O jogo
,só para lembrar,estava 3x0 para nós e o Estudiantes com apenas 7
jogadores,conseguiu empatar.
Mas
isto é assunto para outro dia ,pois o que quero é relatar os
acontecimentos do intervalo do jogo.
Terminado
o primeiro tempo,as 2 equipes foram para os vestiários .Este caminho
era tão estreito que obrigava -nos a andar em fila indiana. Do campo
até o vestiário ,muitos gritos e xingamentos.
Entramos
,fechamos a porta e o nosso segurança encostado nela ,disse:
-"Fiquem
tranquilos, que aqui ninguém entra"
Enquanto
os jogadores tomavam água,lavavam-se e trocavam o material molhado,
a porta parecia que viria abaixo com pancadas de socos e pontapés.
E o
nosso segurança,encostado na porta já com os braços
abertos,continuava afirmando:-"Tranquilos!Aqui ninguém entra"!
Jogadores
sentados para ouvirem as instruções do intervalo.
Começo
,então,a falar e quando vou corrigir o ataque ,pergunto:
-"Cadê
o Caio"?
Todo
mundo se olha ,observa o vestiário e...nada do Caio!
Então
,imediatamente olhamos para o segurança e eu grito:
-"Abre
esta porta"!!!
Nosso
Super -Homem abre e quem entra?O Caio!Chorando ,com o tornozelo
inchado e cheio de hematomas pelo corpo. Ele havia ficado para trás,
e durante todo aquele tempo em que batia na porta ,estava apanhando
dos argentinos!
Seu
tornozelo estava tão inchado ,que tive que substituí-lo no
intervalo.
Como
vocês podem ver ,nosso segurança realmente não deixou ninguém
entrar,nem mesmo o Caio!
História de Valdir Espinosa.