Com Gardel e Galeano em Montevidéu

Estou em alguma viela de Montevideo, acompanhado de Carlos Gardel e Eduardo Galeano. A copa do mundo, essa mesmo realizada no Catar, está prestes a começar. Galeano, meu xará, confessa que está torcendo pelo Brasil. Rapidamente ele se justifica: “sempre torci pelo futebol bonito, aquele de encher os olhos. No passado foi Pelé e Garrincha. Hoje é Neymar e Vinicius Júnior”, diz Galeano 

Gardel por sua vez não esconde o amor à pátria Uruguai. Acredita piamente que a celeste tem grandes chances de trazer o título para o extremo sul da América do Sul. “A conquista será uma milonga repleta de reviravoltas. O tricampeonato é inevitável!”, cravou Gardel, com os olhos marejados. 

E quanto a mim? Bem, eu temo pelo pior: a Argentina de Messi se sagrar campeã. 

Nossos hermanos estão mais fortes do que nunca. Uma mescla de experiência e qualidade. E convenhamos: Messi merece uma copa do mundo em seu currículo, ainda que doa escrever isso. 

Diante do meu sofrimento, Gardel compõe um tango, tão sofrido quanto o sentimento daquelas tantas e tantas almas que estavam na final da Copa de 1950, no Maracanã, contra o seu Uruguai. 

Galeano me conforta, dizendo que o penar é parte do renascimento da alma. Feito a fênix, ela ressurge ainda mais forte. 

Então sofro, até a última gota de seu amargo veneno. 

Gardel sorri, pois reconhece esse sentimento que serve de uma fonte inesgotável para sua arte. 

Enquanto Galeano se compadece e me abraça. “O vento que sopra no deserto é o mesmo que me confessou um segredo: o futebol está cansado do pragmatismo europeu. A taça está voltando para casa…”

O despertador toca e já não estou mais na companhia de Gardel e Galeano. E muito menos perambulo pelo Uruguai. Estou na minha cama, no interior do Rio Grande do Sul, ainda temendo que aquele baixinho de um metro e sessenta e nova centímetros consiga refazer a rota original da taça e desvia-lá para Buenos Aires. 

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Rapidinha: Grêmio na Libertadores

Você, católico, imagine enfrentar o time do homem mais próximo de Deus na terra. Papa Francisco é torcedor declarado do San Lorenzo, e coube ao Grêmio essa ingrata função. Soma-se a isso a torcida apaixonada do San Lorenzo e a qualidade do time. Tarefa difícil para o tricolor.

No plano tático, Enderson abandonou o 4-4-2 em duas linhas e voltou a aderir ao 4-1-4-1. Zé Roberto, de versatilidade ímpar, propiciou a mudança de esquema. Se contra o Atlético-PR o camisa dez atuou como meia-atacante, na noite de quarta-feira compôs o meio campo ao lado de Ramiro e a frente de Edinho (formando uma espécie de triângulo de base alta). Pelas beiradas do campo Dudu e Riveros compunham o restante do meio campo. Na teoria, Zé deveria articular a saída de bola tricolor com cadencia e qualidade no passe; na pratica, a marcação argentina não deixou o Grêmio respirar e Dudu foi o desafogo para articular as tramas ofensivas.

Tricolor postado no 4-1-4-1 com Dudu mais agudo e buscando mais o jogo.

- Léo Gago

Diz o ditado popular: “Jogar com um jogador improvisado é como dizer: Voa ovelha, mas a ovelha não vai voar”.
E no que se encaixa esse ditado? Improvisar jogadores (o improviso se agrava quando o improvisado não detém qualidade na sua posição de origem, quiçá fora dela).

Devido à ausência de Wendell, lesionado, restou a Enderson Moreira duas opções: improvisar Léo Gago na lateral, ou escalar o jovem Breno, de atuação irregular contra o Atlético-PR; Enderson optou pelo experiente Léo Gago.
Experiência esta que não entrou em campo. Volante de origem, Léo Gago apresentou grande dificuldade de se habituar a lateral esquerda.
Talvez falta-lhe o cacoete de jogar rente a linha, saber onde e como se posicionar, ler o jogo e saber dosar incursões no campo adversário ou manter-se ao lado dos zagueiros. Uma série de detalhes que, caso os dominasse, certamente seria lateral.

Por sua vez, o San Lorenzo soube explorar a fragilidade de Léo Gago. Esquematizado no 4-4-2, com dois pontas espetados, o time argentino insistia pelas jogadas de flanco, e pelo lado direito (esquerdo de defesa) Villalba importunava Léo Gago. E, tamanha insistência, resultou no único gol da partida. Descuido de Léo Gago ao recompor linha defensiva desorganizou a defesa tricolor (que teve de bascular: Geromel teve de sair do miolo central para cobrir Gago, Werley deslocou-se para ocupar o espaço deixado por Geromel, e, por fim, Pará cobrindo Werley). O efeito dominó atrasado em décimos de segundo, o suficiente para sair o gol do San Lorenzo.
Mapa de calor da posse de bola do San Lorenzo. O mapa é nítido e cristalino: A equipe argentina explorou e martelou as costas do frágil Léo Gago. 


- Geromel

Contratado sob grande expectativa, Geromel se tornou um grande ponto de interrogação. Não sabia-se do porque não ser aproveitado, apesar do baixo nível técnico de Werley, permanecia uma incógnita, até a lesão de Rhodolfo. O jogo contra o Atlético-PR serviu como teste para saber quem substituiria Rhodolfo. No páreo pela quarta zaga deu Geromel, com sobras.

Sem Rhodolfo e Wendell o lado esquerdo defensivo estava fragilizado. E após o apito inicial as coisas pioraram. Como citado no tópico anterior, Léo Gago não se habitou a lateral esquerda. E coube a Geromel cobrir o espaço deixado pelo lateral. O zagueiro foi seguro defensivamente e compensou a fragilidade de Léo Gago.

Rhodolfo deve parar por três semanas, sem dúvida alguma seu substituto é Pedro Geromel. 

Mapa de calor apresenta as áreas por onde Geromel mais circulou. Em vermelho a área onde o zagueiro marcou presença constantemente, reparem o quanto Geromel esteve no lado esquerdo de defesa, cobrindo eventuais subidas de Léo Gago e bolas as suas costas.

- Setor ofensivo

Não seria exagero algum se esse tópico não tivesse palavra alguma. Durante boa parte do primeiro tempo o “abafa” do San Lorenzo anulou o Grêmio. Era o tricolor tomar posse da bola e logo devolve-la ao time argentino por meio do chutão. A ausência de lucidez na transição resultou na ligação direta como primeira opção para “construir” (leia-se livrar-se da bola). Era um bate-volta constante, beneficiando o time do San Lorenzo que, jogando em casa, tinha de atacar.

O desafogo surgiu com Dudu pelo lado esquerdo do campo imprimindo velocidade e mergulhando no campo adversário com verticalidade, o meia utilizava-se da vitoria pessoal para desarrumar a marcação adversária e assim levar o Grêmio para o campo de ataque. Eis a tônica do jogo explorado pelo Grêmio: Dudu como válvula de escape.

Ressalta-se que Zé Roberto enfim assumiu o papel que lhe cabia, ou seja, auxiliar na saída de bola e brecar as constantes rifadas de bola.  Além do auxilio na organização das jogadas, Zé começou a aparecer na frente, aliado a Ramiro, e juntos brigavam pela segunda bola no campo de ataque, ação inexistente nos momentos de abafa da equipe argentina.

Após o gol do San Lorenzo, Enderson mudou. Porém, a lapso criativo teimou em continuar. O Grêmio simplesmente não criava. Torrico não sujou as luvas. O clube gaucho movimentava a energia de uma usina nuclear para acender um palito de fósforo.  

Ainda restam 90 minutos. A presença do torcedor será de suma importância, porém, o futebol demonstrado dentro de campo será determinante. Em uma semana Enderson precisa arrumar a casa e de alguma maneira tornar esse time eficiente, afinal de contas, o Grêmio precisa de dois gols para passar de fase (ou apostar nos pênaltis).

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O 4-1-4-1 colorado representado em seus "carrilleros"

Abel idealizou e montou o Inter como imaginava, ou, apenas respeitou seu histórico, o DNA de Abel não engana, ele monta times com vocação ofensiva. Que gostam de trabalhar a bola no pé e ditar as ações de jogo. E para controlar o jogo o treinador optou pelo 4-1-4-1, com meio-campo recheado de “tocadores de bola”, sendo eles: à frente da zaga Willians, quem inicia a organização; os meias centrais Alex, à esquerda, e Aránguiz, à direita; pelas beiradas do campo D’Alessandro pela direita e Alan Patrick à esquerda, ambos de pé trocado.


O ônus de ter jogadores técnicos e que saibam rodar a bola é não ter justamente o contrario: o ‘saca-rolha’ - são jogadores que desmoronam defesas pétreas. Que ziguezagueie na direção do gol. Eles mexem na marcação alheia, desencaixando as peças do ferrolho e abrindo espaços.
E claramente não há este jogador na equipe titular. A esperança é que Otavinho reencontre o futebol de 2013, ou Valdivia assuma o protagonismo de ser este ‘saca-rolha’.

A carência deste ‘ziguezagueador’ resulta que o Inter não aproveita o espaço deixado pelo adversário. Quando desarma, cadencia o jogo e inicia a transição ofensiva rodando a bola com segurança, mas sem verticalidade.

Se não há figura de um velocista na equipe do Inter, saltam aos olhos dois jogadores de suma importância na execução do 4-1-4-1 colorado: Aránguiz e Alex. Os meias-centrais da equipe. Coadjuvantes no time do protagonista D’Alessandro que garantem a dinâmica ofensiva da equipe. Atuam de maneira curiosa, seriam os ditos ‘motorzinhos’ da equipe. Aránguiz pelo lado direito e Alex pela esquerda. Na compreensão sul-americana de futebol seriam os ‘carrilleros’, na Inglaterra ‘box-to-box (box-to-box é uma referência ao jogador que faz, no meio-campo central, o "vai-vem". Box significa área, em inglês, portanto a tradução é "de área a área". A definição é claríssima: o jogador que sem a bola posiciona-se defensivamente à frente da própria área, e quando a equipe recupera a bola aproxima-se dos atacantes, nos arredores da área adversária. Atuar nos dois campos é prerrogativa básica desta tática individual.).

A definição de box-to-box fica ainda mais clara quando analisamos os mapas de calor (que registram os espaços ocupados pelos jogadores enquanto eles tiveram a bola) de Aránguiz e Alex.

A intensa movimentação de Alex, partindo do centro e aparecendo nas mais variadas áreas do campo.

Aránguiz marcando o 'trilho' no campo: do ataque à defesa.

É nítida a movimentação da dupla por grande faixa do campo. Ambos realizam o vai e vem e garantem o suporte ofensivo aos wingers (D’Ale e Alan Patrick) e defensivamente recuam se postando à frente de Willians. E essa movimentação desconstrói qualquer argumento que o Inter atua com apenas um volante e seu sistema defensivo é frágil. Pelo contrario. A função de meia-central (box-to-box, carrillero...) é atuar nas duas áreas, é dar apoio nas duas fases de jogo (ofensiva e defensiva).

Outro trabalho realizado pelos meias-centrais é criar as tais triangulações pelas beiradas do campo que Abel tanto ressalta. Pela direita o trio é composto por: Gilberto mergulhando para a linha de fundo, Aránguiz pelo centro, e D'Alessandro, de pé trocado, realizando diagonal para organizar e abrindo corredor para passagem do lateral. Pela esquerda a base estratégica é a mesma, mas formado por: Fabrício, Alex e Alan Patrick. Porém, nestas triangulações, a dinâmica entre estes jogadores é confundir o adversário, portanto, há intensa troca de passes e posição. Não se surpreenda de Aránguiz aparecer pelo flanco e Gilberto fazendo diagonal enquanto D'Alessandro fique mais recuado.

O inicio de trabalho de Abel Braga é promissor. A equipe demonstra as ideias do treinador na pratica. A característica de um meio-campo dinâmico, com movimentação e aglomerado de jogadores criativos, com qualidade no passe é nítido e cristalino. Porém, a transição ainda é uma dor de cabeça. Se os meias-centrais auxiliam nas fases ofensivas e defensivas, ambos deixam a desejar quando o assunto é iniciar as jogadas. O trabalho fica a cargo de Willians – combativo e voluntarioso, mas limitado tecnicamente -, e com isso há dificuldade em dar objetividade a posse de bola que salta aos olhos. Abel precisa rever o espaçamento entre Willians e a linha de meio-campo à sua frente. O Inter precisa transformar o volume de jogo em chances de gol. E quem sabe a solução não esta nos pés dos meias-centrais? Alex e Aránguiz recuando e auxiliando Willians na organização? Independente da solução, sabe-se que o primeiro passe precisa ser de qualidade para fundamentar todo um processo de criação. Que Abel tire mais um coelho da cartola.

Obs: mapas de calor retirados do Footstats

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Complementação: Zé e o Grêmio

Anteriormente levantei a hipótese de Zé Roberto retornar a equipe como winger (ponta, extremo, meia-ala) pelo flanco direito, no lugar do Paraguiao Riveros. Pois bem, Enderson testou o camisa dez neste domingo, contra o Atlético Paranaense, o utilizando como meia-atacante, na vaga do lesionado Luan.

Enderson manteve a estrutura tática da equipe: 4-4-1-1. A exemplo do esquema tático, o modo de jogar do Grêmio se mantém: transição ofensiva em velocidade. Sem confundir com o “jogar em reação” que Tite implementou no Corinthians. O “jogar em reação”, consiste em induzir o adversário ao erro, seja no campo de ataque ou defesa, e realizar a transição ofensiva rapidamente para ‘pegar’ o adversário desestruturado – com as calças na mão. E, o modo de jogar tricolor é transitar em velocidade explorando único e exclusivamente Dudu (e, anteriormente, Luan), sendo assim, desrespeita a cartilha estabelecida por Tite: sair em bloco e superioridade numérica na transição. Portanto, a estratégia tricolor se baseia no velho e imutável contra-ataque.

O retorno de Zé Roberto a equipe, atuando como "1" entra meio-campo e ataque.
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, diria o poeta. Luan e Zé Roberto são distintos por completo. Em nada se assemelham. Zé cadencia. Luan acelera. Zé gira a bola. Luan é objetivo e vertical. Zé é meio-campista e isola Barcos. Luan ronda as imediações da grande área e faz companhia ao centroavante, além de servi-lo. Ao escalar Zé Roberto nesta faixa de campo, centralizado, “próximo” de Barcos, imagino que Enderson buscou qualificar as rápidas tramas ofensivas, especular finalizações de fora d’área e cadenciar (mesmo adotando o contra-ataque como modo de jogar?) o jogo quando necessário e buscar solução para a eventual ausência de Luan. A qualidade técnica de Zé Roberto é inegável e testa-lo como ponta de lança foi valido, verificou-se que ali ele não se encaixa (a demanda da função é outra), apenas para uma eventualidade.

O mapa de calor (que registram os espaços ocupados pelos jogadores enquanto eles tiveram a bola) do camisa dez demonstra a intensa movimentação do meia, comparecendo por todo setor de ataque. Logo, percebe-se que o meia foi solicito, foi de encontro ao jogo, porém, a estilo de jogo do Grêmio requer outra espécie de jogador para aquela função: alguém agudo, vertical, que infernize a defesa adversária. Claramente Zé não é, mas pode ser útil em tantas outras posições do meio-campo.

Mapa de calor do camisa dez tricolor evidencia por onde ele rodou.

Se Luan retornar a equipe para o jogo de quarta-feira, soluciona-se o problema do ataque. Não do time. Contra o Atlético-PR, Enderson testou Bressan e Geromel na zaga, ambos não demonstraram bom desempenho. E, de quebra, Grohe sentiu, Busatto foi posto à prova, reprovado veementemente.

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Onde Zé Roberto pode se encaixar?


O inicio de temporada nos apresentou o Grêmio no 4-1-4-1, com Edinho à frente da zaga, porém, contratempos moldaram o tricolor para o 4-4-2 em duas linhas. A combinação de Dudu, postado à esquerda da linha de meio-campo, com Luan, livre para movimentar-se como segundo atacante, transformou o Grêmio em um time veloz, que aposta na transição acelerada após o desarme para chegar ao gol em contra-ataques. E Zé, tem lugar?

A versatilidade de Zé Roberto abre um leque de posições em que o meio-campista tricolor possa atuar. De segundo volante ao lado de Edinho, passando por ‘winger’ – ponta, extremo, meia-ala – ou, ponta de lança, se aproximando de Barcos e ocupando faixa de campo do lesionado Luan – obviamente compondo outra função, pois foge completamente das características do jovem e promissor Luan.

No auge de seus trinta e nove anos, Zé Roberto desfila o clássico futebol de outrora: cabeça erguida, qualidade no passe, cadencia entre outras características que, aboliram do futebol ou não se encaixam mais nas demandas do futebol contemporâneo. 

Independente da posição que atue, irá fazê-lo com algo que não há no Grêmio atual: cadência. O camisa dez se sobressai perante os demais por fazer girar a bola, não necessariamente um organizar clássico, mas colocar panos quentes no jogo e não desperdiçar a posse de bola por pura afobação. Porém, com Zé em campo, seja na posição de Riveros ou Ramiro, a equipe perde e objetividade e presença na área adversária. Questões a se ponderar.

Considerando que Luan esta em franca recuperação, acredito que Zé Roberto ocupe a vaga de Riveros pelo flanco direito. Atuando nesta faixa de campo o camisa dez deve contrabalancear o descompensado esquema tricolor, pois, com posse de bola, o tricolor pende ao lado esquerdo com os velozes Wendell e Dudu; enquanto o flanco direito fica a deriva de Pará e Riveros, limitados ofensivamente.

Grêmio posicionado no 4-4-2 em duas linhas com Zé Roberto à direita

O que Zé pode agregar ao lado direito?

Enquanto Riveros cumpre com relativo sucesso sua função de winger – atuando pela beirada do campo, avançando e ingressando na área adversária quando ataca e, recuando e compondo a segunda linha de meio campo quando defende -, Zé Roberto atuará de pé trocado – canhoto no lado direito -, portanto, a tendência natural é que não busque a linha de fundo para cruzamentos; o meia deve realizar a diagonal e abrir a beirada do campo para avanço de Pará. Conhecendo as características de Zé Roberto, o meia deve girar a bola procurando brechas no sistema defensivo adversário, assim, balanceando a velocidade de Luan e Dudu com sua cadencia de jogo.

Lembrando que, no inicio da temporada, quando o 4-1-4-1 estava em vigência, Zé atuava pelo lado direito do campo, compensando a velocidade e verticalidade de Luan com qualidade no passe e organização das jogadas.

E defensivamente?

Como citado anteriormente, Riveros recompõe a linha de quatro quando o Grêmio é atacado sem grandes problemas. Zé Roberto capricha na condição física, mas não é nenhum garoto. Realizar o vai-e-vem constantemente deve ser desgastante, e, não bastasse o flanco esquerdo sobrecarregado, Enderson não deseja replicar a fragilidade pelo lado direito. Dor de cabeça para o treinador.

O que muda no estilo de jogo?

O atual Grêmio abusa da velocidade na transação ofensiva após realizar o desarme. Hoje, o desafogo é Dudu, mas, com a iminente volta de Luan, a equipe tende a reforçar essa característica. Hoje o Grêmio é vertical, completamente avesso a cadencia de Zé Roberto.
E com Zé, o que muda? A principio o camisa dez deve dar mais qualidade as tramas ofensivas pela beirada direita e municiar Luan e Barcos. Além de ler o jogo e interpretar qual o melhor momento de lançar-se a frente ou abrandar o jogo e rodar a bola – algo que Enderson tentou com o argentino Alan Ruiz, que viveu de lapsos.

A ausência de um meia cerebral impele o Grêmio a duas opções de jogo:

a) contra-atacar
b) ligação direta

Quando engessado pela marcação adversária o Grêmio abusou da ligação direta, mesmo com Alan Ruiz em campo – o meia não assumiu o protagonismo que lhe cabia e desmoronou frente a firme marcação. Não que Zé Roberto seja a solução dos problemas, mas dá opção do passe curto e inicio da transição com qualidade, não precisando recorrer à ligação direta.

A versatilidade do camisa dez não se restringe a beirada do campo, Zé pode atuar em inúmeras posições – citadas no texto -, e ser o coringa que é enriquece a equipe tricolor. Zé Roberto fornece a Enderson um leque de variabilidades táticas e estratégicas que beneficiam o time. Mesmo com criticas relacionadas a sua cadencia e estilo de jogo, não imagino que deixa-lo no banco de reservas seja uma opção racional.

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Suspenso por tempo indeterminado


Boa tarde! É com imensa tristeza que venho lhes comunicar que o blog ficara suspenso durante longo tempo.Inverno sem tempo estipulado de fim. Suspeito não haver primavera. Agradeço aos que acompanharam o blog e auxiliaram a difundi-lo nas redes sociais.

Desejava reviver o sentimento tático que inspirava minhas analises de outrora. Porém, não consegui acha-lo em meu eu interior. Ou, talvez, apenas uma crise matrimonial, precisando esparecer, "dar um tempo". Quem sabe.

Honesta e sinceramente não possuo mais prazer em analisar e escrever textos voltados ao futebol. Portanto, quaisquer analises de minha parte seriam obrigações e não prazerosas, como deve ser.

Reitero que foi uma honra estar com os senhores neste blog, cuja essência foi informar e apresentar temas para debate. Meus sinceros agradecimentos, Eduardo Papke Rocha. 

Se este lapso sessar, confesso voltar aos campos táticos.

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Os 12 grandes do Brasil em 2013, por enquanto


Análise de Leonardo Fernandes do blog Painel Tático
Apesar do período de contratações estar só começando com as possíveis chegadas de Carlos Eduardo no Flamengo, Riquelme no Palmeiras e Josué no Galo, as mais próximas de acontecerem, alguns times já se encontram em fase final de preparação para a temporada. Santos, São Paulo, Cruzeiro, Corinthians e Inter já têm elencos fechados. Fluminense, Atlético-MG, Botafogo e Grêmio ainda podem contratar, mas seus times estão praticamente definidos. Flamengo, Palmeiras e Vasco começam o ano cheios de incertezas e precisam sair às compras para fazer bem em 2013. Muito cedo para falar, mas já dá para tirar alguns palpites táticos dos jogos-treino e dos treinamentos enquanto os estaduais e a Libertadores não começam:
  • São Paulo
Apesar do desempenho constrangedor dos titulares no último jogo-treino, contra o RB Brasil, Ney Franco praticamente selou a equipe titular do São Paulo, pelo menos para a pré-Libertadores e o início de Estadual. Oficialmente sem Vargas, Ney manda a campo um híbrido de 4-3-1-2 e 4-2-3-1 pensado para suprir a saída de Lucas. Os laterais têm mais liberdade para avançar e Jádson ora é volante pela direita, ora é meia, às vezes invertendo com Ganso. Se a velocidade de Osvaldo pela esquerda é boa jogada, Jádson precisa se adaptar enquanto Wallyson se recupera de lesão. O empate no terrível jogo-treino contra o RB Brasil não deve se repetir e o São Paulo mantém o favoritismo na Libertadores.
São Paulo 2013
  • Santos
Para suprir a Neymar-dependência, Muricy pediu e a diretoria atendeu: vários reforços vieram ao time da baixada. Agora com Montillo e Cícero, o Santos, já confirmado por Muricy, deve usar o 4-3-1-2 com Arouca e Cícero marcando e jogando no meio, Montillo acionando Neymar e se juntando ao ataque e André na referência. O camisa 11 ganha time técnico e marcador no meio, mas precisa de uma defesa com melhores nomes. Nei  e Assunção ganham condição física e fazem do Santos um time bem melhor daquele visto em 2012.
Santos 2013
  • Corinthians
Ainda em ritmo de festa, o Corinthians irá atuar com reservas nas primeiras rodadas. Mas o time titular ganhou os bons reforços de Gil e Renato Augusto e Pato, a estrela do marketing que precisa se livrar das lesões para ter sequência. Tite deve optar por manter o 4-2-3-1 que marca em duas linhas, possui jogadas bem definidas e ganha ainda mais quando tem a referência na frente. Com Pato, o esquema passa a ser um 4-4-1-1 com o ex-Milan fazendo a ligação entre meio e ataque. Favorito a tudo o que participa, o Corinthians de 2013 só será conhecido no final de Fevereiro.
Corinthians 2013
  • Palmeiras
Mergulhado na crise, o Palmeiras tenta se reeguer após o vexame de 2012. Muitos foram embora mas apenas Prass e Ayrton chegaram, o que faz Gilson Kleina bater cabeça na escolha do time titular. O sonho cada vez mais próximo de Riquelme pode ajudar o time a suprir as prováveis ausências do desgastado Valdívia. Taticamente, Kleina vai manter o 4-2-3-1 da temporada passada, mas com postura mais cautelosa. Os dois jogos-treino mostraram um time fechado em seu próprio campo, saindo rapidamente pelos lados com Luan e Wesley e Barcos na dele, fazendo muitos gols. Jogar como time pequeno pode ser a única saída para o complicado Palmeiras.
Palmeiras 2012
  • Fluminense
Na boa: é assim que Abel Braga está em 2013. Depois de ser campeão brasileiro, o Flu manteve a base e ganhou Wellington Silva, do rival Fla, mas o time deve ser o mesmo de 2012. Com Riquelme distante e Conca descartado, o Flu deve ir a campo no 4-3-2-1 rápido pelas pontas e acionando muito Fred. Abel já acenou que quer uma espécie de 3-3-3-1 forte na marcação, mas precisa aprender com o erro capital de 2012: não depender de Fred e Deco. Os dois foram poupados do último jogo treino, uma derrota de goleada para o Audax-SP, por 4X0. Pelo menos reservas para os dois é preciso.
Flu 2013
  • Botafogo
O calminho Botafogo não se mostrou muito presente nas contratações e trouxe nomes poucos badalados para a defesa, posição criticada em 2012. Corretamente apostando na manutenção de Oswaldo de Oliveira, a Estrela Solitária vai a campo no 4-2-3-1 com a defesa bem mais experiente, mas lenta, Bruno Mendes se movimentando muito e Seedorf armando. Não é o time dos sonhos e precisa de ambição para ganhar algo além de um Carioca. Um centroavante e volantes são necessários.
Bota 2012
  • Vasco
A crise imensa do Vasco é reflexo da péssima administração e do caos financeiro dos times cariocas. A base de 2012 foi embora por completo e o Vasco aposta nas suas revelações da base e em velhos nomes como Carlos Alberto. Futuro? Ninguém sabe. Tática? Gaúcho acenou com um 4-4-2 britânico, o que melhor se encaixa na montanha de volantes do elenco. Mas o 4-3-3 e o 3-5-2 podem pintar. Faltam muitas contratações para o Vasco voltar a brilhar. Por enquanto, indefinido.
Vasco 2013
  • Flamengo
Se sufoco foi a palavra de 2012, renovação é a de 2013: o Flamengo contratou jogadores jovens como Gabriel e Elias e Dorival Júnior pode manter o 4-3-1-2 dos melhores momentos do ano passado. Mas falta um centroavante, já que Liédson não joga mais no Fla, laterais e zagueiros. Um time indefinido, mas que deve apostar no bom trato de Dorival com jovens e acabar com a crise política e financeira que assola o clube, já que está de presidente novo. Outro time indefinido.
Fla 2013
  • Cruzeiro
O Cruzeiro anunciou um pacote enorme de reforços, entre eles Marcelo Oliveira, o técnico, e não promete um time de estrelas, mas sim de jogadores regulares. No 4-2-3-1, Martinuccio e Éverton Ribeiro devem voar pelos lados enquanto Diego Souza se junta a Borges no ataque. Com novos zagueiros e Nílton e Henrique como volantes, o Cruzeiro pode surpreender em 2013. Resta confiar no trabalho de Oliveira para dar “liga” ao time.
Cruzeiro 2013
  • Atlético-MG
Após o quase no BR-2012, o Galo vem mais preparado emocionalmente para 2013. A base de 2012 permanece, e Cuca pretende resolver a meia direita, setor crítico, com Rosinei, ex-Corinthians. Ainda há a opção de Carlos César, habilidoso e rápido, ou Moraes, a contratação surpreendente do Galo para 2013. No meio, Josué pode pintar para melhorar a marcação. De resto, a base do 4-2-3-1 com a variação típica de Cuca para o 3-4-3 será mantida e basta manter o ritmo dos melhores jogos do ano passado para fazer bem na temporada. O jejum de 42 anos sem títulos de expressão já incomoda e muito.
Galo 2013
  • Internacional
Odiado por 10 entre 10 brasileiros, Dunga tenta a redenção no Inter, sua casa. Nomes novos como Bruno Peres e Willians chegam para apagar o caótico ano de 2012 e fazer valer a pecha de favorito que o Inter carrega, mas que nunca se confirma. Forlán, D´Alessandro e Dátolo devem ser o trio de meias do 4-2-3-1, junto com um meio bem trancado com Ygor e Willians. No papel é bom, mas na prática Dunga terá que ter muito jogo de cintura para fazer Forlán render o que se espera dele.
Inter 2013
  • Grêmio
Em seu último ano como técnico, Luxa tenta a Libertadores, seu grande sonho, a qualquer preço. Por isso apelou para velhos conhecidos como Dida e Cris e monta o time no seu predileto e vencedor 4-3-1-2. Alguns resgates: Elano não será volante, mas sim armador, como no Santos de 2004, e Zé Roberto atuará como volante armador pela esquerda, como o Santos de 2007. Alex Telles é o grande destaque nos treinos e promete voar pela esquerda. Apesar disso, é um elenco envelhecido e Vargas não deve estar presente na pré-Libertadores. Pintou um típico time de Luxa? ( muitos ataques pelos lados, movimentação, ofensividade e boa ocupação de espaços num 4-3-1-2).
Grêmio 2013

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