Estaria ultrapassado o 4-4-2 brasileiro?


Fiquei com uma duvida cruel após a entrevista de Frank de Boer as mídias brasileiras. Estaria o famoso e apaga incêndios 4-4-2 (4-2-2-2) com meio campo em quadrado atrasado em relação aos demais esquemas?

Este é mais do que apenas um esquema, é toda uma filosofia de futebol. Trata-se da escola brasileira, desde a formação até os grandes palcos. Não devemos nos basear apenas em números, podemos ultrapassar esta barreira. Devemos abrir os olhos para movimentações, transições, passagens, aproximações, variações... O futebol não está mais estático, assim como tudo ele também evoluiu.

Este esquema é ainda hoje fundamental nas categorias de base. Explica e muito a nossa filosofia de futebol. Nossa dependência de um clássico camisa dez. Laterais vem perdendo em qualidade e ganhando em força. Estão se formando volantes do tipo cão de guarda, ou brucutu mesmo. Nossos meio campos apenas jogam pedir para marcar é como um desacato ou desrespeito ao futebol.

No Brasil pontas acabaram, creio que o futebol brasileiro extinguiu o ponta, mas não evoluiu, pois o ponta se tornou o winger na Europa. Um meio campo que joga pela faixa lateral do campo e tem capacidade para marcar e recompor meio campo.

Esmiuçando o 4-2-2-2. O jogo fica centralizado e dependente dos laterais para romperem os flancos e cruzarem na área. Se hoje não produzimos laterais que são capazes de ir a linha de fundo, tudo fica mais complicado. Uma virtude, os homens de meio e ataque ficam próximos para tabelas e passagens.

Precisamos rever não só o esquema, mas tudo que envolve nosso futebol. Hoje as categorias de base estão em segunda opção. Tornou-se mais fácil gastar um caminhão de dinheiro do que apostar em pratas da casa.

Não podemos considerar tudo antiquado. Algumas características do nosso futebol são únicas. Formamos bons atacantes, meias de criação e zagueiros que brilham no futebol europeu. Precisamos para pensar em como melhorar nosso futebol, somos pentacampeões mundiais e um berçário de craques.

4-2-2-2 básico

Infelizmente, não basta os times brasileiros mudarem o posicionamento dos jogadores amanhã e resolver o problema. Os técnicos armam os times nessa formação porque os jogadores aprendem desde a base a jogar no 4-4-2. Chegam viciados nos profissionais: Volante só dá porrada, atacante só aprende a chutar e cabecear, etc..

Um adendo. Hoje no Brasil o esquema em maior utilização é o 4-2-3-1. Com o passar do tempo o nosso 4-2-2-2 esta sendo deixado para trás. As variações são imensas. Antigamente o Brasil lembrava a Holanda em que era decreto jogar no 4-3-3 e aqui no 4-4-2 ou 3-5-2. Tenho certeza que Frank de Boer não conhece nosso campeonato brasileiro, mas esta colocação do 4-2-2-2 nos faz repensar algumas idéias.

O esquema brasileiro esta vivo e em maior utilização nas categorias de base. Pintou duvida de qual esquema usar? Adotam o 4-2-2-2. Ele serve como principio de posições de jogadores. É um bombeiro para todo treinador que assume uma equipe, pois todo jogador já passou por este esquema.

Lembrando também que faz tempo que nossa seleção não vence com o 4-2-2-2. Em 2002 utilizamos um 3-6-1. Alguns devem citar 1994, mas Dunga já declarou que Parreira utilizou um meio em duas linhas de quatro. Lembro muito do fracasso em 2006 com o quadrado mágico.

Alguns críticos consideram nosso 4-4-2 como feijão com arroz. Criticam os treinadores para fazer o simples. Mas e se o simples já não for o bastante? O futebol vem passando por fazes. Creio que estamos entre a faze física e tática. Já passamos pela técnica e pelas revoluções táticas, mas sempre nos levou a um esquema base em que todos o utlizavam. Hoje os clubes jogam em diferentes sistemas em qualquer canto do planeta.

Para montar uma boa equipe o esquema é essencial para colocar os melhores em campo, uma equipe equilibrada é sinal de vitoria.

Abaixo entevista do iG com Frank de Boer.

iG: E o que você sabe sobre o Palmeiras, adversário no próximo sábado?

Frank de Boer: 
Realmente, não sei muita coisa. Eu vi uma jogo contra o Santos, que eles perderam por 1 a 0. O que foi uma surpresa é que eles jogam no esquema 4-4-2, com um quadrado no meio, com dois volantes defensivos, dois meias mais à frente e dois atacantes abertos. Depois me disseram que muitos times brasileiros jogam assim. É um sistema que não se usa mais na Europa. Vai ser interessante jogar contra. Atuamos no 4-3-3, que é o esquema hoje mais usado na Europa.

iG: Você acha o esquema 4-4-2 muito antiquado?

Frank de Boer:
Não diria isso, mas não é mais usado na Europa. E também não é o jeito brasileiro de jogar que a gente imagina. Claro, depende da qualidade dos jogadores que você tem. Eu sei que o público do Brasil é muito crítico sobre jogar de forma defensiva. No Ajax é o mesmo. Se você vence, mas sem dar espetáculo, as pessoas continuam tristes. Na Itália, eles não estão nem ai, o resultado é o importante. O 4-4-2 pode ser atrativo, mas depende de como fazemos. Nós jogamos no 4-3-3, nunca no 4-4-2. Nós, na Holanda, fazíamos isso desde 1974, antes do Barcelona, viu? (risos) É a nossa filosofia.

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