Neste domingo o Inter sagrou-se campeão da Taça Farroupilha.
O jogo por si só é tenso, Gre-Nal repleto de fatos inusitados. Primeiro por
Luxemburgo não divulgar a escalação do tricolor e, optou por pagar multa.
Segundo, novamente Luxemburgo, arrumou rixa com gandula e acabou sendo expulso.
O Inter manteve seu jogo e não se deixou abalar pelos fatos ocorridos, vitoria
merecida.
Dorival Junior segue
com seu 4-2-3-1. Se contra o Fluminense, Dorival já não tinha jogadores à
disposição, contra o Grêmio só piorou. Oscar e D’Alessandro sem previsão para
voltar, mas o comandante colorado não contava com ausências de Dagoberto e
Kleber, lesionados na partida anterior. Nei estava suspenso e também não foi a
campo. Com tantos desfalques a dinâmica de jogo ficou prejudicada, o estilo de
jogo já na era o mesmo. Dorival primeiro defendeu para depois atacar.
Luxemburgo inventou neste Gre-Nal. Armou sua equipe no 4-3-3
sem criação, objetivo, mas sem conclusões a gol. Um time que acelera o jogo no
meio campo, apenas com passes laterais, porém sem atacantes com “faro” de gol.
O time como um conjunto era previsível e facilmente marcado, primeiro tempo
acabou sem finalizações a gol, apenas uma intervenção de Muriel.
Diagrama tático. Inter 4-2-3-1, Grêmio 4-3-3. Setas pretas movimentos ofensivos, amarelas defensivos. |
Inicialmente a proposta de jogo do Grêmio era interessante,
pois jogava pelos flancos e com velocidade. Com o tempo se tornou uma jogada
manjada e facilmente manipulada pelo Inter. O primeiro passe era de Fernando,
este procurava os laterais – Gabriel e Pará -, ou meias – Souza e Marco Antônio
- do triangulo de base alta. Estes com posse de bola aceleravam o passe a
frente. Eis aqui o ápice do ataque tricolor. Miralles na esquerda tinha como
principal função ser um atacante que saía do flanco e fazia diagonal ao centro,
perdeu TODAS contra Jackson. Bertoglio do outro lado, jogava mais pelo centro
do que na ponta, sempre em velocidade e, invariavelmente semelhante a Miralles,
perdendo TODAS para a zaga. André Lima não viu a cor da bola, a bola não
chegava e, André foi pífio. Ambos os atacantes abriam corredor para o lateral,
porém Gabriel pela direita não cruza uma bola na área e Para é destro jogando
na esquerda, precisa enquadrar o corpo para cruzar. Sem contar que laterais não
tinham apoio para tabelar de atacantes ou meias.
Souza foi um meia plantado pela direita, não atacou. Marco
Antônio só jogava com bola no pé, apenas lançava Miralles em velocidade pelo
corredor direito.
Flagrante tático. Grêmio no 4-3-3. |
Inter primeiramente defendia, por sinal muito bem. Dorival
pôs Datolo e Tinga como wingers, estes acompanhavam os laterais do tricolor e,
jogavam as suas costas. Então, ou o lateral apoiava, ou guarnecia, pois era
certo que Tinga/Datolo jogariam as suas costas. Pois bem, Datolo e Fabricio
deitaram para cima de Gabriel, as tabelas em profundidade sempre levaram perigo
ao gol de Victor. Jajá pelo centro usava de seu porte físico para fazer pivô e
girar sobre seu marcador. Tinga jogando pela direita não era ponta, mas sim um
meia que se aproximava de Jajá, ate porque Tinga não tinha o apoio de Jackson.
Flagrante tático. Inter no 4-2-3-1. |
Porque o Inter anulou o Grêmio? Dorival armou sobra
defensiva que fazia com que a defesa tivesse um homem a mais em relação ao
ataque. Jackson, Moledo, Indio e Sandro Silva x Miralles, Bertoglio e André
Lima, um 4x3 em favor do Inter. Impressionante foi que todos defensores tiveram
vitoria pessoal contra os atacantes. Guiñazu era o volante caçador, saía para
dar o bote e recuperar a posse de bola, Sandro Silva o volante plantado.
Fabricio o lateral que apoiava e fazia dobradinha com Datolo.
Sem bola o Grêmio tinha uma variação. Bertoglio recuava e se
tornava ponta-de-lança, deixava de ser ponta, esquema saía do 4-3-3 para 4-4-2
losango. Porém, o argentino não acompanhava ninguém, apenas fazia volume no
meio campo. Esta variação de esquema tinha como intuito diminuir o volume
colorado no meio, pois eram 5 colorados contra 3 gremistas.
Flagrante tático. Grêmio no 4-4-2 losango com recuo de Bertoglio. |
O Inter com bola demorou em levar perigo a Victor. A troca
de passes não conseguia abrir o sistema defensivo tricolor. Aos poucos o Inter
foi descobrindo que o caminho do ouro era com bola aérea. Leandro Damião sempre
conseguiu vitoria contra os zagueiros. Em um destes lances saiu o gol. Tinga
cruzou, Damião dominou, Gabriel tentou cortar de letra, a bola sobrou para
Datolo em chute cruzado abrir o placar.
Com gol sofrido o Grêmio passou a pressionar a linha de
defesa colorada. O tridente ofensivo pressionava os zagueiros para que estes,
acuados, errassem a saída de bola. O resultado saiu no segundo tempo.
Segundo Tempo
Precisando empatar, Luxemburgo mudou durante o intervalo.
Saíram os apagados André Lima e Miralles, para entrar Marcelo Moreno e
Marquinhos, respectivamente. Luxa espelhou o esquema colorado, 4-2-3-1 com
encaixe de marcação. Os volantes foram Souza na direita e Fernando na esquerda.
Meias, Marco Antônio na direita, Marquinhos pelo centro e Bertoglio na
esquerda. No ataque o solitário Marcelo Moreno.
Flagrante tático. Grêmio espelhando o Inter no 4-2-3-1. |
A proposta de jogo tricolor era ainda mais definida, jogar
pelos lados do campo e tão somente ali. Desde o inicio do jogo o Grêmio
adiantou sua equipe e empurrou o Inter para seu campo, porém o Grêmio pouco
finalizava.
O Grêmio passou a jogar pela direita e “esqueceu” o lado
esquerdo. Porém o que já era ruim ficou pior. O time apenas trocava passes
laterais, evoluía com muito custo. As dobradinhas entre: Pará/Bertoglio e
Gabriel/Marco Antônio eram de baixa qualidade, pouco se aproveitava. Marquinhos
joga apenas com bola no pé.
O Inter mesmo acuado em seu campo não demonstrou
instabilidade no setor defensivo. Os wingers auxiliavam os laterais na marcação
pelos lados e estando muito atrás, a transição era lenta. A única tentativa era
de rifar bola para o ataque e encontrar Leandro Damião.
Gol! Tricolor empata aos 10 minutos. Fernando cobra bala na
trave e no rebote, Werley marca, tudo igual.
Divisor de águas. Aos 19, o gandula ajeitou a bola para
cobrança rápida de Dátolo e o juiz anulou a cobrança. Só que Luxemburgo saiu
enfurecido para cima do gandula, o que gerou empurrões e um princípio de
confusão que resultou na expulsão do treinador gremista.
Porque divisor de águas? Pós-confusão de Luxa, o Grêmio se
perdeu. O s quatro minutos de parada favoreceram ao colorado. O tricolor não
encontrou mais espaços para jogar e ainda viu o Inter crescer na partida.
Dorival faz primeira mudança. Sai Datolo, entre Jô. O time
ganha em porte físico e bola aérea. Com Jô em campo o time fica dependente de
apenas Fabricio pelo flanco, pois na direita ninguém ocupou este espaço. Segue
o 4-2-3-1, porém ainda mais afunilado.
Diagrama tático. Grêmio e Inter no 4-2-3-1. |
Ate parece que o empate serviria ao Grêmio. O time recuou e
não tinha mais forças de se organizar ofensivamente.
Gol! Inter novamente a frente do placar. Jajá cobra
escanteio e encontra a cabeça de Fabricio. Belo gol que definiu o clássico.
Sem Luxemburgo no banco, André Lima ficou a beirada do
gramado durante alguns minutos. O centroavante recebeu ordens e chamou Leandro.
O garoto entrou no lugar de Bertoglio. Segue o 4-2-3-1 com inversão de Leandro
com Marco Antônio.
A vantagem deu moral ao Inter. A equipe ganhou as ações de
jogo e seguiu no campo ofensivo. De fora da área, Jajá e Leandro Damião ainda
tiveram chances de ampliar o placar. No final Dorival substituiu Jajá por
Bolatti.
Mais uma boa análise tática do jogo. Só faltou posicionar os gandulas no plano tático, já que geraram tanta polêmica.
Vamos ver como fica o Inter jogando com o Oscar de volta; penso que o plano é sacar o Jajá e manter o 4-2-3-1 com Dátolo, Oscar e Tinga na linha de 3. Veremos nos próximos jogos.
Abraço.