Imaginem um louco comandar um time de futebol. Este seria repleto de utopias, jogadas inimagináveis, ofensividade e condenado por todos. Bom, acredito que condenado no Brasil, quem sabe até internado em algum instituto psiquiátrico. Pois bem, na Espanha o futebol bem jogado e que valoriza as canteras, é quase que obrigação. Loco Bielsa arma seu time com paixão, bravura e um pitaco de loucura. Os ideais do treinador combinam com o País Basco onde se encontra o Athletic de Bilbao.
Este futebol objetivo e que encanta a Uefa Europa League já tinha chamado atenção de Pep Guardiola, treinador do Barcelona, que admira as ideias do argentino.
O jogo de hoje tinha tudo para terminar no merecido 1x0 em favor do Bilbao, mas o destino quis que os portugueses virassem e aquecessem o jogo da volta no País Basco.
Loco Bielsa arma seu time no 4-3-3 com intensa movimentação e sempre explorando os lados do campo. Uma pequena variação de esquema é utilizada em certos momentos. O volante do triangulo de base alta recua e se torna um zagueiro, formando assim um 3-4-3. O time lembra o Barcelona por dominar o adversário, ter posse de bola e ser extremamente objetivo.
Flagrante tático. Bilbao no 4-3-3 |
O Bilbao tem como objetivo sempre ter a posse de bola e agredir o adversário. A pressão em logo recuperar a bola pode ser confundida em marcação individual, não é. Os jogadores fazem o presseing no adversário, reduzem espaço e os forçam ao erro. Com encaixe bem feito, os jogadores sempre estavam próximos aos adversários de sua zona. Recebia maior pressão o jogador com bola e aqueles que se apresentavam em cada momento como opção de passe.
Logo ao recuperar a posse de bola o time tenta encontrar espaço pelos lados do campo, o passe curto geralmente sai do lateral procurando o ponta. Após passar a linha de meio campo as linhas se adiantam e logo tomam conta do campo adversario. Normalmente com cinco jogadores ou mais. Passes curtos sempre pelos flancos. Movimentos ofensivos sempre com toques rápidos, infiltrações, triangulações contando com: lateral, ponta e meia.
Flagrante tático. Bilbao com cinco homens no campo de ataque e jogando pelo lado do campo. |
Iturraspe foi o volante do triangulo de base alta que recuava e se tornava um terceiro zagueiro pela direita para os laterais apoiarem simultaneamente. Os laterais passam, os pontas ingressam na área e o cruzamento procurando Llorente mais os dois pontas é utilizado. O apoio dos laterais gera triangulo, já citados. Estes triângulos é que fazem a pressão no adversário, mesmo que não recuperem a posse de bola, mas geram tempo na recomposição dos demais.
Quando o adversário consegue passar a pressão do Bilbao o posicionamento defensivo efetivo era com NOVE jogadores. Sistema defensivo que já contava com primeira linha e Iturraspe recuando para se tornar um terceiro zagueiro, era auxiliado pelos pontas recuavam fechando os lados do campo, meias recuavam fazendo volume na faixa central. Todos marcando e dando bote no adversário.
Flagrante tático. Bilbao com nove jogadores em campo defensivo. Momento de transição, Iturraspe se tornando terceiro zagueiro. |
Posse de bola era sempre agressiva, os toques curtos eram facilitados por sempre ter um companheiro próximo. O único que se abstinha de tocar e fazer os jogadores rodarem era Llorente que é um centroavante de área. Nesta partida, em especial, Muniain e Herrera foram discretos, não tiveram prestação de outros jogos. Com lado esquerdo do campo comprometido ofensivamente o Bilbao sempre jogou pela direita, Iraola e Susaeta sempre foram agressivos e causaram problemas a zaga do Sporting.
O que me impressionou foi o bate cabeça na zaga do Bilbao. O sistema defensivo se perdeu nos últimos dez minutos. O feitiço virou contra o feiticeiro, acostumado em pressionar o adversário o Athletic se perdeu ao ser pressionado, a zaga sofreu e vazou. Faltou cobertura do meio campo e pontas, passes errados fornecendo a posse de bola perto de Iraizoz e assim o Sporting virou.
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