No atual cenário do futebol moderno, jogadores bem condicionados fisicamente decidem jogos. Clubes priorizam na sua formação futuros atletas com maior capacidade física do que técnica. Não é aceitável, hoje, ter onze jogadores nanicos, mas geniais, agora ter onze “fortões” que ganham todas divididas é necessário. O futebol esta perdendo sua essência, temos de reencontra-la antes que seja tarde demais.
O grande marketing do “futebol halterofilista” foi na Copa da África do Sul. Seleções africanas esbanjaram força e excelência no condicionamento físico. Curiosidade é que todas as seleções africanas deixaram a desejar. O bom futebol espanhol conquistou a Copa do Mundo enchendo os olhos de críticos. Vale ressaltar que nossa “querida” seleção, comandada por Dunga, praticava algo parecido com o futebol força.
Não serei hipócrita e chegar ao ponto de banir o reforço muscular em jogadores de futebol, a final são atletas de alto rendimento. Acredito que um meio termo é possível. Todo ser humano possui seus limites, ultrapassa-lo pode ser um caminho sem volta. Uma lesão pode alavancar outras mais e assim se torna um caminhão lomba a baixo.
Jogadores de futebol já trabalham com sobrecarga aos músculos, tendões e ossos. Somando a sobrecarga para ganho de massa, o que compromete o equilíbrio do corpo. Logo surgem as primeiras lesões nos joelhos, tornozelos e a rápida perda de rendimento a partir dos 30 anos. Pode acontecer que este reforço muscular não acarrete problemas, mas é em uma parcela mínima.
O que me incentivou a tratar deste assunto? O caso Pato. É lamentável o que acontece com Alexandre Pato de apenas 22 anos. O atleta já esta há dois anos penando para voltar a jogar futebol em alto nível e esquecer suas lesões. O jogador foi submetido a tratamento em diversos países, infelizmente sem efeito algum.
É assustador o que os números nos “falam”. Alexandre Pato saiu do Internacional aos 18 anos, desembarcou em Milão e durante o primeiro ano pouco jogou, estava passando por reforço muscular para se adaptar ao futebol europeu. Agora pasmem, em 2007 tinha apenas 60 kg, passado um ano o jogador já havia batido na casa dos 80 kg. Em um ano ganhou cerca de 1/3 de seu peso de origem só de músculos.
Uma pergunta que não quer calar. Em que tem beneficiado a Pato tanta massa muscular?
O que acontece com Pato não é novidade. Ronaldo Fenômeno ganhou massa muscular com tratamentos pouco convencionais na Holanda. Médicos afirmam que este tratamento culminou em suas duas lesões no joelho. Lesões estas que poderiam ter acabado precocemente com a carreira do Fenômeno. Inadmissível.
Daniel Carvalho chiou. Após sucessivos questionamentos por parte da imprensa sobre estar acima do peso, o jogador abriu o jogo. Tomava substancias desconhecidas e de fontes “milagrosas” que prometiam aumentar sua massa muscular rapidamente e sem efeitos colaterais. Esta seria a explicação do atleta por ter um corpo avantajado. Após alguns dias desmentiu tudo, mas não convenceu.
Na Itália dos '90 chegou a ser desconcertante: Vialli chegou à Juventus, após passar pelo Chelsea e, introduziu práticas nas quais os jogadores tinham eletrodos ligados assim para forçar o músculo a levantar o peso que o próprio corpo já não conseguia fazer.
Falcão no Internacional declarou que Oscar não tinha força física necessária para jogar no meio campo colorado, hoje, o atleta prova que é insubstituível e o Inter carece de Oscar em campo. Silas, quando treinou o Grêmio, declarou, de maneira infeliz, que Mario Fernandes precisava reforçar seu café da manhã.
Neymar quando apareceu em 2009 era franzino e frágil. Carecia de reforço muscular. Quando voltou em 2010 já estava melhor preparado para o futebol, já não era um palito. Passou por um trabalho de reforço muscular para bater de frente com zagueiros e obteve sucesso. Mas deve-se ressaltar que Neymar apenas ganhou massa para jogar e se destacar, não passou de seus limites.
O que deveria auxiliar no futebol moderno, esta infelizmente estragando nossos jogadores. A musculação é interligada ao futebol, sendo bem dosada se torna uma grande aliada.
Outro fato pertinente é o aproveitamento de jovens nas categorias de base. Avaliam nossos futuros craques se no futuro terão condições de suportarem certa carga muscular. Onde fica a avaliação do potencial técnico do jogador? Acredito que o futebol é e sempre serão as belas jogadas e não as horrendas dividias.
O futebol é extramente dependente das valências físicas. O que precisamos entender é que atletas não precisam ser apenas músculos. A genialidade do jogador deve falar mais alto. Repito. O futebol não nasceu em um concurso de fisiculturistas, mas sim no passe de trivela, ao aplicar o mais belo drible e na beleza de marcar um gol.