Este não é um simples confronto. Um duelo de titãs. O jogo de ida terminou com empate de zero a zero em Milão. Na Espanha o papo é outro, Barcelona dominando desde o inicio e como de costume, não deixando o adversário jogar. Merecida vitoria por três a um, mas os erros do arbitro a “estragaram”. Um time qualificado como o Barcelona não precisa da ajuda de um arbitro.
Pep Guardiola mudou sua equipe em relação ao jogo da Itália. Jogando em casa montou o time com postura ofensiva, seguindo a estrutura do time nas ultimas temporadas. Enquanto esteve no 3-4-3 o time variava para o 4-3-3 com triangulo de base alta no meio campo, graças ao recuo de Busquets. Guardiola apostou no 4-3-3 em definitivo após marcar seu segundo gol, recuou Daniel Alves e puxou Iniesta para ponta.
Allegri manteve a ideia tática do seu Milan. O losango no meio campo se manteve, 4-4-2 com tripé de volantes fazendo de tudo para frear os catalães. O maio enigma do Italiano era de como enfrentar o Barcelona a altura. Creio que ainda não descobrimos, mas vale ressaltar, que o Milan, quando agrediu o adversário criou problemas.
A iniciativa de propor o jogo foi sempre do Barcelona. Tudo que conhecemos dos catalães foi posto em pratica, a não ser uma exceção, infiltração. O time sempre jogou compactado, as linhas próximas sempre forneciam uma cobertura adequada e opções de passes próximas. Triangulações é normal, o contrario serial algo surpreendente. Passes curtos e passagens de jogadores sempre botavam o Barcelona a um passo do Milan, quando a marcação encostava a bola já não se encontrava neste lugar.
O Milan tinha uma proposta simples de jogo. Tentar explorar os erros do Barcelona e assim jogando no contra-ataque. O que pode resumir a possível retranca italiana é o fato do Milan ser extremamente dependente do individualista Ibrahimovic. Os laterais foram nulos nesta partida, ficaram presos “marcando” os pontas. Tripé de volantes encaixou marcação no meio campo do Barça e ficou mais preocupado em marca-los. Robinho em jogos importantes desaparece e neste não foi diferente.
Logo abaixo duas imagens que mostram o losango do Barcelona. Este sistema proposto é bem executado pela maioria dos jogadores. Xavi no jogo fez primeira função, recuou para criar. Iniesta já se adiantou e jogou como ponta-de-lança do losango. Fabregas rodou o campo, ponta, falso-9 e meia central. Busquets foi multi-uso, ora volantes, meia e até zagueiro.Percebam que outros pequenos losangos, ou pequenas sociedades, são formadas com facilidade. Exemplo: Trio de zagueiros mais Busquets. Na segunda imagem é possivel perceber outro com Iniesta e os dois atacantes.
Flagrante tático. 3-4-3 do Barcelona. |
Seguimento da foto anterior. losango completado por Iniesta. |
O Milan perseguia uma maneira de encaixar a marcação no Barcelona para frea-los. O embate de losangos aconteceu durante o jogo por inteiro. Ambrosini x Fabregas, Nocerino x Iniesta, Seedorf x Xavi e Boateng x Busquets. O lado direito do Barcelona foi mais agressivo e encontrou espaço as costas de Seedorf que não acompanhava Xavi. Na direita, Dani Alves, Xavi e, ora Messi, ora Fabregas encontravam espaço para triangular e envolver o adversário. Outros embates aconteceram: Antonini x Dani Alves; Abate x Cuenca; Mexes e Nesta x Messi. Além de Ibra e Robinho contra os três defensores do Barcelona.
Flagrante tático. Sobreposição de losangos. Em preto o Barcelona, vermelho o Milan. |
Variação entre os times. O Milan quando em posicionamento defensivo, abalroado em seu campo, se postava no 4-3-2-1 (arvore de natal) graças ao recuo de Robinho. O Barcelona variava entre 3-4-3 e 4-3-3, Busquets recuava e empurrava Puyol e Mascherano para as laterais assim formando o 4-3-3. Daniel Alves recuava para auxiliar o time na recomposição defensiva.
Flagrante tático. Milan defendendo no 4-3-2-1 arvore de natal. |
O principal “defeito”, se é que existe, deste Barcelona é o fato de finalizarem apenas dentro da área, ou ate só da pequena área. Neste jogo os pontas ficaram mais nas beiradas e pouco ingressaram na grande área, complicando para Messi e Cia. Apesar destas “dificuldades” o Barcelona entrava a toques curtos na área adversária.
Gols? Sim. Para os catalães dois pênaltis, um deles discutível, há quem diga os dois. Apesar dos gols saírem de bola parada a supremacia do Barça foi imensa, só no primeiro tempo foram 9 conclusões a gols contra apenas UMA do adversário. Milan chutou uma única vez e guardou seu tento em uma rápida jogada, Nocerino marcou o gol.
Após segundo gol, Guardiola decidiu deixar a equipe em definitivo no 4-3-3.
Flagrante tático. Logo após marcar o segundo gol o Barcelona já se posta no 4-3-3. |
Segundo Tempo
Guardiola tinha ensaiado uma mudança, tática, quando sua equipe marcou o segundo gol. Para segunda etapa ela se confirmou. O 4-3-3 veio para ficar ate o final do jogo. Porém, Daniel Alves voltou a ser lateral, Cuenca saiu da ponta esquerda para direita e, Iniesta saiu do triangulo de base alta no meio para a ponta esquerda.
Flagrante tático. Barcelona no 4-3-3 em definitivo. |
O Milan se manteve no 4-4-2 losango. A principal diferença em relação ao primeiro tempo foi uma tentativa de se impor no jogo. A equipe passou a explorar as linhas adiantadas do Barcelona. O passe em profundidade sempre dificultou a defesa catalã, porém, Ibrahimovic seguiu o homem de um exercito só. Não estou afirmando que Ibra fez grande partida, apenas que não recebia o apoio de seus companheiros.
Enquanto o Milan atacava com no máximo quatro homens, o Barcelona dava uma aula de como organizar os movimentos ofensivos. A troca de posição, passagens, toques envolventes e avanço em sincronia parecia uma sinfonia digna de Beethoven. Se ainda não mencionei, não posso deixar passar. A marcação do time espanhol. Incrível. O pressing exercido no adversário o deixa atordoado, os homens de frente logo cercam quem esta com a bola e diminuem suas opções de passe.
A pá de cal. Messi arrancou em velocidade, chutou, a bola desviou e sobrou para Iniesta decretar o 3x1.
Substituições. Milan e Barcelona mudaram entre os 15 minutos e 18. No Milan, saiu Seedorf e entrou Aquilani, o esquema se mantém. No Barcelona, saiu Xavi, entrou Thiago Alcântara, exerceu mesma função que Xavi e nada mudou.
Em desvantagem o Milan foi para o tudo ou nada. Tentou marcação mais a frente, passes em diagonal procurando o ataque. Tentar era preciso, mas não de maneira equivocada, pois no menor erro o “bote” adversário seria falal.
Urucubaca. Pato ficou apenas 14 minutos em campo. Ingressou no lugar de Boateng. O esquema continuou o mesmo, Robinho recuou para ser o trequartista. Porém, Pato sentiu nova lesão e teve de sair, Maxi Lopez entrou no lugar do brasileiro.
Lesão também no Barça. Pique sentiu e teve de sair. Adriano entrou no seu lugar. Adriano passou a ser o lateral esquerdo, Puyol e Mascherano os zagueiros e, Daniel Alves na lateral direita.
Barcelona passa para a próxima fase merecidamente. Hoje é difícil encontrar algum clube que possa enfrenta-lo em grande nível. Os comandados de Pep Guardiola continuam favoritos, se irão confirmar são outros quinhentos.