O falso losango colorado. As faces do Inter contra Portuguesa


O atual treinador colorado é incoerente ou admite ter escalado o time erroneamente ao, corriqueiramente, ter de modificar o time logo no intervalo? Acredito que não. Fernandão desponta uma nova formada de treinadores, até então, com caráter e leitura de jogo para modificar seu time com o andar da carruagem. 
Aos que desejam conhecer o potencial do treinador, sugiro escutar suas entrevistas coletivas, são verdadeiras análises táticas e estratégicas pós-jogo.

Inter não mudou seu esquema de jogo, mas alternou sua maneira e estratégia de como jogar. Segue o losango colorado, ou, nesta partida, com ares de 4-3-1-2. Qual o grande diferencial para tal reação no estilo proposto de colorado? Forlán como elo de ligação entre meio e ataque e, dois avantes de referencia fincados a frente. Resultado pela falta de um meio-campista nato? Meio campo e ataque distantes e Inter longe do losango desejado, consequentemente ligação direta corriqueiramente.

Flagrante tático. Inter postado no falso losango.

Nada de surpresas na primeira linha defensiva ou triangulo de base alta no meio. A mudança esteve presente no tridente ofensivo. Forlán relembrou sua função de enganche com a celeste uruguaia atuando próximo aos atacantes, o uruguaio não conseguiu desempenhar tal função com maestria, pois ainda carece de explosão muscular para romper linha de meio campo e encostar nos atacantes. Leandro Damião e Rafael Moura formaram dupla de ataque, naturalmente, sem sintonia e abastecidos erroneamente, pois, são centroavantes de imposição, altura, cabaceio, e esta característica não foram exploradas.

Losango com ares de 4-3-1-2. A simples movimentação, melhor, falta dela, de Elton e Guiñazu resultou em um falso losango, pois, ambos não foram carrilleros, ou Box-to-box. A função de carrillero/box-to-box é essencial para o losango, lhes convido a entender o Box-to-box: “Box-to-box é uma referência ao jogador que faz, no meio-campo central, o "vai-vem". Box significa área, em inglês, portanto a tradução é "de área a área". A definição é claríssima: o jogador que sem a bola posiciona-se defensivamente à frente da própria área, e quando a equipe recupera a bola aproxima-se dos atacantes, nos arredores da área adversária. Atuar nos dois campos é prerrogativa básica desta tática individual.”.

A exemplo de Fred, Forlán não foi um clássico camisa 10 – Riquelme, D’Alessandro -, longe disto, ambos possuem claras características de jogar dos três quartos do campo para frente. O uruguaio começou o jogo centralizado e com movimentação restrita, aproximando aos atacantes. Além disto, o Inter priorizou um estilo de criação descentralizada: pelo fato de não ter alguém na organização e/ou criação, jogadas se articulam de forma coletiva, geralmente pelos lados.
Porém, não havia triangulações pelos lados do campo com lateral e carrillero. Por ter dois centroavantes exímios cabeceadores, muitos, inclusivo eu, esperava um Inter explorando a bola aérea, mas, dificilmente os laterais foram à linha de fundo. A criação era descentralizada, o estilo de jogo pelas laterais, entretanto a lógica não acontecia, os jogadores centralizavam a bola para pivô – giro ou proteção para servir quem vem de trás - do centroavante e deixavam o cruzamento de lado.

Falando em pivô, parede, Rafael Moura e Leandro Damião executam bem este movimento, portanto, a transição ofensiva colorada pleiteava a ligação direta com ambos.
Outro fato que da subsidio a transição ofensiva direta sempre procurando Leandro Damião ou Rafael Moura deve-se a Forlán não ser armador. Muitas destas bolas não tinham intuito de encontrar os avantes, apenas desabafar/quebrar a frente o que dificultava o trabalha dos homens de frente.

O losango não fluiu por um simples fato: ausência de sintonia, parceria entre lateral e carrillero. Esta “pane” no sistema ofensivo colorado tem nome e sobrenome: Marcelo Cordeiro. O lateral luso sempre apoiou e explorou o flanco esquerdo, as costas do lateral Nei. O Inter até iniciou jogando preferencialmente pela direita, mas, os espaços cedidos a Cordeiro resultavam em uma avenida as costas de Nei e um forte contra-ataque a Lusa.
A engrenagem que não fluiu neste contexto foi o “losango” formado no meio campo. Além do bate-volta resultado da ligação direta entre defesa e ataque, outro agravante foi a falta de basculação do tripé de volantes. Ygor pelo centro, Elton pela direita e Guiñazu pela esquerda atuaram muito centralizados, não cobriam o corredor e deixavam lateral no mano-a-mano.

Flagrante tático. "Pane" colorada. O Inter cede espaço pelos flancos a Marcelo Cordeiro. Triangulo de base alta de volantes marcam por dentro.

Além desta “pane” no sistema defensivo, a Portuguesa tramou uma armadilha perante marcação gaúcha. A lusa armava o jogo por um dos lados do campo, chamava o Inter para este lado e, quando o Inter estava pendulo para este lado, rodava por bloco baixo invertendo a bola e encontrando espaço pelos lados do campo.

O que fez Fernandão? Plantou Nei como terceiro zagueiro pela direita, Bolivar na sobra e Indio pela esquerda, Elton passou a ser o ala pela direita e Kleber pela esquerda. O Inter saiu do falso losango para o 3-4-1-2.

A lusa não apenas sabia contra-atacar, também marcava e não cedia espaços ao Inter. O jogo se tornou um embate de meio campo, bolas batendo e voltando no setor intermediário. Os avantes do Inter tinham de sair da grande área para buscar o jogo, pois, a marcação individual do tridente ofensivo colorado prejudicava qualquer investida. Marcação Portuguesa: Boquita, volante pelo centro, grudou em Forlán, na primeira etapa o uruguaio esteve mais retido pelo centro e facilitou marcação; Valdomiro e Gustava revezando na marcação individual em Leandro Damião e Rafael Moura; Ferdinando na sobra.

Novamente o intervalo

Fernandão não esperou a regra dos quinze minutos iniciais do segundo tempo para alterar sua equipe. O treinador colorado decidiu logo mudar ainda no final do primeiro tempo, não com substituições e sim com funções e alteração de esquema. O “losango” deu lugar ao 3-4-1-2, na segunda etapa com troca de peças e esquema com três zagueiros assumido forma clara e definida.

A mudança foi Élton, volante e com cartão amarelo, por Juan, estreante da tarde. O esquema passou a ser formado da seguinte maneira: três zagueiros, Juan pelo lado direito, Bolivar na sobra e Índio pelo lado esquerdo; formando segunda linha, Nei pela ala direita, Ygor e Guiñazu na volancia e Kléber fechando linha de quatro pela ala esquerda; Forlán o “1” e desempenhando função semelhante do primeiro tempo; Leandro Damião e Rafael Moura compondo linha de ataque.
O que mudou? O sistema defensivo gaúcho. O Inter passou a jogar com sobra, não deixou espaços pelas beiradas do campo e ainda conseguiu explorar estas mesmas beiradas com laterais mais presentes no campo ofensivo.
A troca de esquema resultou na alteração de marcação adversária, a Lusa deixou de marcação individualmente o tridente ofensivo colorado e passou a marcar por zona. Forlán teve mais espaço para se movimentar e não tinha alguém grudado em seu cangote.

Flagrante tático. 3-4-2-1 do segundo tempo.

Na primeira etapa o Inter quem ditava o ritmo de jogo e tinha maior posse de bola. Com mudança de esquema as perspectivas alternaram. A lusa passou a ter maior posse de bola e o colorado passou a acelerar ainda mais suas transições ofensivas pelas beiradas do campo com alas.

Com esta mudança o Inter sanou seus problemas defensivos, mas seguiu sem criação de jogadas ou oportunidades ofensivas. Fernandão finalmente acerta em cheio. O treinador retirou Rafael Moura e pôs Fred, assim, Forlán passou a ser atacante ao lado de Leandro Damião e Fred o “1” entre meio e ataque. Com esta substituição as melancias estavam acomodadas. Forlán passou a ser o atacante de movimentação que o time não tinha com Rafael Moura e Fred, o meia com explosão para vir de trás. Seguiu o 3-4-1-2, mas encaixado e agressivo.

Não acredito que Fernandão seguira com este 3-4-1-2. O esquema utilizado foi emergencial. Para o Gre-Nal o losango deve seguir.

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