Mano Menezes surpreendeu ao sacar Hulk – “atacante” -, um
dos atletas acima da idade olímpica, e optar por Alex Sandro – jogador versátil,
lateral/meia. A escolha por Hulk não se confirmou, mas é facilmente explicar o porquê:
A alcunha de Hulk não é por mero acaso, o atual jogador do Chelsea possui vigor
físico de causar inveja e, sabidamente, os Jogos Olímpicos tratam-se de uma
competição sub-23, imaginava-se que Hulk teria ampla vantagem física. Não se confirmou,
mas a iniciativa foi valida.
Não é uma simples troca de nomes. Mano, aparentemente, tinha como base o
4-2-3-1, porém a instabilidade defensiva obrigou o treinador a procurar outros
meios para defender com maior eficácia. Mano rodou por alguns sistemas, mas,
curiosamente, sempre tinha como base ao defender o 4-4-2 em duas linhas. Será
que Mano foi tomado pelo clima Londrino e homenageou o país com um esquema
tipicamente Inglês?
Um aviso para quem, ainda, não conhece Mano Menezes, o
treinador é gaucho e com formação tipicamente do sul. O que seria uma formação
sulista? Existem duas escolas que imperam no Rio Grande do Sul: O futebol força
de imposição de Osvaldo Rolla (Foguinho); Futebol arte de Enio Andrade. Dois treinadores
de renome que marcaram época no estado por divergirem na maneira de jogador futebol.
Acredito que Mano tem suas raízes em Foguinho, mas não é fixo a estas ideias.
Acredito que Mano tem suas raízes em Foguinho, mas não é fixo a estas ideias.
Teté, autor da seguinte frase, no tempo em que as bolas
de futebol eram de couro: “Bola é feita
de couro. Couro vem do boi. Boi gosta de grama. Portanto, a bola tem rolar
junto à grama”. De certa forma, Teté era um precursor de Ênio Andrade.
Após esta breve introdução, vamos à partida.
Mano saiu do 4-2-3-1 e apostou em um hibrido, ou variação de
esquemas com e sem bola. Sem posse de bola a seleção aparentava um 4-4-2 em duas linhas em posicionamento defensivo. Ao tomar a bola Oscar aproximava de
Leandro Damião e Neymar, o 4-3-3 tomava forma.
4-4-2: Esta formação tomava forma quando Oscar recuava e alinhava-se ao tripé de volantes. Uma segunda linha de quatro era formada com Alex Sandro abrindo e cobrindo o corredor esquerdo, deixando Sandro e Rômulo frente aos zagueiros. Neymar e Leandro Damião não participavam das manobras defensivas, ficavam a frente a postos para contra-ataque direto, ou seja, pouca troca de passes.
4-4-2: Esta formação tomava forma quando Oscar recuava e alinhava-se ao tripé de volantes. Uma segunda linha de quatro era formada com Alex Sandro abrindo e cobrindo o corredor esquerdo, deixando Sandro e Rômulo frente aos zagueiros. Neymar e Leandro Damião não participavam das manobras defensivas, ficavam a frente a postos para contra-ataque direto, ou seja, pouca troca de passes.
Flagrante tático. Brasil iniciando movimentação para 4-4-2 em duas linhas. Oscar deslocando-se para cobrir corredor direito e Alex Sandro já posicionado aberto na esquerda. |
Além do 4-4-2 em duas linhas, a seleção usou o 4-4-2 em quadrado com Oscar e Alex Sandro atuando por dentro e fechando a faixa central.
Flagrante tático. Movimentação rara do Brasil, mas existente. 4-4-2 em quadrado - 4-2-2-2 - com Oscar e Alex Sandro alinhados frente aos volantes. |
4-3-2-1: Esquema com maior déficit de marcação. Em contrapartida, foi pouco utilizado. Oscar e Neymar apenas recuavam alguns metros de Damião. Ambos não recuavam a tal ponto de fechar os flancos, apenas faziam volume. Interprete como arvore de natal ou ponta de flecha, este ficou devendo ao defender.
Flagrante tático. Brasil defendendo postado no 4-3-2-1 com Oscar e Neymar apenas fazendo numero no campo defensivo. |
4-3-3: O simples avanço de Neymar e Oscar fazia com que este 4-3-3 tomasse corpo. Alias 4-3-3 diferente do que estamos acostumados, pois na há a figura de um meia de criação no triangulo de base alta no meio campo. Sandro fica como primeiro volante, Rômulo e Alex Sandro cobrem o flanco e fornecem subsidio para passagem do lateral pelo corredor. É um 4-3-3 especifico para contra-ataques, pois, quando teve que propor o jogo, a movimentação restrita e “acimentada”, obriga os zagueiros a ligação direta para o ataque.
Não somente ao atacar, mas ao defender "atacando" o adversário. O 4-3-3 tinha intensa movimentação do tridente ofensivo ao marcar e incitar o adversário ao erro, não ha posições fixas ao aproximar do adversário, cerca quem esta mais próximo.
Flagrante tático. 4-3-3 com inversão de Leandro Damião e Oscar. Brasil cria superioridade numérica em pequena faixa do campo, Rômulo adianta para dar bote no adversário em campo intermédio. |
O estilo de jogo proposto pelo Brasil chamou atenção por ser
em contra-ataque. A dificuldade em propor o jogo e a fragilidade defensiva do
adversário ao ser pressionado ditou o ritmo da partida. A seleção de Mano
Menezes assumiu o risco ao defender em retenção: recuar, agrupar jogadores em
seu campo e marcar atrás da linha da bola, o Brasil ofereceu a posse de bola a
Coréia.
Porque tamanha dificuldade em propor o jogo? Simples. Não é
de hoje que a seleção demonstra carências ao enfrentar seleções postadas em
duas linhas de quatro, fechando e ocupando espaços e, principalmente, com adversário
marcando.
Se compararmos as duas seleções e suas maneiras de marcar, temos de saudar os coreanos. Os dez jogadores de linha marcam em conjunto e, como uma teia, cobrem todos os buracos possíveis.
Se compararmos as duas seleções e suas maneiras de marcar, temos de saudar os coreanos. Os dez jogadores de linha marcam em conjunto e, como uma teia, cobrem todos os buracos possíveis.
Flagrante tático. As duas linhas de quatro coreanas que dificultaram o ingresso a toques do Brasil. Reparem que são linhas compactas, próximas e sem buracos. |
O contra-ataque brasileiro foi diferente do que estamos
acostumados. Em posição intermediaria, o Brasil dosava suas tentativas de
encurralar o adversário e força-lo ao erro. Geralmente, as iniciativas tinham
maior volume em tiros de mete, cobranças de lateral e inicio da transição
ofensiva – construção de jogadas - adversária em campo intermediário ou
defensivo. Ou seja, Brasil jogou no erro forçado da Coreia. Os jogadores
coreanos não “quebravam” a bola, inocentemente, a perdiam e cediam sucessivos
contra-ataques em campo intermediário e defensiva – coreano.
O Brasil ensaiou um equilíbrio defensivo ao atacar em alguns momentos. Rafael ficava preso a lateral direita e liberava Rômulo a ir a frente pelo lado direito. Oscar rompia do lado para o centro abrindo corredor direito para Rômulo. Alex Sandro pelo lado esquerdo garantia apoio defensivo para Marcelo apoiar, o jogador do Porto guardava posição, abria para o corredor e deixava Marcelo fazer ultrapassagem.
Esta foi uma movimentação rápida, transição ofensiva, pois, dificilmente o Brasil tinha posicionamento ofensivo definido.
O Brasil ensaiou um equilíbrio defensivo ao atacar em alguns momentos. Rafael ficava preso a lateral direita e liberava Rômulo a ir a frente pelo lado direito. Oscar rompia do lado para o centro abrindo corredor direito para Rômulo. Alex Sandro pelo lado esquerdo garantia apoio defensivo para Marcelo apoiar, o jogador do Porto guardava posição, abria para o corredor e deixava Marcelo fazer ultrapassagem.
Esta foi uma movimentação rápida, transição ofensiva, pois, dificilmente o Brasil tinha posicionamento ofensivo definido.
Porque o contra-ataque era, preferencialmente, executado no
campo defensivo coreano? Dois fatos. Primeiro, fica mais perto do objetivo –
gol. Segundo, a fragilidade da linha defensiva brasileira fez Mano aderir a “três
volantes”, os problemas seguiram, então, para não dar chance ao erro, o Brasil não
deixava, ou dificultava, a Coreia de adentrar no campo defensivo.
A seleção vive de lampejos e segue inconstante. Não há um padrão defensivo ao marcar pressão no campo do adversário, pois, em diversos momentos um único jogador realização esta pressão resultando em desgaste desnecessário. Outra preocupação gira em torno do posicionamento defensivo de Sandro e Juan, ambos causam panico. Juan por sair a "caça" e nunca voltar com o coelho - bola. Sandro por não passar segurança aos zagueiros, errar passes ou tentar ligação direta oferecendo posse ao adversário.
A seleção vive de lampejos e segue inconstante. Não há um padrão defensivo ao marcar pressão no campo do adversário, pois, em diversos momentos um único jogador realização esta pressão resultando em desgaste desnecessário. Outra preocupação gira em torno do posicionamento defensivo de Sandro e Juan, ambos causam panico. Juan por sair a "caça" e nunca voltar com o coelho - bola. Sandro por não passar segurança aos zagueiros, errar passes ou tentar ligação direta oferecendo posse ao adversário.
Passamos trabalho com a Coréia? Na final não sera diferente. México atua em duas linhas, defende de maneira semelhante, a exemplo do Brasil nesta partida, opta por contra-atacar e tem mais cancha.