Abominável. É desta maneira que jornalistas, cronistas e
torcedores se dirigem ao sistema com três zagueiros no Brasil. De certa forma,
estão corretos. Importar algo por si só é complicado, imaginem importar um esquema
“novo”, e, obrigatoriamente, precisar adequar-se as minúcias e demandas
brasileiras. Importado de maneira equivocada, executado durante anos com estes mesmos erros, não há possibilidade de sucesso.
Pois bem, o 3-5-2, em sua essência, possui características claras, nós que o distorcemos. Sua essencial é ofensiva, nada semelhante ao “5-3-2” visto e terras tupiniquins, salvo raras exceções.
Pois bem, o 3-5-2, em sua essência, possui características claras, nós que o distorcemos. Sua essencial é ofensiva, nada semelhante ao “5-3-2” visto e terras tupiniquins, salvo raras exceções.
Neste post, irei passar algumas variações do 3-5-2 utilizado pela Udinese. Não que
seja ofensivo, empolgante, atrativo ou de encher os olhos, muito pelo
contrario, o esquema respeita “regras” do 3-5-2 e as aplica, hoje, pouco
inspirado. O italiano Francesco Guidolin conseguiu aplicar suas ideias e dar um
ritmo a sua equipe dentro das demandas do esquema.
Acima sempre citei a Udinese como praticante do 3-5-2,
propositalmente de maneira global e simplista, pois, se analisarmos a fundo, fica
nítido que a equipe possui um leque de variações e movimentações.
Esquema de maior uso durante partidas e pontapé de partida para demais variações é o 3-5-1-1 e 3-1-4-1-1, sim, cinco linhas. Sendo, hoje, formado por: goleiro Brkic; trio de zagueiros tendo Benatia pela direita, Domizzi como libero defensivo e Danilo pelo lado esquerdo; Willians volante cabeça de área ou cabeça de bagre mesmo, Basta e Armero pelas alas, Pereyra e Pinzi como legítimos “Box-to-box ou carrilleros”, pois atuam de área-a-areá; o “1” entre meio e ataque é Fabbrini; Di Natale o referencial no ataque.
Esquema de maior uso durante partidas e pontapé de partida para demais variações é o 3-5-1-1 e 3-1-4-1-1, sim, cinco linhas. Sendo, hoje, formado por: goleiro Brkic; trio de zagueiros tendo Benatia pela direita, Domizzi como libero defensivo e Danilo pelo lado esquerdo; Willians volante cabeça de área ou cabeça de bagre mesmo, Basta e Armero pelas alas, Pereyra e Pinzi como legítimos “Box-to-box ou carrilleros”, pois atuam de área-a-areá; o “1” entre meio e ataque é Fabbrini; Di Natale o referencial no ataque.
Flagrante tático. Udinese postada no 3-5-1-1 |
A Udinese opta por jogar em transição – contra-ataque. Tendo
o contra-ataque direto: pouca troca de passes, baseado na ligação direta e
sempre com passes verticais. Quanto contra-ataque combinado: este com maior
numero na troca de passes, sendo curto ou longo e ate recuando para,
posteriormente, avançar. A base para esta estratégia ser bem executada depende
de velocidade pelos flancos, “liga” entre atletas e Di Natale conseguir fazer pivo ou não estar, constantemente, impedido. A Udinese, como qualquer time, possui seu lado
“bom” e “ruim”. Em contra-ataques, estes lados tomam proporções ainda maiores. O flanco “bom” fica por conta do velocista Armero, o lado “ruim”
a cargo de Basta, jogador de maior entrega tática e leitura de jogo. Não estou
afirmando que um apoia ou defende menos que o outro, apenas constatando que
Armero é acionado com maior volúpia e Basta um legitimo "pau para toda obra".
A intensidade fica por conta das excessivas variações entre a linha de meio campo. Ora dividida em três linhas - 3-5-2 -, ora em quatro - 3-5-1-1 e abusando em cinco inimagináveis linhas com -3-1-4-1-1.
Quadros táticos da UEFA. Impensável Udinese em cinco linhas no 3-1-4-1-1 com Willians e Fabbrini entre linhas, ou 3-1-4-2. |
Como manda o gabarito
Duas características básicas de
esquemas com três zagueiros são perceptíveis na equipe italiana. Primeiro:
Como qualquer outra equipe que utiliza este sistema, atua com marcação
individual por setor, ou seja, cada um pega o seu quando cai em sua zona do
campo, dificilmente há perseguições individuais com jogadores atravessando o
campo para “pegar” seu adversário.
Segundo: Abdicar da posse de bola. Objetivo é o estilo de jogo adotado por Guidolin, logo que a bola é recuperada o passe a frente é especulado, seja ele direto ou saída curta, sendo assim, os passes errados tornam-se rotina.
A opção de posicionar-se atrás da linha da bola é outra estratégia para chamar o adversário, dar-lhe campo, oferecer a posse de bola e contra-atacar em seus vazios.
Segundo: Abdicar da posse de bola. Objetivo é o estilo de jogo adotado por Guidolin, logo que a bola é recuperada o passe a frente é especulado, seja ele direto ou saída curta, sendo assim, os passes errados tornam-se rotina.
A opção de posicionar-se atrás da linha da bola é outra estratégia para chamar o adversário, dar-lhe campo, oferecer a posse de bola e contra-atacar em seus vazios.
Flagrante tático. Postada defensivamente, Udinese define combates individuais e cria zona de superioridade numérica próxima a bola. |
Para explicar a diferença entre o tipo de marcação aplicado
no Brasil, apresento-lhes Eduardo Cecconi: “A marcação individual por função é praxe nos sistemas
sul-americanos com três zagueiros. Principalmente no Brasil.
Zagueiros perseguem atacantes (e/ou meias ofensivos), alas perseguem laterais,
volantes perseguem meias, meias perseguem volantes, e atacantes perseguem
zagueiros. Não se delimitam zonas de atuação sem a bola.
O que acontece quando toda sua equipe marca individualmente em todos os setores? Ela se desorganiza. Acompanhem: quando os adversários se movimentam, arrastam consigo suas ‘sombras’. Levam o marcador individual para onde quiserem. Quando a equipe recupera a bola, não há como prever qual o posicionamento dos atletas para a transição ofensiva. Eles estão onde os adversários os deixaram. Espalhados sem uma ordem. Por isso recorre-se tanto, nos 3-5-2′s à brasileira, à ligação direta. É preciso dar um ‘chutão’ para o atacante segurar a bola enquanto a equipe se reorganiza, abdicando da articulação curta pelo chão, inviabilizada em razão das perseguições.
O que acontece quando toda sua equipe marca individualmente em todos os setores? Ela se desorganiza. Acompanhem: quando os adversários se movimentam, arrastam consigo suas ‘sombras’. Levam o marcador individual para onde quiserem. Quando a equipe recupera a bola, não há como prever qual o posicionamento dos atletas para a transição ofensiva. Eles estão onde os adversários os deixaram. Espalhados sem uma ordem. Por isso recorre-se tanto, nos 3-5-2′s à brasileira, à ligação direta. É preciso dar um ‘chutão’ para o atacante segurar a bola enquanto a equipe se reorganiza, abdicando da articulação curta pelo chão, inviabilizada em razão das perseguições.
3-5-1-1, base: Esquema
utilizado na maior parte do tempo. Uma linha de cinco meio-campistas é formada
a frente do tridente de zagueiros. Porque o visualizamos em grande parte do
tempo? Simples. A Udinese opta por fornecer posse de bola ao adversário, marcar
em seu campo, portanto, em campo reduzido, consequentemente, as linhas ficam próximas.
Ressalto que estes 5 meio campitas agrupam-se em fase ofensiva, dificilmente atacam em conjunto.
Ressalto que estes 5 meio campitas agrupam-se em fase ofensiva, dificilmente atacam em conjunto.
Flagrante tático. 3-5-1-1 com cindo jogadores agrupados em faixa central. |
Variação para o
3-1-4-2: Geralmente quando equipe esta com posse de bola no campo de
ataque, ou, linha de meio-campistas adianta-se em relação aos zagueiros e um
dos meio campistas baixa para não gerar um vazio entre linhas, no primeiro
tempo, Willians foi este homem.
Ao atacar, sempre existe uma sobra com quatro homens: tridente de zagueiros mais um volantes, toma forma de losango. O apoio dos alas é simultâneo, já que o contra-ataque requer passagem de atletas em velocidade e, quanto mais opções de passe melhor. Além disto, Fabbrini aproxima de Di Natale e passa a atuar como atacante de movimentação pelos lados do campo.
A passagem dos alas é constante, tanto pelo flanco, quanto pelo centro. Os meias centrais Pereyra e Pinzi atuam como pendulou, ou, carrilleros, traçam um trilho no campo e são legítimos motorzinhos, aparecendo e ambas as áreas.
Ao atacar, sempre existe uma sobra com quatro homens: tridente de zagueiros mais um volantes, toma forma de losango. O apoio dos alas é simultâneo, já que o contra-ataque requer passagem de atletas em velocidade e, quanto mais opções de passe melhor. Além disto, Fabbrini aproxima de Di Natale e passa a atuar como atacante de movimentação pelos lados do campo.
A passagem dos alas é constante, tanto pelo flanco, quanto pelo centro. Os meias centrais Pereyra e Pinzi atuam como pendulou, ou, carrilleros, traçam um trilho no campo e são legítimos motorzinhos, aparecendo e ambas as áreas.
Flagrante tático. 3-1-4-2 com Willians baixando para ocupar espaço entre defesa e meio campo. |
Variação para 3-3-3-1:
Utilizado para ocupar de maneira inteligente pequena zona do campo com
superioridade numérica, para logo recuperar posse de bola. Os meias-centrais –
Pereyra e Pinzi – avançam, desprendem-se dos alas e cabeça de área, juntam-se a
Fabbrini, para dar bote mais alto.
O esquema parece ser poluído, a final, temos três linhas compostas por três jogadores e uma ultima por apenas um homem. Acredito que esta dissociação ou fragmentação do 3-6-1 para um 3-3-3-1 acontece de maneira circunstancial, mas corriqueiramente visualizada. O avanço dos meias centrais possui propósito de recuperar a bola dos defensores, teoricamente, desprovidos de qualidade técnica e armar contra-ataques com adversário desorganizado.
Porque não há avanço em bloco dos demais três jogadores? Para garantir subsidio defensivo e não gerar espaços entre meio campo e defesa, nada pior que vazios frente a zagueiros.
O esquema parece ser poluído, a final, temos três linhas compostas por três jogadores e uma ultima por apenas um homem. Acredito que esta dissociação ou fragmentação do 3-6-1 para um 3-3-3-1 acontece de maneira circunstancial, mas corriqueiramente visualizada. O avanço dos meias centrais possui propósito de recuperar a bola dos defensores, teoricamente, desprovidos de qualidade técnica e armar contra-ataques com adversário desorganizado.
Porque não há avanço em bloco dos demais três jogadores? Para garantir subsidio defensivo e não gerar espaços entre meio campo e defesa, nada pior que vazios frente a zagueiros.
Flagrante tático. Udinese postada no 3-3-3-1 com meias centrais avançando e Fabbrini recuando para dar bote. |
3-5-1-1 na segunda
etapa: Devido à baixa qualidade técnica e excesso de passes errados do
brasileiro Willians, Guidolin foi obrigado a substitui-lo. Badu entrou em
seu lugar, mas a formação se manteve no 3-5-1-1, porém, com poucas variações para o 3-1-4-2. Pinzi passou a ser o volante mais centralizado e Badu deslocado para direita. Maicosuel entrou para cumprir função de Fabbrini, aproximando de Di Natale nos últimos dez minutos da segunda etapa.
Os problemas se agravaram. A Udinese passou a quebrar muitas bolas na direção de Di Natale. O segundo tempo foi dominado pelo Braga. As transições tanto em velocidade, quanto tentando rodar a bola não aconteceram, o Braga dominou e impôs seu jogo sem questionar a italianada.
Os problemas se agravaram. A Udinese passou a quebrar muitas bolas na direção de Di Natale. O segundo tempo foi dominado pelo Braga. As transições tanto em velocidade, quanto tentando rodar a bola não aconteceram, o Braga dominou e impôs seu jogo sem questionar a italianada.
Quadros táticos da UEFA |
Nada encaixava no jogo italiano, nada.A pressão portuguesa chegou ate o empate e assim perdurou durante segunda etapa e prorrogações, chegando aos pênaltis. Todos acertando até que, Maicosuel apareceu para cobrar. O menino brasileiro pôs a bola na marca da cal, tirou distancia, começou sua corrida em direção a redonda e, surpresa, cavadinha, ao pior estilo Loco Abreu, nas mãos do goleiro. O erro de Maicosuel custou caro e ofereceu de bandeja a vaga para o Braga. As expectativas da Udinese em participar da UEFA Champions League foram por água a baixo, de semelhante modo as lagrimas de Maicosuel.
Pelo conjunto da obra, o Braga mereceu passar a fase de grupos da competição. A Udinese deixou a desejar, investiu demais na ligação direta e, com Di Natale pouco inspirado, nada poderia dar certo. Para coroar, péssima tarde para os brasileiros Maicosuel e Willians.
Pelo conjunto da obra, o Braga mereceu passar a fase de grupos da competição. A Udinese deixou a desejar, investiu demais na ligação direta e, com Di Natale pouco inspirado, nada poderia dar certo. Para coroar, péssima tarde para os brasileiros Maicosuel e Willians.
O que uma cavadinha pode causar. |