Brasil do 4-4-2 ao 4-2-3-1 e, Galvão explicando a morte do ponta


Brasil e Suécia reviveram a final da Copa do Mundo de 1958. Mais do que um simples amistoso, esta partida trata-se da despedida do estádio Rasunda. Deixo claro que não será o ultimo jogo, "apenas" uma despedida de luxo, pois o AIK seguira jogando no estádio ate o final do ano.

Se analisarmos por uma ótica fria e calculista, podemos cravar que Mano Menezes não possui um esquema base, após dois anos de trabalho. Mas, analisando por uma ótica baseada no conhecimento e experiência no futebol, fica claro que Mano possui um leque de esquemas e estratégias. Leque este apresentado nos jogos olímpicos, quando, Brasil utilizou 4-4-2em duas linhas, 4-2-3-1,4-4-2 losango e 4-3-2-1.

Flagrante tático. Brasil em posicionamento defensivo no 4-4-2 em duas linhas.

Neste amistoso contra Suécia, Mano optou por dois esquemas bem definidos e facilmente diferenciados em duas fases: defendendo em duas linhas de quatro com Oscar e Ramires alinhando-se aos volantes e Neymar e Damião formando dupla de ataque; ao retomar posse de bola, Damião avança, desprende-se de Neymar, o 4-4-2 fica de lado e o 4-2-3-1 toma forma com o avanço dos wingers.

Flagrante tático. Brasil no 4-2-3-1.

Em posicionamento ofensivo, o Brasil demonstrou uma carência que obrigava os zagueiros a quebrarem a bola. O 4-2-3-1 tomava proporções ofensivas e estáticas, ou apenas com movimentação indiana - em fila, ninguém recua para buscar o jogo, ou avança para lançamento em profundidade. O avanço dos wingers fazia com que o Brasil rodasse a bola sem objetividade, pois um 4-2-4 tomava forma. Claramente o Brasil não possui o cacoete de jogarem duas linhas, pois, os volantes não existem, são meia centrais que organizam e apresentam-se a frente e possuem incumbência de atacar pelo centro. Os wingers, de fundo - fazem vai e vem grudados a linha -, ou criadores - ingressam em diagonal para organizar pelo centro. Neymar atua bem como atacante de movimentação, não passa de Damião e não recua antes da segunda linha. Damião e o clássico striker, principal incumbência fazer gol.

Flagrante tático. Brasil postado ofensivamente no 4-2-4. Reparem que Ramires atua colado a linha lateral.

Outro fato que me chamou atenção foi Gavião Bueno. O narrador da rede globo teve um feliz comentário. Estava tão claro as duas linhas brasileiras com Oscar e Ramires como wingers que, Galvão disse: " A movimentação de Oscar e Ramires e apenas pela linha de fundo, não ingressam pelo centro. E fácil marca-los. O antigo ponta era assim, ele fica marcado pela linha lateral, linha de fundo e lateral que fecha o centro."
Aos que desconfiam do conhecimento de Galvão, esta citação e uma clara demonstração de não se enganar com o narrador.
Galvão, sem querer, explicou à morte do antigo ponta que, ficava grudada a linha de fundo e aos poucos foi "morrendo". O ponta, em diversos países, teve de se remodernizar, seja por atuar mais por dentro, de pé trocado, recuando, trocando e invertendo com o outro ponta, enfim, aumentar seu repertorio de jogadas.

Porque Galvão tocou neste ponto? Simples. Oscar e, principalmente, Ramires atuaram desta forma. Ramires foi um pendulo pela direita, sua movimentação era clara e restrita, apenas pelos lados do campo e grudado a linha lateral. Toda ação causa uma reação. A ação de Ramires causava a reação de Dani Ales, esta foi de não ir à linha de fundo. O lateral do Barcelona tinha de apoiar por dentro, sem este cacoete, perdemos forca ofensiva pelo lado direito.
Porque Ramires não funcionou neste 4-2-3-1 da seleção se joga na mesma posição no Chelsea? Funções. No Chelsea, Ramires joga em velocidade e em no contra-ataque. Na seleção brasileira, o winger precisa desta transição em velocidade, mas, especificamente, o Brasil dificilmente joga em contra-ataque, Mano prefere toque de bola. Ramires não é criador, tão pouco driblador, usa-lo como winger com esta estratégia é incompreensível.

Alias, esta não é carência particular de Ramires. As escolas brasileiras de formar jogadores de futebol deixaram de lado o ponta. Vale a velha historia contada por Kenny Braga:
"Garotos vão a clubes de futebol para realizarem seus sonhos de se tornarem jogadores. Após fazerem as famosas peneiras, os que ganham destaque são escolhidos. Quando lhes perguntam em que posição jogam e, este pequeninos respondem PONTA, os treinadores sorriem e dizem impossível jogar desta maneira. Acabaram com o ponta".
Generalizando e englobando posições, o ponta se tornou winger. No Brasil, salvo raras exceções, poucos clubes atuam no 4-4-2 em duas linhas, sendo assim, não há formação de wingers ou meias centrais. É de conhecimento geral que o 4-2-2-2 impera nos campos de várzea do Brasil e categorias de base, sendo assim, nossos meias atuam por dentro e nossos volantes são restritos a marcação.


Flagrante tático. Brasil defendendo em duas linhas, porém, não estava compactas, reparem que dois jogadores flutuam entre elas. Por não ter volantes cobrindo por dentro, lateral precisa bascular. 

Conclusões? Mano possui um leque de opções para escalar a seleção, não definiu com clareza qual ira escolher, porém, pende ao 4-2-3-1 e suas variações.

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