Diagrama tático. Atlético encaixando marcação no Chelsea. 4-1-4-1 espanhol contra 4-2-3-1 inglês. |
Compactação, termo/estratégia rara de visualizar em terras
tupiniquins. Pregada por treinadores dos quatro cantos de nosso país, mas na
pratica, raramente aplicada. A compactação não fica limitada a defensiva, em
fase ofensiva ela possui participação essencial na estratégia de jogo, pois,
jogadores próximos, reduzem esforços físicos, bolas longas ou ligação direta e
os famosos “buracos” entre as linhas.
Aula do professor Diego Simeone. O argentino adotou estratégia
semelhante do time londrino contra o Barcelona, não somente pelo estilo de
jogo, mas também pelo esquema adotado para encaixar marcação sobre seu adversário.
O Atlético jogou no 4-5-1 com duas linhas de quatro
jogadores e um volante entre elas – ou 4-1-4-1. A estratégia, além do sistema,
é extremamente ortodoxa, britânica: linhas agrupadas e próximas, marcação por
zona com pressão sobre a bola, transição ofensiva em contra-ataques com os
wingers, concessão da posse de bola ao adversário. Por ceder posse de bola ao adversário,
o Atlético baixava o bloco por inteiro em seu campo, agrupava jogadores atrás da
linha da bola e, com uma manobra defensiva perfeita, compactava as linhas sem
deixar “vazios” entre elas.
O 4-1-4-1 apresentou um perfeito encaixe ao 4-2-3-1 londrino.
Suarez, o volante central, combatia Hazard assim que o meia-central do Chelsea
recebia a bola. Pelos lados, os laterais Juanfran e Felipe Luís marcavam os
extremas Mata e Ramires, respectivamente, assim que estes eram acionados. No
centro, os meias Koke e Gabi bloqueavam as raras passagens de Mikel e Lampard.
E também pelos lados, os wingers Turan e López acompanhavam respectivamente A.
Cole e Ivanovic nos apoios dos laterais. Ressalvo que o único a não participar
das manobras ofensivas era o centroavante Falcão Garcia, ainda assim, o
iluminado camisa “9” recuava para grupar jogadores em seu campo defensivo.
Flagrante tático. Atlético marcando em bloco baixo, compactado em relação as linhas e em faixa central no 4-1-4-1. |
Submetido a um encaixe de marcação perfeito – com disciplina
tática, empenho e total cumprimento das atribuições defensivas (os jogadores do
Atlético em nenhum momento desorganizaram o agrupamento e a proximidade destas
linhas no 4-1-4-1), o Chelsea não soube o que fazer. A teoria diz que,
quando há encaixe de marcação, é preciso o drible, a movimentação, a passagem
sobre o seu perseguidor.
Diego Simeone cumpriu todas as premissas do 4-1-4-1,
inspirado na cartilha e escola inglesa de posicionamentos e manobras
defensivas. Os laterais espanhóis auxiliados pelos wingers, anularam o flanco inglês
com marcação dupla por zona. Grosso modo, Simeone foi um pedreiro que “assimentou”
a equipe de Di Matteo. O Chelsea, treinado pelo italiano, não apresentou
variações, movimentação, algo que carece perante um encaixe de marcação. O
Chelsea ficou acomodado perante marcação espanhola e esperou o erro do adversário,
mas sem força-lo a isto, os ingleses esperavam uma desorganização espontânea.
Extremamente estreita (compactação sem a bola), fechando
espaços com duas linhas bem fechadas, e saídas velozes para o contra-ataque. Este
frase pode resumir a partida mágica partida do Atlético contra o Chelsea. Ao invés de
se desorganizar, foi o Atlético quem desorganizou o Chelsea e fez os gols do titulo.
Hoje pela manhã, ao ler o jornal Zero Hora, algo me chamou
atenção em relação à entrevista de Diego Alves, goleiro do Valencia, perguntado
qual a diferença nos treinamentos no Brasil e na Espanha.
O goleiro respondeu: Se
trabalha muito com os pés na Europa. É rotina os goleiros participarem de treinamentos
de bola com os jogadores de linha para dar mais técnica e simular situações
reais, de pressão do adversário a soluções de improviso. Outra exigência é a distancia entre as linhas, com atenção especial
para os quatro defensores. A defesa joga muito próxima ao meio-campo, então o
goleiro é acionado o tempo inteiro. No resto, os treinamentos técnicos são perecidos
com os do Brasil, força, reflexo, posicionamento, bola parada.
A constatação do goleiro coincide com a mentalidade europeia
de defender em bloco, compactado, ocupar espaços do campo de maneira
inteligente e não ceder campo ao adversário. Todos se doam defensivamente,
independente de posições.
Algo a ser revisto no Brasil, principalmente em categorias de base, pois o estrago no alto rendimento já esta feito.
Algo a ser revisto no Brasil, principalmente em categorias de base, pois o estrago no alto rendimento já esta feito.