Archive for agosto 2012

Aula de compactação vem da Espanha com Atlético de Madri



Diagrama tático. Atlético encaixando marcação no Chelsea. 4-1-4-1 espanhol contra 4-2-3-1 inglês.

Compactação, termo/estratégia rara de visualizar em terras tupiniquins. Pregada por treinadores dos quatro cantos de nosso país, mas na pratica, raramente aplicada. A compactação não fica limitada a defensiva, em fase ofensiva ela possui participação essencial na estratégia de jogo, pois, jogadores próximos, reduzem esforços físicos, bolas longas ou ligação direta e os famosos “buracos” entre as linhas.

Aula do professor Diego Simeone. O argentino adotou estratégia semelhante do time londrino contra o Barcelona, não somente pelo estilo de jogo, mas também pelo esquema adotado para encaixar marcação sobre seu adversário.

O Atlético jogou no 4-5-1 com duas linhas de quatro jogadores e um volante entre elas – ou 4-1-4-1. A estratégia, além do sistema, é extremamente ortodoxa, britânica: linhas agrupadas e próximas, marcação por zona com pressão sobre a bola, transição ofensiva em contra-ataques com os wingers, concessão da posse de bola ao adversário. Por ceder posse de bola ao adversário, o Atlético baixava o bloco por inteiro em seu campo, agrupava jogadores atrás da linha da bola e, com uma manobra defensiva perfeita, compactava as linhas sem deixar “vazios” entre elas.

O 4-1-4-1 apresentou um perfeito encaixe ao 4-2-3-1 londrino. Suarez, o volante central, combatia Hazard assim que o meia-central do Chelsea recebia a bola. Pelos lados, os laterais Juanfran e Felipe Luís marcavam os extremas Mata e Ramires, respectivamente, assim que estes eram acionados. No centro, os meias Koke e Gabi bloqueavam as raras passagens de Mikel e Lampard. E também pelos lados, os wingers Turan e López acompanhavam respectivamente A. Cole e Ivanovic nos apoios dos laterais. Ressalvo que o único a não participar das manobras ofensivas era o centroavante Falcão Garcia, ainda assim, o iluminado camisa “9” recuava para grupar jogadores em seu campo defensivo.

Flagrante tático. Atlético marcando em bloco baixo, compactado em relação as linhas e em faixa central no 4-1-4-1.

Submetido a um encaixe de marcação perfeito – com disciplina tática, empenho e total cumprimento das atribuições defensivas (os jogadores do Atlético em nenhum momento desorganizaram o agrupamento e a proximidade destas linhas no 4-1-4-1), o Chelsea não soube o que fazer. A teoria diz que, quando há encaixe de marcação, é preciso o drible, a movimentação, a passagem sobre o seu perseguidor. 

Diego Simeone cumpriu todas as premissas do 4-1-4-1, inspirado na cartilha e escola inglesa de posicionamentos e manobras defensivas. Os laterais espanhóis auxiliados pelos wingers, anularam o flanco inglês com marcação dupla por zona. Grosso modo, Simeone foi um pedreiro que “assimentou” a equipe de Di Matteo. O Chelsea, treinado pelo italiano, não apresentou variações, movimentação, algo que carece perante um encaixe de marcação. O Chelsea ficou acomodado perante marcação espanhola e esperou o erro do adversário, mas sem força-lo a isto, os ingleses esperavam uma desorganização espontânea.

Extremamente estreita (compactação sem a bola), fechando espaços com duas linhas bem fechadas, e saídas velozes para o contra-ataque. Este frase pode resumir a partida mágica partida do Atlético contra o Chelsea. Ao invés de se desorganizar, foi o Atlético quem desorganizou o Chelsea e fez os gols do titulo.

Hoje pela manhã, ao ler o jornal Zero Hora, algo me chamou atenção em relação à entrevista de Diego Alves, goleiro do Valencia, perguntado qual a diferença nos treinamentos no Brasil e na Espanha.

O goleiro respondeu: Se trabalha muito com os pés na Europa. É rotina os goleiros participarem de treinamentos de bola com os jogadores de linha para dar mais técnica e simular situações reais, de pressão do adversário a soluções de improviso. Outra exigência é a distancia entre as linhas, com atenção especial para os quatro defensores. A defesa joga muito próxima ao meio-campo, então o goleiro é acionado o tempo inteiro. No resto, os treinamentos técnicos são perecidos com os do Brasil, força, reflexo, posicionamento, bola parada.

A constatação do goleiro coincide com a mentalidade europeia de defender em bloco, compactado, ocupar espaços do campo de maneira inteligente e não ceder campo ao adversário. Todos se doam defensivamente, independente de posições.
Algo a ser revisto no Brasil, principalmente em categorias de base, pois o estrago no alto rendimento já esta feito.

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Mourinho aprimorando seu contragolpe e marcação


Uma “nova” perspectiva apresentada por Jose Mourinho para combater o intenso Barcelona. Qual a novidade apresentada pelo português para superar os catalães? Sinto revelar aos mais eufóricos que não se trata de uma novidade, mas sim de aperfeiçoamento de uma estratégia presente em outros clubes de Mourinho. Exemplo? O próprio Real em antigos embates e Internazionale contra este mesmo Barcelona, na época, a Inter sagrou-se campeã.

O grande diferencial ficou por conta da intensidade apresentada pela equipe merengue frente ao futebol total catalão. Se pegarmos como parâmetro a partida de ida no Camp Nou entre ambos, fica claro que jogadores do Real demonstraram indignação e entraram com sangue nos olhos no Santiago Bernabeu.

Mourinho foi cirúrgico em seu planejamento de jogo, ainda que este diga ser impossível ter um plano executado com perfeição, pois o futebol possui variantes imensuráveis e de grandes proporções.
Segue o 4-2-3-1, porém, com algumas minúcias e características peculiares de uma equipe que executa com maestria contra-ataques voltados a velocidade de Cristiano Ronaldo, Di Maria e Higuain.

Reparem no flagrante tático abaixo ambas as equipes compactadas e utilizando faixa restrita do campo, não mais do que 30-40 metros. Real Madrid agrupa jogadores e trabalha com marcação por zona e, em certos setores, dobrando marcação por pressão.

Flagrante tático. Real postado no 4-2-3-1 utilizando pequena faixa do campo para facilitar marcação.

A estratégia merengue começa pelo Real marcando em relação à bola, o time marca como um pendulo ou basculando no sentido da bola, não há posição fixa, a marcação pode ser com bloco baixo, intermediário ou alto. Sem posse da redonda o Real agrupa jogadores, compacta as linhas, a distancia entre linha de defesa e Higuain passa a ser próxima e buracos entre setores deixam de existir. Com esta ação do Real o Barcelona passa a ter zonas delimitadas de ação – troca de passes.
Posicionamento defensivo merengue é com wingers baixando e alinhando aos volantes, nenhuma ressalva a Cristiano Ronaldo, o craque português possui entrega semelhante a Di Maria. A função dos wingers baixando é essencial para dobrar marcação passando para o 4-4-2 ou 4-4-1-1, pois, é de conhecimento geral que, estes catalães trabalham com maestria a posse de bola pelas laterais. Portanto, o lateral bate de frente com ponta, o winger recua “pegando” lateral ou auxiliando no bote e o meia central cobre por dentro.

Flagrante tático. Real marcando saída do Barcelona. Reparem que QUATRO jogadores do Real fecham entrada do campo defensivo formando um 4-2-4. Em amarelo o recuo dos wingers forma um 4-4-2 em duas linhas.

A titulo de curiosidade. O Real, em certos momentos, quando em posicionamento defensivo, utilizou-se do meio-campo em "L". Acredito que de maneira circunstancial e não proposital, pois é natural que Cristiano Ronaldo recompunha com menor afinco que Di Maria, ainda mais em lances a desenrolar no lado oposto, como abaixo no flagrante tático. Este posicionamento de Cristiano Ronaldo é de fácil explicação: o "meia" merengue atua mais adiantado pelo fato do Barcelona virar o jogo em bloco baixo e bola rolado no campo, sem inversões longas, portanto, o camisa "7" atua mais adiantado para ser opção de inicio da transição ofensiva - contra-ataque - em velocidade, sem marcação e próximo a meta adversaria.

Flagrante tático. Real no 4-4-2 defensivo em duas linhas com Cristiano Ronaldo mais adiantado que Di Maria para ligar contra-ataque. O "famoso" meio campo em "L".

A compactação entre linhas gera um menor esforço físico na troca de passes e distancias percorridas, pois, jogadores estão próximos. Com jogadores próximos a transição ofensiva é favorecida, pois, passes curtos ou lançamentos de curta-media distancia possuem menor propensão de erro. Geralmente a equipe merengue optou e levou perigo em contra-ataques de maneira direta: inicio de transição ofensiva ao recuperar a posse de bola, primeiro passe é um lançamento e há pouca troca de passes, menor que três passes.
Passes e lançamentos entre linha de defesa catalã sempre que entraram levaram perigo ao gol de Victor Valdes.  E muitas destas oportunidades foram passes as costas da defesa adversária – adiantada, próximo à linha de meio campo - e, por se tratar de Europa, o Barcelona dificilmente joga com sobra defensiva, portanto um embate individual vencido ou passe no vazio deixa Valdes cara-a-cara com avantes.

Logo ao recuperar posse de bola, ou, antes disto, jogadores de frente do Real – Di Maria, Cristiano Ronaldo e Higuain – avançam, grudam em seus marcadores e jogam no limite entre posição legal e impedimento. Corriqueiramente foram três jogadores, pois Ozil recua para lançar ou pegar segunda bola junto aos volantes. Ressalto que Barcelona teve uma tarde(?) para esquecer defensivamente em todos fatores, pois Mascherano e Pique falharam em ambos os lances de gols do Real.

Flagrante tático. Real Madrid em postura ofensivo tocando em bloco baixo, mas com quatro jogadores adiantados prontos para receber bola longa. Três deles, no detalhe em amarelo no limite entre posição legal e impedimento. Arbeloa solto pela direita.

Já citei, mas não custa reiterar. O poder de marcação do Real foi algo nesta tarde (?). Não serei hipócrita ao dizer que o time foi perfeito, não chego a este ponto. A segunda etapa foi um circo de horrores para a defesa merengue. Em diversos lances os passes em profundidade viraram contra o feiticeiro e a zaga do Real se assemelhava a uma peneira.
Minha reafirmação fica por conta da entrega dos meio campistas. Em diversos lances ficou nítido Cristiano Ronaldo perseguindo seu marcador ate seu campo defensivo e marcando a frente o time catalão. Em certos momentos o Real relembrou o Barça com marcação pressing – marcação em bloco, fechando espaços para troca de passes e, geralmente, no campo de ataque. A vitoria merengue passou por desarmes no campo de ataque e armando contragolpes perto da meta adversária.

Flagrante tático. Marcação pressing a frente merengue com seis jogadores contra seis catalães.

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A intensidade do 3-5-2 em mãos europeias – Udinese.


Abominável. É desta maneira que jornalistas, cronistas e torcedores se dirigem ao sistema com três zagueiros no Brasil. De certa forma, estão corretos. Importar algo por si só é complicado, imaginem importar um esquema “novo”, e, obrigatoriamente, precisar adequar-se as minúcias e demandas brasileiras. Importado de maneira equivocada, executado durante anos com estes mesmos erros, não há possibilidade de sucesso.
Pois bem, o 3-5-2, em sua essência, possui características claras, nós que o distorcemos. Sua essencial é ofensiva, nada semelhante ao “5-3-2” visto e terras tupiniquins, salvo raras exceções. 
Neste post, irei passar algumas variações do 3-5-2 utilizado pela Udinese. Não que seja ofensivo, empolgante, atrativo ou de encher os olhos, muito pelo contrario, o esquema respeita “regras” do 3-5-2 e as aplica, hoje, pouco inspirado. O italiano Francesco Guidolin conseguiu aplicar suas ideias e dar um ritmo a sua equipe dentro das demandas do esquema.

Acima sempre citei a Udinese como praticante do 3-5-2, propositalmente de maneira global e simplista, pois, se analisarmos a fundo, fica nítido que a equipe possui um leque de variações e movimentações.
Esquema de maior uso durante partidas e pontapé de partida para demais variações é o 3-5-1-1 e 3-1-4-1-1, sim, cinco linhas. Sendo, hoje, formado por: goleiro Brkic; trio de zagueiros tendo Benatia pela direita, Domizzi como libero defensivo e Danilo pelo lado esquerdo; Willians volante cabeça de área ou cabeça de bagre mesmo, Basta e Armero pelas alas, Pereyra e Pinzi como legítimos “Box-to-box ou carrilleros”, pois atuam de área-a-areá; o “1” entre meio e ataque é Fabbrini; Di Natale o referencial no ataque.

Flagrante tático. Udinese postada no 3-5-1-1

A Udinese opta por jogar em transição – contra-ataque. Tendo o contra-ataque direto: pouca troca de passes, baseado na ligação direta e sempre com passes verticais. Quanto contra-ataque combinado: este com maior numero na troca de passes, sendo curto ou longo e ate recuando para, posteriormente, avançar. A base para esta estratégia ser bem executada depende de velocidade pelos flancos, “liga” entre atletas e Di Natale conseguir fazer pivo ou não estar, constantemente, impedido.  A Udinese, como qualquer time, possui seu lado “bom” e “ruim”. Em contra-ataques, estes lados tomam proporções ainda maiores. O flanco “bom” fica por conta do velocista Armero, o lado “ruim” a cargo de Basta, jogador de maior entrega tática e leitura de jogo. Não estou afirmando que um apoia ou defende menos que o outro, apenas constatando que Armero é acionado com maior volúpia e Basta um legitimo "pau para toda obra".

A intensidade fica por conta das excessivas variações entre a linha de meio campo. Ora dividida em três linhas - 3-5-2 -, ora em quatro - 3-5-1-1 e abusando em cinco inimagináveis linhas com -3-1-4-1-1. 

Quadros táticos da UEFA. Impensável Udinese em cinco linhas no 3-1-4-1-1 com Willians e Fabbrini entre linhas, ou 3-1-4-2.

Como manda o gabarito

Duas características básicas de esquemas com três zagueiros são perceptíveis na equipe italiana. Primeiro: Como qualquer outra equipe que utiliza este sistema, atua com marcação individual por setor, ou seja, cada um pega o seu quando cai em sua zona do campo, dificilmente há perseguições individuais com jogadores atravessando o campo para “pegar” seu adversário.
Segundo: Abdicar da posse de bola. Objetivo é o estilo de jogo adotado por Guidolin, logo que a bola é recuperada o passe a frente é especulado, seja ele direto ou saída curta, sendo assim, os passes errados tornam-se rotina.
A opção de posicionar-se atrás da linha da bola é outra estratégia para chamar o adversário, dar-lhe campo, oferecer a posse de bola e contra-atacar em seus vazios.

Flagrante tático. Postada defensivamente, Udinese define combates individuais e cria zona de superioridade numérica próxima a bola.

Para explicar a diferença entre o tipo de marcação aplicado no Brasil, apresento-lhes Eduardo Cecconi:  “A marcação individual por função é praxe nos sistemas sul-americanos com três zagueiros. Principalmente no Brasil. Zagueiros perseguem atacantes (e/ou meias ofensivos), alas perseguem laterais, volantes perseguem meias, meias perseguem volantes, e atacantes perseguem zagueiros. Não se delimitam zonas de atuação sem a bola.

O que acontece quando toda sua equipe marca individualmente em todos os setores? Ela se desorganiza. Acompanhem: quando os adversários se movimentam, arrastam consigo suas ‘sombras’. Levam o marcador individual para onde quiserem. Quando a equipe recupera a bola, não há como prever qual o posicionamento dos atletas para a transição ofensiva. Eles estão onde os adversários os deixaram. Espalhados sem uma ordem. Por isso recorre-se tanto, nos 3-5-2′s à brasileira, à ligação direta. É preciso dar um ‘chutão’ para o atacante segurar a bola enquanto a equipe se reorganiza, abdicando da articulação curta pelo chão, inviabilizada em razão das perseguições.

Esquemas utilizados durante partida

3-5-1-1, base: Esquema utilizado na maior parte do tempo. Uma linha de cinco meio-campistas é formada a frente do tridente de zagueiros. Porque o visualizamos em grande parte do tempo? Simples. A Udinese opta por fornecer posse de bola ao adversário, marcar em seu campo, portanto, em campo reduzido, consequentemente, as linhas ficam próximas.
Ressalto que estes 5 meio campitas agrupam-se em fase ofensiva, dificilmente atacam em conjunto.

Flagrante tático. 3-5-1-1 com cindo jogadores agrupados em faixa central.

Variação para o 3-1-4-2: Geralmente quando equipe esta com posse de bola no campo de ataque, ou, linha de meio-campistas adianta-se em relação aos zagueiros e um dos meio campistas baixa para não gerar um vazio entre linhas, no primeiro tempo, Willians foi este homem.
Ao atacar, sempre existe uma sobra com quatro homens: tridente de zagueiros mais um volantes, toma forma de losango. O apoio dos alas é simultâneo, já que o contra-ataque requer passagem de atletas em velocidade e, quanto mais opções de passe melhor. Além disto, Fabbrini aproxima de Di Natale e passa a atuar como atacante de movimentação pelos lados do campo.
A passagem dos alas é constante, tanto pelo flanco, quanto pelo centro. Os meias centrais Pereyra e Pinzi atuam como pendulou, ou, carrilleros, traçam um trilho no campo e são legítimos motorzinhos, aparecendo e ambas as áreas.

Flagrante tático. 3-1-4-2 com Willians baixando para ocupar espaço entre defesa e meio campo.

Variação para 3-3-3-1: Utilizado para ocupar de maneira inteligente pequena zona do campo com superioridade numérica, para logo recuperar posse de bola. Os meias-centrais – Pereyra e Pinzi – avançam, desprendem-se dos alas e cabeça de área, juntam-se a Fabbrini, para dar bote mais alto.
O esquema parece ser poluído, a final, temos três linhas compostas por três jogadores e uma ultima por apenas um homem. Acredito que esta dissociação ou fragmentação do 3-6-1 para um 3-3-3-1 acontece de maneira circunstancial, mas corriqueiramente visualizada. O avanço dos meias centrais possui propósito de recuperar a bola dos defensores, teoricamente, desprovidos de qualidade técnica e armar contra-ataques com adversário desorganizado.
Porque não há avanço em bloco dos demais três jogadores? Para garantir subsidio defensivo e não gerar espaços entre meio campo e defesa, nada pior que vazios frente a zagueiros.


Flagrante tático. Udinese postada no 3-3-3-1 com meias centrais avançando e Fabbrini recuando para dar bote.

3-5-1-1 na segunda etapa: Devido à baixa qualidade técnica e excesso de passes errados do brasileiro Willians, Guidolin foi obrigado a substitui-lo. Badu entrou em seu lugar, mas a formação se manteve no 3-5-1-1, porém, com poucas variações para o 3-1-4-2. Pinzi passou a ser o volante mais centralizado e Badu deslocado para direita. Maicosuel entrou para cumprir função de Fabbrini, aproximando de Di Natale nos últimos dez minutos da segunda etapa.
Os problemas se agravaram. A Udinese passou a quebrar muitas bolas na direção de Di Natale. O segundo tempo foi dominado pelo Braga. As transições tanto em velocidade, quanto tentando rodar a bola não aconteceram, o Braga dominou e impôs seu jogo sem questionar a italianada.

Quadros táticos da UEFA

Nada encaixava no jogo italiano, nada.A pressão portuguesa chegou ate o empate e assim perdurou durante segunda etapa e prorrogações, chegando aos pênaltis. Todos acertando até que, Maicosuel apareceu para cobrar. O menino brasileiro pôs a bola na marca da cal, tirou distancia, começou sua corrida em direção a redonda e, surpresa, cavadinha, ao pior estilo Loco Abreu, nas mãos do goleiro. O erro de Maicosuel custou caro e ofereceu de bandeja a vaga para o Braga. As expectativas da Udinese em participar da UEFA Champions League foram por água a baixo, de semelhante modo as lagrimas de Maicosuel.
Pelo conjunto da obra, o Braga mereceu passar a fase de grupos da competição. A Udinese deixou a desejar, investiu demais na ligação direta e, com Di Natale pouco inspirado, nada poderia dar certo. Para coroar, péssima tarde para os brasileiros Maicosuel e Willians.

O que uma cavadinha pode causar.

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Fernandão “espelha” e “encaixa” o esquema tricolor


Devo ressaltar a diferença entre o termo “espelhamento” e ”encaixe”. Não posso deixar passar batido a divergência oceânica entre ambos. A teoria tática define o “espelhamento” como: utilização de sistemas táticos semelhantes. O termo “encaixe” é de difícil compreensão e, em diversos momentos interligado ao “espelhamento”, neste domingo, ambos caminharam juntos. Portanto, encaixe é: confronto de sistemas que, apesar de diferentes, quando sobrepostos batem jogadores no mano-a-mano em quase todas as zonas. Exemplo: o 4-2-3-1 espelha o 4-2-3-1, mas não se encaixa a ele.

O clássico deste domingo reuniu os termos, estratégias tanto de espelhamento quanto de encaixe. Habitualmente estamos acostumados em perceber equipes de menor expressão utilizando desta estratégia de espelhar ou encaixar o esquema adversário de maneira proposital. A explicação? Simples. O encaixe torna o jogo pesado e dependente de jogadas individuais para sair da marcação e criar zonas de superioridade numérica. Individualidade, obviamente, necessita de um pré-requisito chamado técnica, drible.

Ha de se ressaltar que, estratégias de "espelhamento" e/ou "encaixe", possam e, corriqueiramente, são utilizadas por clubes de grande expressão para propor embates individuais e obter vantagem na qualidade técnica. Um exemplo notavel de grande clube que "encaixou" marcação sobre seu adversário foi o Chelsea sobre o Barcelona: A equipe londrina adotou o 4-1-4-1 contra o 4-3-3, esquema de Di Matteo, naturalmente, "encaixou" no 4-3-3.

Vanderlei Luxemburgo manteve seu hibrido 4-4-2: em fase ofensiva os meias aproximavam e tramam jogadas entre si, o 4-2-2-2 com meio campo em quadrado é formado; defendendo os meias abrem e ocupam os flancos do campo, o desenho adota tons de 4-4-2 em duas linhas.

Flagrante tático. Grêmio postado em duas linhas de quatro em fase defensiva.

E Fernandão fez o mesmo com o Inter. Ao invés do habitual losango, os colorados distribuíram-se de forma "espelhada" ao adversário, encaixando um quadrado sobre o outro - como ilustra a foto abaixo - tendo Ygor e Guiñazu como volantes alinhados; Fred e Kléber como meias centralizados; a frente Forlán com intensa movimentação pelo centro e Damião na referencia.

Flagrante tático. Espelho e encaixe de esquemas. Inter e Grêmio no 4-4-2 quadrado.

Como a imagem demonstra, este espelhamento provoca uma série de embates individuais: Ygor contra Zé Roberto, Guiñazu contra Elano – posteriormente Marquinhos -, Fred contra Fernando, e Kléber contra Souza.

Aplicação tática e leitura de jogo de ambos os times foi claramente em favor do Grêmio. Vanderlei Luxemburgo mantém sequencia de jogos e seu esquema flui de maneira natural. Fernandão mudou especialmente para o clássico. Como esperado, o Inter apresentou um time engessado e com dificuldades em propor o jogo.
Um exemplo claro da discrepância entre esquemas adotados de maneira semelhante foi em fase defensiva. O tricolor adotou uma clara cortina de ferro, aplicou duas linhas, tipicamente britânicas, e reduziu os espaços e zonas para o Inter criar. O colorado não obteve essa aplicação ao defender, o quadrado seguia tanto em fase defensiva quanto em fase ofensiva. Esta diferença fica nítida no momento do gol tricolor: primeira linha colorada na grande área, volantes centralizados, meias fechados, posicionados frente aos volantes e deixando o flanco livre, resultado? Cruzamento de Anderson Pico que resultou no gol tricolor.

Flagrante tático. Inter em fase defensiva no 4-2-2-2 fechado e centralizado deixando o flanco livre, o famoso cobertor curto.

A utilização do 4-4-2, modelo com meio campo em quadrado, é antiquada, obsoleta, arcaica, por quê? Jogo centralizado de meias anula passagem dos volantes. Lateral do campo é de exclusividade do lateral. Volantes que cobrem passagem do lateral deixam centro do campo desguarnecido, pois, no Brasil, temos o cacoete de blindar o zagueiro e não usa-lo para cobrir diversos espaços. O fator principal: meias que não participam das transições e fases defensivas, este um fator inimaginável em pleno século XXI.
A movimentação é essencial para o bem andar da carruagem, o 4-2-2-2 quadrado com jogadores estáticos e engessados não possui lugar cativo no futebol moderno. Perante estes fatos, afirmo, o quadrado letárgico ao melhor estilo Ganso, deve ser extinto,  abolido, execrado do futebol mundial por um simples motivo: abandonar os flancos e centralizar por demais o jogo.
Tratando de categorias de base, atenuante é ainda maior, pois os jogadores pegam vícios desde o inicio de suas carreiras e, para largar um vicio é complicadíssimo.

Sem mais delongas, a derrota colorada passou, de certa forma, pelas mãos e opções de Fernandão. Não devo colocar tudo na conta do treinador, pois seu time criou algumas claras situações, salvo engano, duas oportunidades: primeiro com Forlán, em contra-ataque, frente-a-frente com Grohe, mas o atacante colorado chutou sobre o goleiro; em cruzamento, Leandro Damião, na pequena área, subiu e cabeceou ao lado. Sem falar de dois discutíveis lances e, possíveis, pênaltis em favor do Inter.
Enfim, clássico é clássico. Este não foi diferente e foi repleto de minúcias.

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Vasco no hibrido 4-3-3 e 4-4-2 em duas linhas


A equipe cruzmaltina, em diversos momentos, nos surpreendia em sua aplicação tática e diverge de alguns conceitos impregnados no futebol brasileiro. Conceitos e paradigmas presentes em nossas entranhas, mas também, aterrorizados pelo terrorismo da imprensa perante treinadores “boleiros”. Não é de hoje que equipes tupiniquins apresentam variações, inovações e, para desavisados, são tratados como anomalias ou “Deuses do futebol”.

Não é de hoje que Cristovão Borges arma sua equipe em sistemas híbridos. No clássico contra o Fluminense não foi diferente. Eduardo Cecconi define estas variações, a grosso modo, as estratégias das equipes como “organismos vivos”, nas palavras de Cecconi a definição:

“Times de futebol são ORGANISMOS VIVOS. Uso essa expressão sem refletir muito se reunir “organismo” e “vivo” na mesma ideia não é pleonasmo. Enfim. Desta base, deste sistema identificado pelos posicionamentos iniciais de cada jogador, todos partem para se movimentar conforme os ensaios nos treinos. Formam-se as “pequenas sociedades”, os grupos que trabalham juntos, seja em coberturas sem a bola, seja em combinações sincronizadas com ela.
Os “organismos vivos” que são as equipes de futebol, e ajudaram a reiterar a importância da análise tática não apenas na identificação dos sistemas-base – o que é muito fácil de conseguir – mas principalmente dos movimentos”.

Os esquemas presentes neste emaranhado de organismos que ficam evidentes e presentes estão o 4-4-2 em duas linhas, em fase defensiva e, 4-3-3 em fase ofensiva.
O fator equilíbrio e termômetro para se tornar possível esta variação chama-se William Barbio. O camisa 44 fornece subsidio pelo lado direito ao fazer corredor pelo lado direito como um pendulo: sempre por este mesmo flanco, mas, ora avançando e compondo linha de ataque, ora defendendo e ate cobrindo passagem do lateral Auremir. 

Flagrante tático. Vasco postado em duas linhas em fase defensiva com Barbio formando linha defensiva e Auremir no meio campo.

O termômetro vascaíno não esbanja qualidade técnica. Barbio é esforçado e velocista, demorou para “entrar” no jogo, enquanto esteve nas nuvens o Vasco penou, quando pôs os pés no chão, o time da colina passou a dominar.

Em fase defensiva o Vasco formava duas linhas ao abandonar o 4-3-3 e assumir o 4-4-2 da seguinte maneira: Wendel abrindo e cobrindo o corredor esquerdo do campo, Nilton alinhando a Juninho, Barbio baixando para setor de meio campo e cobrindo o flanco direito.
A variação e possibilidade do Vasco aplicar este "organismo vivo" foi Barbio. Ora meio campista pela direita, ora ponta, definia o esquema a ser utilizado.

Flagrante tático. Vasco iniciando transição ofensiva no 4-4-2 em duas linhas.

Se tivesse de elencar um jogador como elo entre meio e ataque este seria Carlos Alberto, porém, o camisa 10 não assumiu a responsabilidade que carrega as costas. Carlos Alberto foi tímido e tornou um suspeito losango a um 4-3-3 longitudinal - setores distantes - e abusando de ligações diretas.
Losango? Sim. Claramente Carlos Alberto desprendia-se do flanco esquerdo, abria corredor para William Matheus e fazia diagonal e perambulava pelo centro, invariavelmente, ao lado de Alecsandro. Carlos Alberto destoou do triangulo de base alta formado por: Nilton no vértice, Juninho “solto” pela direita e Wendel “preso” pela esquerda. A distancia entre o camisa dez e os demais meio-campistas foi fundamental e atenuante para a nau vascaína afundar ou perder o rumo.

A posição livre de Juninho Pernambucano, defino como libero, pois, em fase ofensiva, o camisa "114" percorria as três posições do meio campo, sempre de encontra a bola e rodando por estes setores.

Flagrante tático. Vasco iniciando transição ofensiva. Equipe da colina saiu do 4-4-2 em duas linhas, Carlos Alberto rompendo losango - em amarelo - para formar o 4-3-3 - em preto. Obs: Juninho de encontro a bola.

Mesmo com Carlos Alberto abrindo corredor esquerdo para passagem do lateral, William Matheus não tinha companhia para triangular ou seja, criar pequenas sociedade, criar superioridade numérica sobre o lateral adversário. O Vasco pendeu para o lado direito com afinco. Auremir e Barbio pelos lados, Juninho e Carlos Alberto por dentro ocupavam este espaço e forçavam jogadas as costas de Carlinhos.
O contraveneno do Fluminense foi Carlinhos abusando das jogadas as costas de Barbio e dobradinha com winger presente pelo lado esquerdo. Inicialmente Barbio não “ascendeu”, perdia dividias e investidas contra o lateral, com o passar do tempo, Barbio se encontrou e equilibrou a partida. Nitidamente William Barbio foi o termômetro vascaíno na partida.

A estratégia de Cristovão Borges foi de esperar o adversário, oferecer campo ao Fluminense, oferecer posse e sair em velocidade no contra-ataque. A marcação era ao estilo retenção: jogadores atrás da linha da bola, mesmo que esta esteja próxima a grande área; marcação a zona e dobra por setores, esta dobra foi facilitada pela compactação das linhas e espelho entre elas, já que na fase defensiva o Vasco aplicou duas linhas.

Transição ofensiva, quando bola recuperada no seu campo e no posicionamento de retenção, foi com contra-ataque direto/acelerado – toques rápidos, longos e objetivos -, seja pelo goleiro Fernando Prass ou defensores. A titulo de curiosidade, a válvula de escape, em suma maioria, foi William Barbio.
Em fase defensiva o Vasco ficava postado no 4-4-2 em duas linhas, dois jogadores à frente para fazer pivô e puxar transições: Carlos Alberto e Alecsandro. A transição por meio do contra-ataque direto formava o 4-3-3 com o simples avanço de Barbio pelo corredor direito e Wendel retornando por dentro e formando triangulo de base alta ao lado de Juninho.

Quando o time da colina optou por rodar a bola não encontrou espaços. A velocidade de Barbio teve sucesso quando explorada vindo de trás e jogando sobre o lateral. Carlos Alberto não funcionava como homem de ligação, winger ou atacante de movimentação, a torcida chiou com razão.
A discrepância entre setores de meio e ataque prejudicou o time como um todo, naturalmente. Se o Vasco defendia compactado e em relação a bola, atacando, o time alongava-se, laterais passando sem ir ao fundo, atacantes restritos e inertes a marcação.

Se o primeiro tempo ficou marcado por um jogo de estudo e de meio campo, a segunda etapa foi elétrica e contagiante com ambos os times saindo para o jogo e contra-atacando, deixando espaços e marcado por individualidades. Tanto no primeiro quanto no segundo tempo, Dedé esteve impecável e sempre vigiando Fred. Em contrapartida, Thiago Neves se tornou estrela do clássico ao marcar dois gols na segunda etapa, o primeiro um golaço de voleio.

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Oscar estréia no Chelsea jogando de segundo atacante


Análise tática de Victor Oliveira do blog: Painel Tatico

O menino Oscar, vendido ao Chelsea pelo valor de R$79,2 milhões (25 milhões de Libras), estreou pela equipe inglesa. Inicialmente no banco, Oscar entrou aos 18 minutos da segunda etapa e quase marcou um gol. Foram apenas 30 minutos em campo para impressionar o torcedor do Chelsea e justificar o alto valor da transferência. O dono atual da camiseta 11, deixada por Drogba, por pouco não fez um gol em sua primeira partida. Além do lance de perigo, Oscar deu belo passe por elevação e um lindo toque de calcanhar.

Apesar de jogar fora de casa com o Wigan, o Chelsea conseguiu os dois gols com apenas 7 minutos, tentos marcados por Ivanovic e Lampard. Os Blues tiveram um início arrasador, o que decidiu a parada a seu favor. Foi também a estréia da equipe no Campeonato Inglês. Na primeira etapa, Di Matteo postou seu time num britânico 4-4-2 em linhas, com o belga Hazard, também estreante, fazendo o segundo atacante.

No meio, uma linha de quatro com Mikel mais preso e Lampard como um segundo volante, saindo para o jogo com Mata e Bertrand pelos lados. Outro destaque foram as centralizações de Mata para ajudar Lampard na armação das jogadas. Lembrando que o Wigan jogou num antigo 3-2-2-3, conhecido em sua época como “W-M”, esquema eminentemente inglês das décadas de 30,40 e 50.

Outro detalhe importante de lembrar é que Ramires somente não foi escalado por causa de um mal-estar. Certamente o brasileiro seria o winger esquerdo no lugar de Bertrand, repetindo o desenho do time que conseguiu bater o Napoli, o Barcelona e o Bayern na fase final da Champions League da temporada passada. Ficou claro que a intenção de Di Matteo é usar duas linhas de quatro, seja se valendo de um 4-4-2, de um 4-4-1-1 ou até mesmo do 4-1-4-1, também usado com êxito na arrancada vitoriosa da Champions.

Aos 18, como citado, Roberto Di Matteo tirou Hazard (destaque do time no primeiro tempo (deu a assistência no gol de Ivanovic e sofreu o pênalti convertido por Lampard) e promoveu a estreia de Oscar. Logo na primeira jogada, o brasileiro quase fez o terceiro dos Blues. Oscar avançou pela direita, ganhou de Ramis na corrida e bateu cruzado. O tiro passou muito perto da trave. Com sua entrada, mudou também o desenho tático do Chelsea, que passou jogar no 4-4-1-1, com Oscar fazendo um meia atacante livre para encostar-se no centroavante:


Assim, podemos observar que o brasileiro ficou centralizado à frente da linha de meio campo do Chelsea e atrás de Torres. Di Matteo ressaltou durante a semana que Oscar atuou muito pela esquerda em sua carreira, tanto pelo Inter quanto pela Seleção. Parecia que o italiano tinha a intenção de jogar com o garoto como winger pela esquerda, centralizando Mata e colocando Ramires de winger pela direita.

Porém, como a tática é jogar com uma linha de quatro vigorosa na marcação pelo meio, repetindo a fórmula que conquistou a Liga dos Campeões, deu pra perceber que a ideia inicial de Di Matteo é usar Oscar como um meia atacante livre à frente da linha de meio. Com a entrada de Ramires pela esquerda, os Blues devem fechar a equipe que provavelmente será a titular. Entretanto, Oscar deve se preparar e não perder o foco. Pelo o que jogou Hazard no primeiro tempo, como segundo atacante, a briga pela titularidade vai ser severa, afinal, o padrão tático e a estratégia de Di Matteo não mudaram. Abraço!

Victor Lamha de Oliveira


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O falso losango colorado. As faces do Inter contra Portuguesa


O atual treinador colorado é incoerente ou admite ter escalado o time erroneamente ao, corriqueiramente, ter de modificar o time logo no intervalo? Acredito que não. Fernandão desponta uma nova formada de treinadores, até então, com caráter e leitura de jogo para modificar seu time com o andar da carruagem. 
Aos que desejam conhecer o potencial do treinador, sugiro escutar suas entrevistas coletivas, são verdadeiras análises táticas e estratégicas pós-jogo.

Inter não mudou seu esquema de jogo, mas alternou sua maneira e estratégia de como jogar. Segue o losango colorado, ou, nesta partida, com ares de 4-3-1-2. Qual o grande diferencial para tal reação no estilo proposto de colorado? Forlán como elo de ligação entre meio e ataque e, dois avantes de referencia fincados a frente. Resultado pela falta de um meio-campista nato? Meio campo e ataque distantes e Inter longe do losango desejado, consequentemente ligação direta corriqueiramente.

Flagrante tático. Inter postado no falso losango.

Nada de surpresas na primeira linha defensiva ou triangulo de base alta no meio. A mudança esteve presente no tridente ofensivo. Forlán relembrou sua função de enganche com a celeste uruguaia atuando próximo aos atacantes, o uruguaio não conseguiu desempenhar tal função com maestria, pois ainda carece de explosão muscular para romper linha de meio campo e encostar nos atacantes. Leandro Damião e Rafael Moura formaram dupla de ataque, naturalmente, sem sintonia e abastecidos erroneamente, pois, são centroavantes de imposição, altura, cabaceio, e esta característica não foram exploradas.

Losango com ares de 4-3-1-2. A simples movimentação, melhor, falta dela, de Elton e Guiñazu resultou em um falso losango, pois, ambos não foram carrilleros, ou Box-to-box. A função de carrillero/box-to-box é essencial para o losango, lhes convido a entender o Box-to-box: “Box-to-box é uma referência ao jogador que faz, no meio-campo central, o "vai-vem". Box significa área, em inglês, portanto a tradução é "de área a área". A definição é claríssima: o jogador que sem a bola posiciona-se defensivamente à frente da própria área, e quando a equipe recupera a bola aproxima-se dos atacantes, nos arredores da área adversária. Atuar nos dois campos é prerrogativa básica desta tática individual.”.

A exemplo de Fred, Forlán não foi um clássico camisa 10 – Riquelme, D’Alessandro -, longe disto, ambos possuem claras características de jogar dos três quartos do campo para frente. O uruguaio começou o jogo centralizado e com movimentação restrita, aproximando aos atacantes. Além disto, o Inter priorizou um estilo de criação descentralizada: pelo fato de não ter alguém na organização e/ou criação, jogadas se articulam de forma coletiva, geralmente pelos lados.
Porém, não havia triangulações pelos lados do campo com lateral e carrillero. Por ter dois centroavantes exímios cabeceadores, muitos, inclusivo eu, esperava um Inter explorando a bola aérea, mas, dificilmente os laterais foram à linha de fundo. A criação era descentralizada, o estilo de jogo pelas laterais, entretanto a lógica não acontecia, os jogadores centralizavam a bola para pivô – giro ou proteção para servir quem vem de trás - do centroavante e deixavam o cruzamento de lado.

Falando em pivô, parede, Rafael Moura e Leandro Damião executam bem este movimento, portanto, a transição ofensiva colorada pleiteava a ligação direta com ambos.
Outro fato que da subsidio a transição ofensiva direta sempre procurando Leandro Damião ou Rafael Moura deve-se a Forlán não ser armador. Muitas destas bolas não tinham intuito de encontrar os avantes, apenas desabafar/quebrar a frente o que dificultava o trabalha dos homens de frente.

O losango não fluiu por um simples fato: ausência de sintonia, parceria entre lateral e carrillero. Esta “pane” no sistema ofensivo colorado tem nome e sobrenome: Marcelo Cordeiro. O lateral luso sempre apoiou e explorou o flanco esquerdo, as costas do lateral Nei. O Inter até iniciou jogando preferencialmente pela direita, mas, os espaços cedidos a Cordeiro resultavam em uma avenida as costas de Nei e um forte contra-ataque a Lusa.
A engrenagem que não fluiu neste contexto foi o “losango” formado no meio campo. Além do bate-volta resultado da ligação direta entre defesa e ataque, outro agravante foi a falta de basculação do tripé de volantes. Ygor pelo centro, Elton pela direita e Guiñazu pela esquerda atuaram muito centralizados, não cobriam o corredor e deixavam lateral no mano-a-mano.

Flagrante tático. "Pane" colorada. O Inter cede espaço pelos flancos a Marcelo Cordeiro. Triangulo de base alta de volantes marcam por dentro.

Além desta “pane” no sistema defensivo, a Portuguesa tramou uma armadilha perante marcação gaúcha. A lusa armava o jogo por um dos lados do campo, chamava o Inter para este lado e, quando o Inter estava pendulo para este lado, rodava por bloco baixo invertendo a bola e encontrando espaço pelos lados do campo.

O que fez Fernandão? Plantou Nei como terceiro zagueiro pela direita, Bolivar na sobra e Indio pela esquerda, Elton passou a ser o ala pela direita e Kleber pela esquerda. O Inter saiu do falso losango para o 3-4-1-2.

A lusa não apenas sabia contra-atacar, também marcava e não cedia espaços ao Inter. O jogo se tornou um embate de meio campo, bolas batendo e voltando no setor intermediário. Os avantes do Inter tinham de sair da grande área para buscar o jogo, pois, a marcação individual do tridente ofensivo colorado prejudicava qualquer investida. Marcação Portuguesa: Boquita, volante pelo centro, grudou em Forlán, na primeira etapa o uruguaio esteve mais retido pelo centro e facilitou marcação; Valdomiro e Gustava revezando na marcação individual em Leandro Damião e Rafael Moura; Ferdinando na sobra.

Novamente o intervalo

Fernandão não esperou a regra dos quinze minutos iniciais do segundo tempo para alterar sua equipe. O treinador colorado decidiu logo mudar ainda no final do primeiro tempo, não com substituições e sim com funções e alteração de esquema. O “losango” deu lugar ao 3-4-1-2, na segunda etapa com troca de peças e esquema com três zagueiros assumido forma clara e definida.

A mudança foi Élton, volante e com cartão amarelo, por Juan, estreante da tarde. O esquema passou a ser formado da seguinte maneira: três zagueiros, Juan pelo lado direito, Bolivar na sobra e Índio pelo lado esquerdo; formando segunda linha, Nei pela ala direita, Ygor e Guiñazu na volancia e Kléber fechando linha de quatro pela ala esquerda; Forlán o “1” e desempenhando função semelhante do primeiro tempo; Leandro Damião e Rafael Moura compondo linha de ataque.
O que mudou? O sistema defensivo gaúcho. O Inter passou a jogar com sobra, não deixou espaços pelas beiradas do campo e ainda conseguiu explorar estas mesmas beiradas com laterais mais presentes no campo ofensivo.
A troca de esquema resultou na alteração de marcação adversária, a Lusa deixou de marcação individualmente o tridente ofensivo colorado e passou a marcar por zona. Forlán teve mais espaço para se movimentar e não tinha alguém grudado em seu cangote.

Flagrante tático. 3-4-2-1 do segundo tempo.

Na primeira etapa o Inter quem ditava o ritmo de jogo e tinha maior posse de bola. Com mudança de esquema as perspectivas alternaram. A lusa passou a ter maior posse de bola e o colorado passou a acelerar ainda mais suas transições ofensivas pelas beiradas do campo com alas.

Com esta mudança o Inter sanou seus problemas defensivos, mas seguiu sem criação de jogadas ou oportunidades ofensivas. Fernandão finalmente acerta em cheio. O treinador retirou Rafael Moura e pôs Fred, assim, Forlán passou a ser atacante ao lado de Leandro Damião e Fred o “1” entre meio e ataque. Com esta substituição as melancias estavam acomodadas. Forlán passou a ser o atacante de movimentação que o time não tinha com Rafael Moura e Fred, o meia com explosão para vir de trás. Seguiu o 3-4-1-2, mas encaixado e agressivo.

Não acredito que Fernandão seguira com este 3-4-1-2. O esquema utilizado foi emergencial. Para o Gre-Nal o losango deve seguir.

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Brasil do 4-4-2 ao 4-2-3-1 e, Galvão explicando a morte do ponta


Brasil e Suécia reviveram a final da Copa do Mundo de 1958. Mais do que um simples amistoso, esta partida trata-se da despedida do estádio Rasunda. Deixo claro que não será o ultimo jogo, "apenas" uma despedida de luxo, pois o AIK seguira jogando no estádio ate o final do ano.

Se analisarmos por uma ótica fria e calculista, podemos cravar que Mano Menezes não possui um esquema base, após dois anos de trabalho. Mas, analisando por uma ótica baseada no conhecimento e experiência no futebol, fica claro que Mano possui um leque de esquemas e estratégias. Leque este apresentado nos jogos olímpicos, quando, Brasil utilizou 4-4-2em duas linhas, 4-2-3-1,4-4-2 losango e 4-3-2-1.

Flagrante tático. Brasil em posicionamento defensivo no 4-4-2 em duas linhas.

Neste amistoso contra Suécia, Mano optou por dois esquemas bem definidos e facilmente diferenciados em duas fases: defendendo em duas linhas de quatro com Oscar e Ramires alinhando-se aos volantes e Neymar e Damião formando dupla de ataque; ao retomar posse de bola, Damião avança, desprende-se de Neymar, o 4-4-2 fica de lado e o 4-2-3-1 toma forma com o avanço dos wingers.

Flagrante tático. Brasil no 4-2-3-1.

Em posicionamento ofensivo, o Brasil demonstrou uma carência que obrigava os zagueiros a quebrarem a bola. O 4-2-3-1 tomava proporções ofensivas e estáticas, ou apenas com movimentação indiana - em fila, ninguém recua para buscar o jogo, ou avança para lançamento em profundidade. O avanço dos wingers fazia com que o Brasil rodasse a bola sem objetividade, pois um 4-2-4 tomava forma. Claramente o Brasil não possui o cacoete de jogarem duas linhas, pois, os volantes não existem, são meia centrais que organizam e apresentam-se a frente e possuem incumbência de atacar pelo centro. Os wingers, de fundo - fazem vai e vem grudados a linha -, ou criadores - ingressam em diagonal para organizar pelo centro. Neymar atua bem como atacante de movimentação, não passa de Damião e não recua antes da segunda linha. Damião e o clássico striker, principal incumbência fazer gol.

Flagrante tático. Brasil postado ofensivamente no 4-2-4. Reparem que Ramires atua colado a linha lateral.

Outro fato que me chamou atenção foi Gavião Bueno. O narrador da rede globo teve um feliz comentário. Estava tão claro as duas linhas brasileiras com Oscar e Ramires como wingers que, Galvão disse: " A movimentação de Oscar e Ramires e apenas pela linha de fundo, não ingressam pelo centro. E fácil marca-los. O antigo ponta era assim, ele fica marcado pela linha lateral, linha de fundo e lateral que fecha o centro."
Aos que desconfiam do conhecimento de Galvão, esta citação e uma clara demonstração de não se enganar com o narrador.
Galvão, sem querer, explicou à morte do antigo ponta que, ficava grudada a linha de fundo e aos poucos foi "morrendo". O ponta, em diversos países, teve de se remodernizar, seja por atuar mais por dentro, de pé trocado, recuando, trocando e invertendo com o outro ponta, enfim, aumentar seu repertorio de jogadas.

Porque Galvão tocou neste ponto? Simples. Oscar e, principalmente, Ramires atuaram desta forma. Ramires foi um pendulo pela direita, sua movimentação era clara e restrita, apenas pelos lados do campo e grudado a linha lateral. Toda ação causa uma reação. A ação de Ramires causava a reação de Dani Ales, esta foi de não ir à linha de fundo. O lateral do Barcelona tinha de apoiar por dentro, sem este cacoete, perdemos forca ofensiva pelo lado direito.
Porque Ramires não funcionou neste 4-2-3-1 da seleção se joga na mesma posição no Chelsea? Funções. No Chelsea, Ramires joga em velocidade e em no contra-ataque. Na seleção brasileira, o winger precisa desta transição em velocidade, mas, especificamente, o Brasil dificilmente joga em contra-ataque, Mano prefere toque de bola. Ramires não é criador, tão pouco driblador, usa-lo como winger com esta estratégia é incompreensível.

Alias, esta não é carência particular de Ramires. As escolas brasileiras de formar jogadores de futebol deixaram de lado o ponta. Vale a velha historia contada por Kenny Braga:
"Garotos vão a clubes de futebol para realizarem seus sonhos de se tornarem jogadores. Após fazerem as famosas peneiras, os que ganham destaque são escolhidos. Quando lhes perguntam em que posição jogam e, este pequeninos respondem PONTA, os treinadores sorriem e dizem impossível jogar desta maneira. Acabaram com o ponta".
Generalizando e englobando posições, o ponta se tornou winger. No Brasil, salvo raras exceções, poucos clubes atuam no 4-4-2 em duas linhas, sendo assim, não há formação de wingers ou meias centrais. É de conhecimento geral que o 4-2-2-2 impera nos campos de várzea do Brasil e categorias de base, sendo assim, nossos meias atuam por dentro e nossos volantes são restritos a marcação.


Flagrante tático. Brasil defendendo em duas linhas, porém, não estava compactas, reparem que dois jogadores flutuam entre elas. Por não ter volantes cobrindo por dentro, lateral precisa bascular. 

Conclusões? Mano possui um leque de opções para escalar a seleção, não definiu com clareza qual ira escolher, porém, pende ao 4-2-3-1 e suas variações.

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4-3-3 Zemaniano


O ultimo romântico. Assim é rotulado Zdeněk Zeman.
Confesso ser um apaixonado recente pelo estilo do treinador. 
O jovem Luis Fernando fez um belo texto. Nos apresenta as características do treinador e de seu esquema preferido. Para maiores informações: 
http://ojogoehoje.wordpress.com/ 

Zdeněk Zeman, nascido em 12 de maio de 1942, atual treinador da Roma e o ultimo romântico do futebol.
Zeman construiu sua carreira praticamente na Itália, aonde tentou mudar um pouco a cultura italiana, que é de um futebol de contra-ataque e defesas imbatíveis. Zeman, chegou na Itália tentando coloca o seu estilo de 4-3-3, que favorece totalmente o ataque e leve um numero elevado de gols.
Vejamos, no Pescara, a ultima equipe que Zeman trabalhou e aonde conseguiu o seu ultimo titulo, a equipe fez 90 gols e sofreu 55, sendo 27 gols contra a mais do o Torino, que foi segundo colocado. Esses números e algo irrealista para qualquer equipe italiana e de qualquer lugar do mundo.
A formação
Quando fala sobre sua formação, Zeman sempre diz isso: “E o caminho mais racional para cobrir os espaços”. Porque? A dinâmica e eficácia de sua formação  são espetaculares e isso vai do goleiro até o ultimo atacante, todos eles tem uma função especifica.

A formação de Zeman,contém diversas ultrapassagem.
Para Zeman, o goleiro tem que jogar longe das traves e ter uma boa qualidade com os pés, para ajudar o seu defensor quando sofrer uma pressão adversária e ler bastante o jogo. O goleiro que ficou bastante popular nessa formação, foi o Francesco Mancini, onde junto com Zeman deram os dias de glorias ao Foggia.

Defesa
A defesa tem que ficar organizada em semicírculo, com os zagueiros mais a frente, para facilitar o impedimento da equipe adversaria, os laterais são tem total liberdade para subir, para serem as principais opções no ataque.

Meio-campo
A linha de meio campo é composta por 3 jogadores, aonde temos um “cão-de-guarda” que saiba sair jogando e os dois meias que fazer os ilimitados overlappings.
Ataque
O grande destaque dessa formação e sue tridente ofensivo. Os três jogadores são obrigados a se movimentar continuamente, assim não há ponto de referencia para os marcados adversários. Os jogadores têm que ser rápidos e ter uma excelente técnica. Os jogadores ás vezes invertem com os meias, mas isso quase não acontece. Mais que é o goleador? Não existe, porque a principal tarefa e fazer as ações táticas, o gol é uma mera consequência disso tudo.
Continua…

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