O futebol é apenas um dos espelhos de nossa sociedade. Este mais ligado ao povo, com mais associações e presente em diversas situações de nosso cotidiano.
O futebol é um grande espelho da sociedade; tem todas as diferenças que nela existem. Mas é a única coisa que une o país, além da língua. ~ Ugo Giorgetti |
Se traçarmos um paralelo entre futebol e sociedade brasileira, notaremos que existem conceitos e metodologias semelhantes. O futebol acompanha a situação do nosso país, em certos clubes e regiões, ainda não se vê a sonhada democracia. Futebol e país, ambos se entrelaçam, pois é a paixão do povo. Como diria o ditado, “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
Por vezes, ou seguidamente, o futebol supera os interesses que realmente seriam importantes em relação ao nosso país. É comum ver protestos às diretorias ou jogadores, mas – atualmente – ver o povo brasileiro saindo para as ruas é algo difícil, para não dizer impossível.
Um exemplo claro de relação é as categorias de base, em relação às escolas fundamentais. Professores por vezes com formação inadequada – crítica ao formador e não ao formando -, consequentemente quem sai perdendo é o aluno. No futebol, existem gargalos na formação de jogadores, o arcaico modelo de “ensinar” futebol, o mercado fechado a novas gerações, bairrismo em relação à cultura estrangeira, enfim... Acredito que ambos apenas seguem um planejamento pré-estabelecido, os que tentam ser criativos e fogem a regra, logo são “caçados”.
As escolas se baseiam na teoria de aprendizagem por imitação e formação de hábitos, enfase na repetição, na instrução programada, para que o aluno - atleta- forme hábitos.
Outra relação que é possível gira em torno dos melhores estarem no topo. Discordo. Não sabe se o “top” seria melhor se lidasse com as categorias de formação. Atualmente os treinadores pegam “pepinos” e precisam encontrar uma maneira rápida de soluciona-los. Agora imaginem, se bons profissionais trabalhassem nas categorias de base, consequentemente a chance de formar bons atletas seria maior. Os professores de mesma maneira. Nas escolas a sua criatividade é contida, passa a ser apenas repassador de informação.
O PROFESSOR não deve ser um facilitador, ele precisa ser um DESAFIADOR do aluno. Ele precisa fazer com que o aluno perceba que ele necessita aprender cada vez mais, ou como dizia Sócrates, perceber que ‘só sei que nada sei’, para que este aluno entenda que o conhecimento é construído em uma aprendizagem constante.
O futebol como religião é uma alternativa à necessidade humana de crer, de promover a sagração de uma entidade, ocupando o vazio espiritual do mundo contemporâneo. Os jogadores são ídolos e os uniformes, seus mantos sagrados.
O povo e o torcedor, sim, apenas um ser, mas que se torna outra pessoa ao por o pé no estádio. Seguidamente ludibriados por políticos, em esfera publica e clubística. Atire a primeira pedra quem nunca foi enganado por lindas e promissoras promessas. No âmbito do futebol, entra e sai presidente e a promessa por títulos segue a mesma. No âmbito governamental, a promessa por igualdade social, melhor qualidade de vida, oportunidade de emprego segue a mesma a cada quatro anos.
O que falar nas “ditaduras” em clubes e estados de menor expressão? A compra de voto, ou fraude em eleições é algo “normal” e aceitável – não de maneira geral. Esta “ditadura” esteve diante de nossos olhos na CBF, com o senhorio Ricardo Teixeira. Em clubes? Eurico Miranda no Vasco da Gama.
Corrupção? Presente em todos âmbitos que se possa imaginar, desde o publico ao privado. Muitos crêem que ela esta se tornando cultura brasileira. Para mudar este paradigma devemos investir nas gerações futuras - não que as de hoje estejam perdidas. O caos não se restringe ao Brasil, na perfeita Europa existe corruptos iguais ou piores. Em seguida irei descrever o caráter e sua importância, é nisto que acredito para mudar nosso atual momento.
Faço das palavras de meu amigo Wagner Prado as minhas:
Corrupção é cultura de uma parcela, não do nosso país... O brasileiro é povo trabalhador! "Eu acredito é na rapaziada..." |
O atual cenário financeiro de nosso país embeleza o nosso futebol. Recontratamos craques – por vezes esculachados da Europa -, pagamos cifras inimagináveis a jogadores e comissão técnica. Acredito que está bolha –negativa- financeira pode estourar a qualquer momento. Em contrapartida, o estado se arrasta para melhorar as condições de nossos policias, professores, médicos, infraestrutura e etc.
Deixei por ultimo o mais importante das relações. A formação de caráter. Atualmente em nossa democracia extramente capitalista, a formação de alunos ou atletas esta voltada para o mercado de trabalho. Não tenho nada contra. Mas é preciso pensar se apenas isto basta. Não formamos um robô que vai do trabalho para casa, mas sim pais de família e integrantes de uma sociedade livre. Tenho certeza que a má formação de caráter resulta no que hoje estamos passando. Não apenas em âmbito nacional, pois os calhordas, patifes e seres de má fé estão em todos arredores do globo. No futebol é a mesma situação. Estamos cansados dos “coitadinhos” jogadores partirem para Europa ganhar mundos e fundos e reclamar de “adaptação”, passam a impressão que o brasileiro é desprezível e sem caráter.
Precisamos repensar em todas as escalas a nossa formação. A final, o que desejamos? Uma sociedade facilmente manipulada, sem voz própria, robotizada para atender ordem de seus superiores, ou, seres com ideias, conhecimento, propostas a um bem maior e assim melhorando a sociedade como um todo.
São dois textos interessantes que abrem um leque de pontos e contrapontos para um ótimo debate. No primeiro texto, tendo o professor como o elemento essencial para a formação do jogador de futebol e/ou esportista de outra modalidade. Penso que assim como em qualquer profissão temos ótimos profissionais e péssimos na área do ensino. Destaco que muitos não incentivam a prática de esporte, outros atuam mas não são capacitados em uma modalidade e tem uns poucos que realmente dominam. Nas séries iniciais, que seria a base é visível a falta de incentivo e de bons profissionais. No segundo texto, com uma conotação mais econômico-político vejo também que a falta de um ensino adequado desvirtua os futuros profissionais, políticos. Complementando a frase... "Corrupção é cultura de uma parcela que utiliza a máquina pública em busca de benefícios próprios". Será difícil um homem íntegro, ético, ocupar um cargo de liderança política sem que faça acordos escusos. Que após eleito terá que de alguma forma pagar pela sua "vitória". Em suma, penso que embora complexo, com investimento na formação do profissional (educador) e no educando haverá uma melhora significativa na qualidade dos profissionais da bola e consequentemente na visão dos nossos jogadores no exterior.