Novo Hamburgo, passando pela retranca à goleada

O confronto seria digno de David e Golias, desta vez o pequenino David não teve chances perante o gigante. O Novo Hamburgo se absteve a se retrancar no primeiro tempo e tentar sair para o jogo no segundo tempo. O Nóia antes do jogo gozava de ser a defesa com menos gols sofridos, contra o tricolor, buscou a bola as redes cinco vezes.

3-5-2, vulgo retranca

Itamar Schulle, treinador do Novo Hamburgo, armou uma retranca digna de gaúcho. No primeiro tempo no 3-5-2 abrasileirado, sim, abrasileirado. Este 3-5-2 com bola logo passava para um 4-4-1-1 sem bola, graças ao recuo dos laterais se alinhando aos zagueiros e Juba recuando para acompanhar Gabriel.


Como de praxe neste sistema o Novo Hamburgo marcou individualmente alguns jogadores do Grêmio. Luis Henrique ficava mais a esquerda junto a André Lima, Alexandre o zagueiro da sobra e Anderson Paulino perseguia Kléber em todas as zonas do campo. O volante Chicão “pegava” Marco Antônio, Zaquel recuava e se agrupava aos homens de meio, ou, cobria apoio de Juba, Marcio Hahn rondava Léo Gago e Pedro Silva encostava-se a Julio Cesar. Mendes e Clayton não possuíam funções defensivas.


Defensivamente se viu um buraco as costas de Juba. Luis Henrique e Zaquel não conseguiram  se posicionar para preencher este espaço.


Com Juba vindo de trás e compondo ataque junto a Mendes, Zaquel fazia função de ala pela esquerda. Marcio Hahn a exemplo de Zaquel, cumpria mesma função. Os ataques se davam por jogadas pelos flancos, ou, ligação direta procurando Mendes. Presença ofensiva composta por no máximo quatro homens: Alas, meia e centroavante.

Para melhor explicar o 3-5-2 brasileiro, me faço das palavras de Eduardo Cecconi:

O que acontece quando toda sua equipe marca individualmente em todos os setores? Ela se desorganiza. Acompanhem: quando os adversários se movimentam, arrastam consigo suas ‘sombras’. Levam o marcador individual para onde quiserem. Quando a equipe recupera a bola, não há como prever qual o posicionamento dos atletas para a transição ofensiva. Eles estão onde os adversários os deixaram. Espalhados sem uma ordem. Por isso recorre-se tanto, nos 3-5-2′s à brasileira, à ligação direta. É preciso dar um ‘chutão’ para o atacante segurar a bola enquanto a equipe se reorganiza, abdicando da articulação curta pelo chão, inviabilizada em razão das perseguições.”

Defensivamente o time se postava atrás da linha do meio campo e chamando o Grêmio para seu campo. Quando o tricolor passava pela linha central, logo encontrava um paredão de camisas brancas. Esta cortina branca lutou para não sofrer gols, mas Juba não conseguiu anular Gabriel ou intimida-lo a jogar em suas costas, o lateral em bela jogada serviu André Lima.

Com o fato de Juba recuar para tentar acompanhar Gabriel, o setor de ataque, leia-se Mendes, não levou perigo a zaga tricolor. Mendes ficava penando junto aos zagueiros. Com esta desorganização na transição ofensiva a bola não passava pelos pés de Clayton. A ligação direta, seguidamente foi utilizada e sem sucesso. As tentativas que geraram “perigo” foram em chutes de fora da área e pelo lado direito com Pedro Silva. A principal jogada deste 3-5-2 seria o pivô de Mendes, mas o centroavante sequer conseguiu ir de encontro a ela.

Espelhando, a goleada

É histórico e reconhecido por todos que treinadores adoram espelhar sua equipe em relação à adversária. Itamar Shulle agiu desta maneira, infelizmente de maneira equivocada. Saindo do 3-5-2 para o 4-3-1-2, porém sem a qualidade do tricolor, logo foi envolvido e se perdeu em campo.


Para esta mudança de esquema uma alteração foi feita. Pedrinho entrou no lugar de Luis Henrique. Com dois laterais ofensivos os buracos as costas dos mesmos era esperado e foi bem explorado pelo Grêmio. O tripé de volantes frente à zaga não conseguiu se impor com marcação frente ao tripé tricolor.

Sem um homem na sobra defensiva e com Kleber abrindo espaço, o Novo Hamburgo se perdeu defensivamente. Com o passar do tempo e os gols sofridos o time acabou no desespero procurando o empate, os espaços aumentaram e a fragilidade defensiva só aumentava.

Com um meio campo ainda mais fraco, em relação ao adversário, a ligação direta procurando Mendes seguiu sendo a principal “arma” do time. Os volantes pouco apareceram a frente e a bola rifada não ajudava em nada.

Semelhante ao primeiro tempo, a linha defensiva recuada chamava o Grêmio para seu campo, mas diferente do primeiro tempo, não houve um agrupamento de jogadores frente à área. A marcação desleixada foi um abraço para os homens de frente do tricolor.

Acredito que a atitude do treinador em espelhar o esquema tricolor esta ligada aos quatro gols sofridos no segundo tempo. Se os grandes treinadores só espelham o esquema para terem vitoria pessoal nas posições em comparação ao adversário , porque em um clube com menor qualidade o treinador iria espelhar o esquema do adversário? Só uma explicação, tentar anular as principais peças. As mudanças de Itamar foram tantas que seus jogadores não as compreenderam e na pratica o caos em campo foi iminente.

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