Jogo para estrear o novo gramado da Vila Belmiro não poderia ser um jogo qualquer. Santos e Corinthians abriram as portas, ou melhor, dizendo, carimbaram o gramado em um clássico surpreendente. Digo que este clássico me surpreendeu pelo que as equipes demonstraram em campo, primeiro defenderam e só após pensaram em atacar e com extrema cautela.
Santos vem mantendo o hibrido 4-3-1-2/4-2-3-1, lembrando muito Dunga e o atual Mano Menezes na seleção. Sem posse da bola, Ibson recua e se alinha ao lado dos volantes. Com posse de bola, Ibson adianta e forma linha de três com Ganso ao centro e Neymar na esquerda.
Tite optou por preservar alguns titulares. O 4-2-3-1 do Corinthians primeiro pensou em como parar o Santos de Neymar e Ganso, só após isto atacar com pouca efetividade. Não que o gol Corinthians não tenha criado chances, mas esperava-se mais do que um time que só marcou, diga-se de passagem, muito bem.
Santos optou por marcar e anular Alex, para isto, Henrique colou no camisa 12. Por onde Alex transitava, lá estava Henrique. Em contrapartida o Corinthians tentou anular os laterais do Santos com Jorge Henrique e William acompanhando-os. William jogava as costas de Juan, e por ali levou perigo. Jorge Henrique esteve mais preocupado em marcar Fucile, do que jogar com bola. Com leve superioridade no lado esquerdo de ataque santista – conseqüentemente direito de defesa Corinthiana – Tite resolveu inverter William por Jorge Henrique, isto para marcar saída de bola em Juan e fechar parecia com Neymar. A inversão diminuiu o ritmo do time praiano.
Ofensivamente ambos os times truncavam o meio campo. O Santos tentava criar, mas encontrava um paredão a sua frente – linha defensiva de quatro jogadores, dois volantes, dois wingers que recuavam. O Corinthians mais se preocupava em como parar o Santos, e não sabia o que fazer com a bola nos pés. Adriano não foi Imperador, se quer Pebleu.
Logo abaixo a clara imagem do 4-2-3-1 do Santos.
Aqui fica claro o 4-2-3-1 montado por Muricy. |
O Corinthians sobrevivia de contra-ataques as costas de Juan. O Santos tentava encontrar espaço pela esquerda, mas foi com Fucile que levou perigo a linha de fundo. O alvinegro praiano rodava a bola e tentava encontrar espaço entre as linhas do Corinthians, tarefa difícil devido ao retranquismo de Tite.
Ao contrario do Santos, Tite, prendeu seus laterais, pouco se viu o apoio de Fabio Santos. Weldinho ate se aventurou no ataque, mas assim deixou Neymar solto. Edenilson por vezes fez arrancadas, só que logo parava por falta de companhia. Arouca foi figurinha carimbada no ataque, por vezes se via 6 ou 7 jogadores no campo do Corinthians.
Com o passar do tempo a equipe de Tite conseguiu rodar a bola, mas longe do gol. Adriano não conseguiu fazer o pivô e não teve companhia dos wingers. Efetivamente Tite conseguiu anular Ganso, fez o meia recuar e ter que armar da linha central do campo. Faltou ao Corinthians maior poder ofensivo, para o Santos, Ganso e os demais acertar o ultimo passe.
Não vou dizer que Ganso marcou, mas ocupou espaço. Em um lance Ganso saiu do ostracismo que estava na marcação para poderoso combatente defensivo. Desarmou Adriano e aplicou meia lua no imperador. A marcação foi diferenciada neste clássico, presente em ambos os times. Taticamente, Ibson era o coringa do 4-3-1-2 e 4-2-3-1. No primeiro tempo ficou mais preso a marcação. No Corinthians, o 4-2-3-1 se tornava um 4-4-1-1, pois o recuo dos wingers era tanto que ficavam atrás da linha do meio campo e chegavam a se alinhar com volantes.
Flagrante tático. Santos saindo do 4-2-3-1 para 4-3-1-2. Corinthians em seu campo defensivo com wingers recuados para acompanhar laterais, quase um 4-4-1-1. |
Segundo Tempo
A inversão de Willian e Jorge Henrique se manteve – Willian na esquerda e J.Henrique na direita. No Santos, Ibson esteve mais solto, compareceu mais no campo ofensivo. A movimentação que faltou no primeiro tempo sobrou no segundo. Ibson aos 12 minutos marcou o gol da vitoria em tabela com Ganso, deve-se ressaltar o passe genial de Ganso, Ibson saiu da direita e apareceu na esquerda para marcar.
O cansaço corinthiano era evidente. Os wingers já não acompanhavam mais os laterais do Santos. Ibson teve outra boa chance, novamente na direita. Adriano seguiu isolado a frente, mas tentava, sem sucesso, voltar para buscar jogo e jogar de costas.
Corinthians mantém esquema no 4-2-3-1 após mudanças. Santos mantém hibrido com Elano. |
Mesmo antes de estar perdendo, Tite, já tinha demonstrado o interesse de mudar. Willian, extenuado deu lugar a Ramirez e mais tarde, Elton entrou no lugar de Adriano. Ramirez cumpriu mesma função de Adriano.
Muricy, pôs em campo o que todos esperavam. Ibson deu lugar a Elano e Borges a Kardec. Nada mudou no time alvinegro praiano.
O jogo em si se tornou aberto. O Corinthians tentava atacar. O Santos respondia em contra-ataques de velocidade e sempre levando perigo a Julio Cesar. Para piorar, Wallace sentiu , foi valente e continuou em campo, mas jogou no setor de ataque, assim desfalcando a defesa e só fazendo volume no ataque.
Creio que foi merecida a vitoria Santista, pois procurou o ataque e o gol. Tite por pouco não conseguiu o sonhado empate, pois preservou jogadores. Se não fosse por uma genialidade de Ganso, o empate não escaparia de suas mãos.