Para muitos críticos e entendedores de futebol, Pep Guardiola não é um treinador genial, apenas não interfere no andar da carruagem. Mas precisamos concordar que possui méritos e muita credibilidade com seus comandados. Os jogadores que não se adéquam a filosofia de jogo do time catalão “riscam o pé”, exemplos têm aos bocados: Ronaldinho, Henry, Hibrahimovic, Eto’o, Deco, Yaya Touré, Bojan, Giovanni dos Santos.
Algo que explica este amor ao clube é que Pep Guardiola, por exemplo, foi formado nesta escola. Era garoto da base, subiu para a equipe profissional ainda com Cruyff, virou técnico da base e quando foi chamado para a equipe principal manteve por política e convicção ao estilo consagrado. Sua principal característica é montar grupo em que os jogadores se tornam amigos, sem vaidades.
Guardiola pega um time destroçado em 2008. Moralmente destroçado. A qualidade estava lá, logicamente, mas era necessário resgatar uma equipe que não acreditava mais em si e que não tinha nenhum comando.
Estava clara a idéia de Pep. Aparentemente Ronaldinho e Deco eram as laranjas podres do cesto. Giovanni dos Santos foi influenciado negativamente pela dupla, para um bem maior os três acabaram saindo do Barcelona. Alguns ainda colocam Bojan como promessa infectada pelos brasileiros.
É claro. Pep já sabia o craque que tinha em mãos. LIONEL MESSI, jóia rara, não poderia perde-lo por vaidade e a famosa mascara dos boleiros.
Pep se desfez de Samuel Eto’o. Com um pouco mais de relutância, manteve o camaronês em seu elenco e fez com que ele se tornasse uma das peças chave do Barcelona campeão europeu da temporada 08/09. Mas o bom convívio durou pouco: na temporada seguinte, Eto’o era trocado pelo sueco Zlatan Ibrahimovic. Erro fatal!
Não só Eto’o era novamente campeão europeu – daquela vez pela Inter – como Ibrahimovic se tornaria um tormento na vida de Guardiola. O pouco futebol apresentado pelo sueco era nitidamente contrastado com os 68 milhões de euros investidos pelo Barça. Ibra virou banco e obviamente não gostou disso.
O caso de Henry foi parecido com o de Hibra. Jogador medalhão que não se adaptou a maneira do clube, começo empolgante, mas com o passar do tempo o desgasto foi eminente.
Quem colocou a boca no trombone foi Yaya Touré, este que não compreendeu o porquê de sal saída prematura do clube.
- Não consegui falar direito com ele durante uma temporada toda. E, quando era possível, falava coisas estranhas, pouco comuns a um treinador. Se tivéssemos conversado bem, provavelmente ainda estaria no Barcelona, Guardiola não confiava em mim. Sempre que falávamos, ele me deixava sem resposta e era pouco claro nas justificativas para me deixar fora da equipe. Até que surgiu a oferta do Manchester City. Nesta época, confesso que até a minha família começou a pensar que havia um problema qualquer com ele. Sempre pensei que tinha condições para encerrar a minha carreira lá, mas estava enganado - desabafa Yaya.
Com o passar do tempo, reformulação de elenco e aposta nos jogadores certos, Guardiola colocou suas idéias em prática e foi diretamente responsável pelos 12 títulos (de 15 possíveis) conquistados pelo Barcelona.
Abriu mão de ter um número 9, um atacante de referência; reinventou um Messi como falso centroavante, se movendo entre linhas e permitindo as movimentações em diagonal de seus 'pontas'; trouxe Busquets e Pedro da base para serem titulares até da seleção; adaptou seu sistema ao melhor lateral do mundo, em vez de fazer o contrário; acreditou nos baixinhos; acabou com a concentração; enfim, a lista é longa.
Abriu mão de ter um número 9, um atacante de referência; reinventou um Messi como falso centroavante, se movendo entre linhas e permitindo as movimentações em diagonal de seus 'pontas'; trouxe Busquets e Pedro da base para serem titulares até da seleção; adaptou seu sistema ao melhor lateral do mundo, em vez de fazer o contrário; acreditou nos baixinhos; acabou com a concentração; enfim, a lista é longa.
Guardiola tem o grupo nas suas mãos, quem não se adequar é "convidado" a se retirar |
- A perfeição não existe, mas você tem que buscá-la mesmo assim.
- O maior risco que você pode correr é não correr riscos.
- Não estou aqui tratando com jogadores, estou tratando com pessoas. Que têm medos e se preocupam em não fazer papel de bobos diante de 80 mil pessoas. Eu tenho que fazê-los perceber que, sem estarem juntos, eles não são nada.
Guardiola não dá entrevistas exclusivas nem para a TV do clube. As frases acima, belíssimas, vêm todas de coletivas. Ele não é metido a poeta, mas fala bem como poucos e mostra, com palavras, como é como pessoa. A construção da história do Barcelona nos últimos 30 anos tem Cruyff como grande mentor, Guardiola como perfeito seguidor e, possivelmente, Xavi como futuro receptor do bastão.
Parabéns! Excelente postagem. Só uma correção, é "Ibrahimovic", sem o "H"