Não há como fugir da “moda”, mesmo que esta esteja ligada ao
futebol e a uma peculiaridade, esquema tático. Por décadas e décadas tivemos
revoluções de sistemas táticos e clubes aderindo o esquema do momento, hoje, o
4-2-3-1 espraiou-se pelos quatro cantos da terra onde há pratica de futebol e
um mínimo de organização.
Fernandão não foge a regra, o treinador colorado já tinha
declarado que seu time ideal teria como base o 4-2-3-1, o jovem treinador cumpriu
a promessa. Para ser adotado, o modismo dos três meias necessita de um
enganche, presente no plantel colorado, mas lesionado até então. Fernandão
esperou D’Alessandro recuperar para lançar o 4-2-3-1, deu resultado, 4x1 e bela
atuação de D’Alessandro.
Diagrama tático. Inter ni 4-2-3-1. Setas amarelas movimentações defensivas, setas pretas ofensivas. |
Para leigos, este é o mesmo esquema que Dorival Junior se
apegou no Inter e não largou ate ser demitido. Outro treinador que ganhou
reconhecimento ao adotar este foi Celso Roth, alias, Roth, atual treinador do
Cruzeiro, diz-se pai da “criança”, se intitulando o importador do 4-2-3-1 em épocas
modernas.
Deixando de lado o placar e analisando friamente a estratégia
colorada imposta sob este 4-2-3-1, fica claro que, Fernandão exige transição rápida
e lançamentos em profundidade para explorar velocidade de seus meias.
O Inter executou uma movimentação diferenciada de como manda o gabarito deste esquema. A equipe gaucha atua com dois wingers marcando o trilho no campo, avançando e recuando, mas não atuando por dentro ou invertendo com D’Alessandro. O argentino é quem aproxima dos wingers para tabelar, D’Ale é um pendulo, ora na esquerda, ora na direita.
O Inter executou uma movimentação diferenciada de como manda o gabarito deste esquema. A equipe gaucha atua com dois wingers marcando o trilho no campo, avançando e recuando, mas não atuando por dentro ou invertendo com D’Alessandro. O argentino é quem aproxima dos wingers para tabelar, D’Ale é um pendulo, ora na esquerda, ora na direita.
Transição ofensiva, com bola recuperada em faixa
intermediaria ou ofensiva, é acelerada, seja pelos flancos com wingers ou à
frente para Damião, de costas com opção de girar ou servir quem vem de trás. O
sentido do passe era vertical, rasteiro, sempre à frente, de preferência, com D’Alessandro
articulando, já que executa função de enganche.
O lançamento às costas dos laterais, explorando a lenta defesa carioca foi outra arma colorada, principalmente com Fabricio e Nei pelas laterais e Fred as costas de Léo Moura. Falando em Fred, o garoto atuou de pé trocado pela esquerda, procurando o centro e abrindo corredor para passagem de Fabricio. Pelo lado direito, Forlán é ambidestro, mas, semelhante a Fred, infiltrava e abria corredor para Nei. Porém, mesmo com corredor livre, o cruzamento era deixado em segundo plano, no máximo bolas rasteiras na altura de cintura.
O lançamento às costas dos laterais, explorando a lenta defesa carioca foi outra arma colorada, principalmente com Fabricio e Nei pelas laterais e Fred as costas de Léo Moura. Falando em Fred, o garoto atuou de pé trocado pela esquerda, procurando o centro e abrindo corredor para passagem de Fabricio. Pelo lado direito, Forlán é ambidestro, mas, semelhante a Fred, infiltrava e abria corredor para Nei. Porém, mesmo com corredor livre, o cruzamento era deixado em segundo plano, no máximo bolas rasteiras na altura de cintura.
Como manda o gabarito
Marcação colorada foi em relação à bola, claro, sempre
tentando impedir o avanço adversário, portanto, não havia posicionamento fixo,
por exemplo: atrás da linha do meio campo.
No campo do Flamengo, o Inter seguia marcando no 4-2-3-1com seus homens de ataque a saída de bola adversária. Fred, D’Alessandro, Forlán e Damião não davam bote, mas fechavam espaços. O Inter, a exemplo da “moda” mundial, variou para o 4-4-1-1, quando o time passava a marcar em faixa intermediaria, em duas linhas para bloquear os avanços dos laterais e dobrar “marcação” pelo lado do campo.
No campo do Flamengo, o Inter seguia marcando no 4-2-3-1com seus homens de ataque a saída de bola adversária. Fred, D’Alessandro, Forlán e Damião não davam bote, mas fechavam espaços. O Inter, a exemplo da “moda” mundial, variou para o 4-4-1-1, quando o time passava a marcar em faixa intermediaria, em duas linhas para bloquear os avanços dos laterais e dobrar “marcação” pelo lado do campo.
Flagrante tático. Inter postado defensivamente em duas linhas de quatro, wingers alinhando com volantes. |
Estas duas linhas restringiam-se a marcação intermediaria – zona central do meio campo - e inicio do campo defensivo, caso a bola passasse faixa central de meio campo, perto da grande área, elas se desfaziam e, sendo generoso, o Inter passava a defender com sete jogadores: linha de quatro jogadores, dois volantes e Fred baixando pela esquerda. D’Alessandro recuava, alinhava-se a Fred, mas sua função era de pegar rebote defensivo e tramar contra-ataques em velocidade. Forlán só recuava para acompanha lateral e não deixar Nei sobrecarregado.
Portanto, sem Forlán fechando lado direito de defesa, um buraco por aquele setor ficava nítido, sorte colorada que a equipe de Dorival Junior não soube inverter bolas em velocidade.
Flagrante tático. Inter posicionado defensivamente, mas sem a figura de Forlán pelo setor esquerdo. |
Além das duas linhas ao defender em campo médio e alto, o
Inter compactava estas linhas. Não havia espaçamento, vazios, entre
defesa-meiocampo.
Podemos definir o Inter em duas linhas, quando em posicionamento defensivo intermediário - zona central do campo -, pois, quando o Flamengo adentrava além da terceira fase de criação, o colorado abandonava as duas linhas, Forlán e, diversas vezes D'Alessandro não acompanhavam o bloco defensivo de seu time.
Podemos definir o Inter em duas linhas, quando em posicionamento defensivo intermediário - zona central do campo -, pois, quando o Flamengo adentrava além da terceira fase de criação, o colorado abandonava as duas linhas, Forlán e, diversas vezes D'Alessandro não acompanhavam o bloco defensivo de seu time.
Flagrante tático. Inter compactado em duas linhas de quatro prestes a fazer o quarto gol. |
Quando o Inter precisava sair tocando em sua intermediaria,
algumas limitações ficavam nítidas. Por diversas vezes o lançamento a frente,
sem direção alguma, foi especulado. Por outros momentos, Fred e D’Alessandro
tentavam dar tons de sobriedade as transições. Este foi uma dificuldade já que,
Flamengo, defendendo no 4-1-4-1, fechava setores quando posicionado em seu
campo.
Citei alguns parágrafos anteriormente que o Inter preferia jogar em velocidade, explorando os espaços cedidos pelo adversário. Porém, o jogo não foi todo executado em transições de velocidade. Em certos momentos o Inter teve de armar seu ataque de maneira posicional: estilo de jogo que dita o ritmo da partida, trocando passes para encontrar espaços e esperando time tomar forma no 4-2-3-1.
Nestas fases, o Inter encontrou imensas dificuldades, pois não atacava em bloco, portanto, jogadores estavam afastados e passes teriam de ser longos, fugindo a regra do ataque posicional. Alem disto, o avanço para as fases finais - três-quartos e adiante do campo - não era de fácil acesso, em virtude do adversário.
Com posse de bola, laterais passavam, por vezes,
simultaneamente, para isto, os dois volantes não avançavam. Josimar recuava
pelo centro, Guiñazu cobria passagem de Fabricio e Moledo cobria espaço de Nei,
Indio ficava pelo centro, uma espécie de losango defensivo era formado.
O 4-2-3-1 colorado, a exemplo dos demais clubes brasileiros
que optaram por este esquema, pode dar certo. Ressalto que independente destes “numerozinhos”
é de suma importância a estratégia adotada. Os três meias precisam estar em
sintonia e são eles quem ditam o ritmo dos demais, a movimentação é essencial e
o termômetro para o bem andar da carruagem.