O dia é deles (Fernandão) - XII


Surpreendente a atitude de Fernandão na coletiva do pós-jogo entre Internacional x Sport. Perante o que foi a partida, em especial primeiro tempo, criticas eram esperadas, mas não de forma direta e com dedo em riste. O treinador trouxe átona o que todos desconfiavam, a zona de desconforto de um grupo privilegiado,  mas com os dias contados perante o discurso eloquente de Fernandão.

Recém-chegado ao rincão, o patrão colorado conhece a estância que esta sob seus pés. Porém o cargo de comandante a beira das quatro linhas é novidade. Fernandão quer domar de qualquer maneira o selvagem cavalo crioulo que é seu grupo, cavalo este que já desbancou demais peões ao tentarem doma-lo.

O treinador não poupou palavras para com seu elenco. Sem papas na língua, utilizando-se de ríspidos dizeres, Fernandão aplicou uma lição de moral em seus comandados. O comandante soube ser paizão, ao melhor estilo Joel Santana, quando o momento carecia um comandante desta estirpe, porem, o atual cenário do beira-rio necessita de um terremoto no vestiário, Fernandão o fez. Tenho absoluta certeza que o futuro do grupo é um rio bifurcado, de um lado um caminho seguro, e calmo, de outro, rio agitado, pedregoso e hostil: primeira opção é o grupo "cair" na realidade, sai da dita zona de conforto e fica nas mãos de Fernandão; por outro lado o pior pode acontecer, devido a um discurso realista, o grupo pode assentir e virar-se contra o treinador, querendo desbanca-lo do cargo e seguir sua rotina. Independente do rumo, Fernandão tomou a melhor atitude possível, trouxe a tona um grave problema de outrora e pôs os pingos nos is.

Com voces alguns dos dizeres do treinador:

- Eu estou dando minha declaração para que eles escutem mesmo. O primeiro tempo foi vergonhoso. Ou eles aceitam ou a gente tem que parar -, prosseguiu o Fernandão na bronca e afirmando saber que o desempenho da equipe pode colocar em dúvida até a permanência do treinador na equipe, mesmo com o ex-atacante e capitão na conquista da Libertadores de 2006 sendo um dos maiores ídolos recentes do clube.

- Eu sei que é o meu que está na reta aqui e sei que qualquer problema vai estourar em cima de mim -, disse Fernandão.

- É difícil chegar na beira do campo e rezar para saber qual time vai jogar, o que briga e luta pela vitória ou o que fica parado apontando dedo e reclamando dos companheiros. A atitude do primeiro tempo foi vergonhosa e os jogadores precisam aceitar isso. Quem não aceitar pode sair daqui -, cobrou.

- É de elogiar a atitude do torcedor. Hoje era dia de vaiar e xingar. Eu queria estar em qualquer lugar da Terra e não onde eu estava, mas no segundo tempo eles apoiaram a equipe e os jogadores mudaram a atitude no segundo tempo. Principalmente os jogadores de frente e a gente fez com que o time do sport recuasse todo -, prosseguiu o treinador, que também criticou longamente a inconstância da equipe.

- Para mim, esse é o grande problema: a gente nunca sabe como o time vai entrar em campo. No primeiro tempo, foi nítida a questão de que acharia que ia ganhar quando quisesse, que ia dar caneta, chapéu... mas isso não acontece. Ontem, já disse que não há jogo fácil. Mentalmente, hoje não estamos preparados para nada nesse campeonato. É difícil entrar sem saber qual time vai entrar em campo. A zona de conforto tá muito grande aqui. Ou você sai de lá ou começa a buscar peças -, disse o treinador, dando o alerta para vários atletas do elenco.

- Tem de sair da zona de conforto. Você tenta ser amigo, tenta conversar, tenta levar numa boa. Há vários perfis de treinador. Não sei se o perfil do momento é o do cara amigo. Já tive técnicos duros e tipo paizão.

- Tem de sair da zona de conforto. Você tenta ser amigo, tenta conversar, tenta levar numa boa. Há vários perfis de treinador. Não sei se o perfil do momento é o do cara amigo. Já tive técnicos duros e tipo paizão, mas não dá para rezar a cada jogo para ver o que vai acontecer. Sou bem preparado, não fujo, eu tenho que falar o que é a verdade. Fiquei envergonhado. Ou a gente sai da zona de conforto ou a equipe não vai brigar nada por campeonato -, prosseguiu.

- Faltam 13 jogos para terminar [o Brasileiro]. Quem quiser, vai continuar jogando e quem não quiser vai continuar recebendo. Aqui é o melhor lugar do mundo. Falo isso para se indignar, o Inter precisa brigar por cima e tem que se indignar. O Sport trocou totó aqui em casa. [O Inter] é um time que tem uma qualidade imensa. Mas técnica ganhava nos anos 70 e hoje não ganha nada, quem tem técnica mas não tem mentalidade, física e tática não vence nada. Ou se tem essa mentalidade de buscar algo para carreira ou então vai ficar complicado. 

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