Mano, mais perdido que cego em tiroteio


Amistoso entre Brasil e África do Sul em pleno feriado do dia sete de setembro, data comemorativa de nossa independência. Ressalto que independência em relação a Portugal, éramos colônia e nos tornamos uma republica. 
No âmbito futebolístico, ainda estamos sob amarras da CBF e seu cartel que envolve transações, calendário dentre outras mirabolantes e inexplicáveis atitudes. Portanto, tratando de futebol, não há nada para comemorar.

Mano Menezes sequer definiu seu esquema para Copa do Mundo de 2014. Durante o período dos jogos Olímpicos, o 4-4-2 em duas linhas parecia ser o esquema que agradava o selecionador brasileiro. Para partida contra sul-africanos, seguiu as duas linhas, mas com configuração diferenciada. A segunda linha foi composta por: Lucas, Oscar, Rômulo e Ramires; Lucas winger de pé certo na direita e Ramires de pé trocado na esquerda, Oscar como legitimo Box-to-box ao lado do volante Rômulo.
Confesso que não foi agradável aos olhos esta formação, lhes explico: Não é novidade para Oscar e Ramires estas posições, porém, Ramires, no clube londrino, atua em transição – contra-ataque – e, na seleção, o estilo de jogo é tocado, criando e Ramires precisa jogar de costas e com arrancadas limitadas pelo campo; Já Oscar atuou desta maneira nas seleções de base do Brasil e no Internacional, não é novidade, mas, devido ao curto espaço de tempo para treinar, faltou “liga” entre os demais meio-campistas.

Na casa mata não parecia que estávamos sob o comando de Mano Menezes, a seleção tinha pitadas de Carlos Alberto Parreira. O tempero de Mano Menezes se confundiu com excelentíssimo Parreira por adotar a estratégia de uma seleção que toca, toca, toca e não chega a lugar algum. Jogadores próximos, setores longínquos, esta foi à tônica do Brasil.
O toca-toca brasileiro tem nome: ataque posicional com saída por bloco baixo e jogadores fixos, amarrados, estáticos. O exemplo de maior impacto é Lucas. Escalado como winger, o são paulino ficou restrito ao flanco direito, facilmente marcado e previsível com bola nos pés. Sem contar que Lucas não executava função ao defender como manda o gabarito do winger: recuar, se preciso, até sua linha de fundo.

Flagrante tático. Brasil postado no 4-4-2 em duas linhas. Reparem que Lucas não fica alinhado a Ramires.

 Teoricamente, apenas teoricamente, o lado de maior “encantamento” brasileiro seria o direito com Daniel Alves e Lucas pelos flancos e Oscar fechando triangulação pelo centro, porém, este esteve apagado e pouco acionado durante partida.
Setor esquerdo tinha Marcelo e tão somente Marcelo. Ramires como winger pela esquerda e jogando com ataque posicional não se econtrou.
Rômulo atuou como primeiro volante com meio campo em linha, teoricamente impraticável, pois é necessário que os “volantes” auxiliem tanto defensivamente quanto ofensivamente.

Transição defensiva por pressing. Em suma, a seleção optou por realizar a transição por pressing, ou seja, pressionando logo que a bola é perdida no campo ofensivo. Este pressing estava presente e dosado durante laterais, tiros de meta, ataque posicional já postado no campo do adversário. 
Não por acaso esta estratégia foi adotada. Caso a bola seja recuperada no campo de ataque, o adversário esta desorganizado e a bola esta mais perto do objetivo – gol – levando o adversário a quebrar – balão – ou perder a posse de bola. Portanto, recuperar a posse de bola no campo de ataque e logo transitar em velocidade é contra-atacar.
Porém, o grau de perfeição brasileiro nestes pressing’s foi de baixo acerto ou, corriqueiramente, obrigando os africanos a “quebrar” e devolver a posse ao Brasil aos zagueiros e/ou goleiro.

Flagrante tático. Pressing brasileiro com superioridade no setor, 6x5.

Posicionamento ofensivo foi sonolento. Por tramar jogadas em bloco baixo e este mesmo bloco estar recuado e distante dos meio-campistas, os passes laterais, recuados foram em excesso, quando não havia lançamentos a Neymar e Damião.
Para fugir deste vicio, Mano armou a seleção no 4-2-3-1 na metade para o fim do primeiro tempo. Oscar passou a ser o legitimo “camisa 10” brasileiro e Ramires formar volancia ao lado de Rômulo. Com Oscar armando pelo centro, era ele quem recuava para abrir o jogo e iniciar as jogadas, seja recuando entre volantes ou pelas laterais, um legitimo “faz tudo”.

Flagrante tático. Brasil deixa de lado duas linhas e adota 4-2-3-1.

O 4-2-3-1 passou a ser o esquema adotado para segunda etapa e com mesmas ou semelhantes estratégias. O pressing brasileiro passou a ser com menor intensidade e os momentos defensivos com maior presença. Este posicionamento em fase defensiva tinha excesso de desrespeito as funções atribuída aos jogadores. Oscar tinha de recuar e formar um triangulo no meio campo com Ramires e Romulo para compensar a desobediência dos wingers Neymar e Lucas.  Sem os flancos ocupados, a Africa do Sul passou a ter maior liberdade e conseguindo trocar passes. O tripé, ora de base alta, ora de base baixa, passou a bascular de lado a lado e, por vezes, abrindo o corredor central para cobrir o flanco.

Flagrante tático. Oscar já no 4-2-3-1, recua para iniciar ataque.

A exemplo do 4-4-2 em duas linhas, o 4-2-3-1 careceu de maior movimentação. Citado anteriormente, Oscar foi “pau para toda obra”, lembrou a função de carrillero, pois marcava trilhos no campo ao defender junto aos volantes e atacar com meias e Damião. Porém, Lucas e Neymar seguiam devendo.

Infelizmente, Mano ainda não possui ou não conseguiu impor um estilo de jogo a seleção brasileira. Não há uma constante de exibições e performances de encher os olhos. A variação entre as duas linhas e o "modismo" do 4-2-3-1 é constante e sem resultados.
Não serei categórico ao afirmar que Mano balança. A torcida paulista é exigente e, antes dos cinco minutos de jogo, já disparava vaias a seleção. De nada adianta bradar aos quatro ventos nomes de jogadores sequer selecionados ou treinador para o posto, como diria José Wilker na novela senhora do destino: "o tempo 'ruge' e a Sapucaí é grande".
 A corneta em nada ajuda dentro das quatro linhas. Porém, põem duvida em Marin se Mano Menezes é o nome certo para 2014.

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