Seleção brasileira de futsal, analisando as CINCO equipes


Bem como no futebol de campo, o futsal brasileiro atrai olhares do mundo inteiro, quando joga, olhares de desdém. A qualidade brasileira chama atenção e destoa dos demais países. 
Nesta noite de quarta feira, Brasil e Polônia protagonizaram um encontro que ressalta diferentes maneiras de jogar. Brasileiros propondo o jogo com movimentação, posse de bola e buscando o gol a todo o momento. Poloneses recuados, esperando a melhor oportunidade, marcando em sua quadra e, agradecendo por ter um grande goleiro.

Diferente do futebol de campo, quais muitos estão acostumados, o futsal não possui limite de substituições. Não se assustem em ver três ou quatro times abaixo. A intensidade na qual o esporte é praticado necessita de substituições e, cabe ao treinador por o melhor em quadra.

Marcos Sorato, novamente, diferente do futebol de campo, não possui um único esquema em suas quatro equipes. Mas se assemelha a, uma “nova onda do futebol moderno”, de ter variações sem mudar jogadores em campo ou quadra.
Semelhante a este modo joga a equipe de Sorato. Por diversos momentos não possui dois jogadores clássicos do futsal: fixo, jogador mais recuado e como o nome já diz, pouco se movimenta, último – homem, beque; pivô, homem da frente, jogador mais ofensivo, quem joga a frente e fez parede para “pizada”, “rolada”, parede.
Felizmente o futsal evoluiu e hoje contamos com jogadores universais: “atleta que sabe atuar em todos os setores da quadra. Na realidade é um jogador completo, versátil, que desempenha todas as funções com naturalidade. Marca e ataca com desenvoltura e muita técnica.”
É com este jogador universal que a diversidade de esquemas acontece em quadra com intensa movimentação, troca de posições e jogadores que flutuam pela quadra.

Rodizio entre quadro jogadores.

Neste jogo contra Polônia o Brasil apresentou CINCO equipes diferentes. Cada uma com suas peculiaridades. Mas, mesmo com diferentes jogadores em quadra, a proposta de jogo imposta pelo treinador impera. Exemplos: Sem posse de bola o Brasil sempre marcou sob pressão quem estava com bola e forçando ao erro para logo recuperar posse de bola; jogo mais cadenciado priorizando a posse de bola, mas sempre na quadra ofensiva; chutes de fora d’área.
Infelizmente a seleção demonstrou algumas sérias carências: ausência de jogados de pivô, ate pela falta deste; jogo centralizado e afunilando por demais; jogadores “entregues” a marcação e retraídos para usar do talento individual; poucas jogadas de segunda trave.

O jogo centralizado chamou atenção por estar presente em três dos cinco times que foram à quadra. Este movimento quebra uma das principais jogadas do futsal que é a linha de fundo ou bola na segunda trave.

Zona de passes da seleção. Zona de segurança do adversário.

A equipe alternou com quartetos leves e pesados. O plantel do Brasil é “mutante” possui jogadores que podem dar outra face a equipe em fração de segundos.

Time 1: Goleiro Djony; “fixo” Neto; alas Gabriel e Cabreuva; “Pivô” Wilde.

Time que curiosamente se postou no 3:1 com pivô de ala, ou seja, não estava presente na área adversária. Wilde foi este pivô de lado de quadra.
Gabriel e Cabreuva eram os alas com intensa troca de posição. Gabriel é canhoto e Cabreuva destro, frequentemente ambos ficavam de pés invertidos – destro na esquerda, canhoto na direita – para aproveitar e finalizar de posição privilegiada.

Flagrante tático. Brasil postado no 3:1

Este quarteto, até por iniciar a partida, marcava com maior intensidade, não deixava o adversário respirar e sequer deu chances de contra-ataque. Porém, a centralização de jogadas com os alas de pés invertidos facilitava a marcação Polonesa. A falta de tabelas com pivô foi outra carência. Wilde não possui porte físico para ser um pivô de imposição, a jogada de receber de costas para marcação e rolar para o companheiro ou girar sobre marcação aconteceu apenas UMA vez durante todo primeiro tempo.

Flagrante tático. Rodizio brasileiro: Neto sai da ala para ser fixo; Cabreuva sai de fixo para ser pivô; Wilde sai do pivô para ser ala. Reparem que Wilde já estava posicionado como Pivô na ala.

O pivô faz falta, mas é completamente possível jogar sem esta peça. A ausência do pivô propicia um esquema mais leve com intensa rotação e movimentos suaves.

Time 2: Goleiro Cidão; fixo Rodrigo; alas Fernandinho e Jackson; “fixo” Ferrão.

A exemplo do primeiro quarteto este também esta ausente de um pivô. Em comparação ao primeiro, este é ainda mais leve. Ferrão, Fernandinho e Jackson exploraram jogadas de oito (troca de posição entre Rodrigo e Ferrão, ou seja, fixo e “pivô”).

Semelhante à primeira equipe, esta também estava no 3:1. Coincidentemente Ferrão desempenha função parecida de Wilde e pouco figurava como pivô.
Mesmo sendo uma equipe mais leve este quarteto não conseguiu explorar de jogadas individuais para sair da marcação polonesa.

Quem arrisca não petisca. Esta segunda equipe ficou marcada por não arriscar e ser burocrática com a redonda nos pés.
Sem ingressos a área e abusando de chutes despretensiosos de fora da área e consagrando o goleiro adversário.
Ainda mais saliente a dificuldade do Brasil em explorar os flancos da quadra ou entrar na grande área. O Brasil cismava em jogar pelo centro e esquecer jogadas de diagonal ou paralela.

Diagrama tático. Jogada de diagonal.

Diagrama tático. Jogada paralela.

Time 3: Goleiro Cidão; alas Fernandinho e Jackson; “pivô” Gadeia.

Este foi o quarteto mais irreverente em quadra durante o primeiro tempo. Para um analista é de brilhar os olhos, ou dar um nó nos neurônios. Com trio de extrema velocidade, sem posição e com intensa rotação definir um esquema fixo é suicídio. Gadeia é ala, mas seguidamente foi visto como pivô, Fernandinho é pivô de movimentação, porém, foi o dono da ala esquerda e Jackson ficou na sua como ala pela direita.

Flagrante tático. Brasil no 1:3, tridente de jogadores a frente.

Primeiramente o usual 3:1 ao se defender e usado na transição ofensiva. Ao contrario do primeiro, um ousado 1:3 ao atacar e, usado pelo desespero brasileiro por não conseguir furar a cortina de ferro polonesa. Por ultimo o surpreendente 2:2, esquema inimaginável, pois é utilizado em equipes fracas com intenção de usar o goleiro como elo entre defesa-ataque. Este 2:2 possui apenas uma explicação: ser usado ao defender, foi o único momento em que pude flagra-lo.

Flagrante tático. Brasil postado no 2:2 em fase defensiva.

Flagrante tático. Brasil altera 2:2 para 3:1 em apenas 3 segundos.

Foi neste emaranhado de esquemas e “indecisões” que a equipe brasileira abriu o placar em grande estilo. No ultimo minuto do primeiro tempo, cobrança de lateral que envolveu o adversário e encontrou uma bela diagonal de Jackson que, finalizou de calcanhar.

Time 4: goleiro Cidão; FIXO Ciço; alas Gadeia e Jackson; PIVO Betão.

Reparem digitei Fixo e Pivô em maiúsculo. Não por mero descaso ou desatenção. Finalmente, presenciamos um FIXO e PIVO de carteirinha. Ciço assumiu braçadeira de capitão e comandou a entrada da área. Betão a camisa 9 e lá foi ser o pivô que tanto pedíamos, porém, Betão não é aquele grandalhão desengonçado que apenas sabe fazer gols, não, Betão possui técnica para driblar, servir aos companheiros e rodar pela quadra.

O time quadro foi quem formou o 1:2:1 mais feijão com arroz do futsal. Ouso a dizer que foi o quarteto mais equilibrado da noite, mesmo sofrendo um gol. Inicialmente não arrancou suspiros da torcida, mas, aparentemente, possuía jogadas de lado, e, explorando, o pivô de Betão.

Flagrante tático. Brasil mais equilibrado e postado no 1:2:1

Apesar de levar gol, foi esta equipe que definiu a partida. Quando o jogo se encontrava no 2x1, a tensão ainda estava presente pelo fato da seleção Polonesa ir à frente em contra-ataque e melar tudo.

Uma jogada inimaginável. Ciço, um fixo clássico e, Betão um pivô assumido, fazendo movimentos em oito e trocando de posições. Essa movimentação é um exemplo de como estava difícil quebrar a marcação polonesa.

Flagrante tático. Movimento em oito a frente entre Ciço e Betão no 1:2:1.

Time 5: “goleiro” Neto; fixos Ciço, Gabriel; alas Wilde e Betão.

Diferente de todos os esquemas utilizados. A começar pelo “goleiro” Neto. Devo ressaltar que este 3:2 foi utilizado quando a seleção estava empatando em 1x1. O empate não serve para seleção, portanto, Sorato pôs sua equipe à frente e utilizou Neto como goleiro linha. Assim, ganha um jogador para trocar passes e fazer superioridade numérica.

Diagrama tático. Configuração do 3:2.

A formação lembra um “V”, pois Ciço e Gabriel atuam como fixos e, Wilde e Betão como alas grudados a linha lateral. A estratégia é montar uma armadilha ao adversário. Exemplo: Fixos e goleiro linha ficam trocando passes e chamam um ala para interagir junto, aparentemente, demonstram estar desinteressados por um lado da quadra; quando a equipe adversária caí nesta armadilha e acha que um lado esta esquecido, é lá – naquela lado “esquecido” - que a bola é jogada com velocidade, para o ala cruzar e alguém aparecer pelo centro para finalizar; o time induz o adversário a abrir espaço em um dos lados da quadra.

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