Análise tática – Atlético Mineiro 3 x 1 Internacional. Ausência de centroavantes


Nesta noite de quarta-feira, Atlético Mineiro e Internacional protagonizaram um embate, inicialmente esperado como grande jogo, mas com o passar dos minutos se demonstrou um jogo morno, apenas dos quatro gols. 
O líder Atlético confirmou seu favoritismo e passou sem pedir licença, venceu, em partes, tranquilamente.
Não podemos massacrar Dorival Junior. O treinador conta com inúmeros desfalques, para piorar, D’Alessandro foi expulso ainda no primeiro tempo e complicou a partida.

Ambas as equipes sem surpresas. Atlético e Inter espelhados no 4-2-3-1, mas não encaixados. Como era esperado o Atlético logo tomou a iniciativa e quem assumia a proposta de jogo. O Inter por sua vez espreitava melhores momentos para atacar, preferia jogadas em contra-ataque.

Diagrama tático. Atlético postado no 4-2-3-1 com Danilinho pela direita recuando. Inter no 4-2-3-1 com wingers recuando e Dagoberto alinhando a D'Alessandro.

Como citei acima, nada de inovador. Cuca armou sua equipe no já esperado 4-2-3-1 com pequena variação para o 4-3-1-2. Esta variação acontecia pelo fato de Danilinho recompor meio campo com maior afinco que Bernard e Ronaldinho. O tridente ofensivo se formava com Ronaldinho na ponta de lança e Bernard alinhado a Guilherme.

A exemplo de Cuca, Dorival não mexeu na estrutura de sua equipe. Novamente, bem como Cuca, o Inter possui uma variação na sua forma de defender. O colorado recua suas linhas, marca em seu campo, mas o 4-2-3-1 se desfaz, da seguinte maneira: os wingers Osvaldo e Lucas Lima alinham-se aos volantes; Dagoberto recua alinhando-se a D’Alessandro na linha central de meio campo e forma-se um 4-4-2 em duas linhas.

Flagrante tático. Inter no 4-4-2 em duas linhas com wingers recuados e Dagoberto e D'Alessandro alinhados.

Naturalmente irei comentar o Inter defendendo, até porque, o colorado esteve durante boa parte do primeiro tempo sem posse de bola.
Pois bem. Os laterais colorados batiam de frente com os wingers do Galo, para não acontecer o 2x1, os wingers Osvaldo e Lucas Lima recuavam acompanhando os laterais. D’Alessandro e Dagoberto atuavam lado a lado, fechavam o centro do campo e não dava opção de passe a frente. Elton o volante mais plantado e rondando Ronaldinho e Guiñazu solto para dar combates e botes. Dupla de zaga foi um fato curioso. Guilherme não é centroavante de referencia, incialmente, encontrou dificuldade, mas com o passar do tempo conseguiu sair da marcação e abrir espaços para quem vinha de trás. Com movimentação de Guilherme, Bolivar e Indio não sabiam se deveriam sair a “caça” ou esperar.

O colorado preferia recuar e agrupar em seu campo. Apenas em um momento o time foi a frente pressionar, ressalto que obteve sucesso ao recuperar posse da bola, mas logo a devolveu ao Atlético. Marcação do Inter era agressivo quando Galo adentrava em seu campo.

Ao falar do Inter defendendo, muito já falei do Galo atacando, mas ainda há algo a complementar. Notoriamente o time sentiu falta de seu centroavante, Jô. A troca de passes não encontrava a figura de um grandalhão a frente para fazer pivô, colocar a bola no chão e aguardar companheiros avançarem, Guilherme não é este jogador. Em contrapartida, o 4-2-3-1 requer um time mais leve, com intensa movimentação e troca de posições. Isto Guilherme contribui. O falso-9 trocava de posição com o apagado Ronaldinho, flutuava frente os zagueiros e as costas dos volantes. Porém, Guilherme era pouco municiado, muito se deve pela noite apagada de Ronaldo.

Os flancos. Bernard poderia ser coroado como rei destes pedaços de campo. O camisa 11 deitou e rolou, na partida como um todo. A dobradinha com Junior Cesar pela esquerda é mortal. As diagonais, jogo objetivo, dribles, lembram o velho ponta.
Por outro lado, Danilinho é velocista e solicito a recomposição do time. Recua como poucos e auxilia no combate, é o coringa entre esquemas.

Alguns fatos, curiosamente, presente em ambos os times. Não possuem figura do centroavante. Guilherme atuou como um falso-9 ou centroavante de movimentação. Dagoberto ficou devendo. O único atacante colorado não apareceu, o estilo de jogo colorado prejudicou ainda mais o camisa 20. Indio e Bolivar quebravam a bola a frente e Dagoberto tinha que se virar contra Leonardo Silva e Rever, por sinal, Rever muito bem.

Novamente ambiguidade. Retenção de bola ofensiva. Pela ausência de um grandalhão a frente, os miúdos Dagoberto e Guilherme penaram quando tentaram jogar de costas, não é a deles. O bate-volta foi inevitável.

A zona de controle de ambos os times. Igualitariamente Inter e Atlético se anulavam nas mesmas zonas de campo, entre a linha de meio campo e zona dos volantes, se preferirem, os três quartos do campo. O Inter propiciava este jogo por recuar e agrupar. O Galo por marcar pressionando e contar com inúmeros passes errados de seu adversário.

Para ter noção do poderia ofensivo colorado na primeira etapa. ZERO chutes , isso mesmo nada. Falo em números gerais, tanto no "alvo" como pela linha de fundo.

A mudança

D’Alessandro perde a cabeça. O gringo faz falta desnecessária, no campo do adversário. Recebe cartão amarelo, “peita” o arbitro e recebe segundo cartão amarelo. Expulso o camisa 10 colorado. Em partes com razão, pois deu chance ao erro.

Com um a menos, Dorival armou sua equipe no 4-4-1 ou se preferirem, 4-2-3-0. Dagoberto passou a figurar ainda mais no setor de meio campo, não como articulador, mas sim como um atacante que recua para compor e avança para ser o único atacante. Os meninos, Lucas Lima e Osvaldo seguiram pelos flancos recuando e acompanhando o lateral.

Sabiamente o Atlético soube aproveitar o momento de instabilidade do Inter e foi à frente. No final do primeiro tempo, em frequente movimentação de Guilherme o gol saiu. O “centroavante” do Galo saiu da área, ninguém o acompanhou, Ronaldinho tocou e, em belo chute, Guilherme marcou.

Segundo tempo

Ainda com resquícios do primeiro tempo. O estilo de jogo de ambas as equipes seguia. Porém, com Inter mais cauteloso e aumentando a intensidade e jogadores solícitos e correndo por dois. O Atlético amornando o jogo, segurando sua vantagem e, sem correr riscos, esperava para atacar no melhor momento.

Ainda no intervalo Dorival mudou. Saíram os apagados Dagoberto e Lucas Lima para entrada de Jajá e Fred, respectivamente. Acredito que o esquema adotado foi o 4-2-3-0 sem ninguém no ataque.
O essencial para que o Inter tivesse alguma chance foi feito. Intensa movimentação do tridente Fred-Jajá-Otavio, alternando quem seria o mais agudo. Além disto, todos se doavam para diminuir a vantagem mineira.

Diagrama tático. Inter pós expulsão com mudanças para segunda etapa. Esquema entre 4-2-3-0 e 4-2-2-1.

A exemplo do primeiro tempo, o Galo foi ainda mais paciente. A troca de passes, por muitos momentos, não foi objetiva ou à frente. A seca de passes em profundidade foi tamanha que Guilherme e Ronaldinho sumiram da partida. O gaucho tinha que recuar, aproximar-se dos volantes para receber a redonda. Guilherme sucumbiu entre zagueiros colorados.

O Inter por sua vez prendia seus laterais, novamente, como fez no primeiro tempo. A troca de passes era ainda mais acelerada e, consequentemente, os erros mais inevitáveis. Afobação durante boa parte da segunda etapa foi crucial pela falta de chances criadas pelo Inter, obviamente, alem de estar com 10 em campo. Afobação, somadas a inferioridade numérica, time desentrosado, tiveram como resultado, apenas TRÊS chutes, sendo um deles gol e dois sequer no alvo – gol.

Passes laterais, recuo a Victor, este foi a cara do time mineiro no segundo tempo. Mesmo que, adiantando seus jogadores, passes com certo risco sequer eram especulados. Acredito que Cuca pediu a seus jogadores para deixarem o Inter se jogar a frente, pois o time mineiro espreitava contra-ataques as costas do lateral Edson Ratinho. Obviamente com Bernard, o destaque da noite.

O gol saiu, alias, dois em sequencia. Primeiro com Atlético definindo 2x0 com Léo Silva ao melhor estilo Van Basten. E, logo após, Fred cabeceando entre zagueiros após cruzamento vindo da esquerda.

Mike entrou no lugar de Otavio, mas pouco acrescentou.

O 2x1 deu sobrevida ao Inter. Os jogadores passaram a acreditar que era possível o empate. Jajá crescia no jogo caindo às costas de Pierre. A vitoria pessoal do meia colorado era evidente, Pierre, extenuado, marcava de longe e, com amarelo, ficava receado a desarmar. Cuca mexeu e. em menos de três minutos, pôs em campo Felipe Soutto no lugar de Pierre e Escudero no lugar de Danilinho. As mudanças jogaram o Atlético a frente, pudera, estava com um a meias. O 4-2-3-1 tomou ainda mais forma, agora com Escudero pela esquerda e Bernard pela direita.

Diagrama tático. Inter no 4-2-2-0 ou 4-2-3-0. Atlético no 4-2-3-1 ainda mais incisivo com Escudero.

A pá de cal, o ultimo prego do caixão. O cansaço imperava no Internacional. As pernas pesadas, o tudo ou nada, estava na cara, só um cego não poderia ver. O gol mineiro era questão de momento, um contra-ataque bem encaixado e tudo estava acabado. Para infelicidade mineira, o gol só saiu aos 47 do segundo tempo após belo contra-ataque tramado por Bernard e finalizado por Escudero. O placar estava consolidado, 3x1 justíssimo.

Atlético Mineiro de Cuca cada vez mais líder. Internacional de Dorival entrando em crise. Treinadores e clubes vivem momentos distintos, mas um frase de Cuca cabe perfeitamente a Dorival:

- Dor de cabeça é não ter jogador - diz Cuca. Frase que reflete o atual momento de Dorival.

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