Que isso Luxa? Baixou o professor pardal? Decifrando o 3-6-1


Nesta tarde de domingo Vanderlei Luxemburgo nos surpreendeu. Uma peripécia que não esperávamos. O treinador estava em meio a desfalques, sem saída, decidiu armar um 3-6-1 ate então nunca testado, apenas em treinos. Foi com esta novidade que Luxemburgo abriu as pernas para o Peixe. Não que o esquema era ofensivo, muito pelo contrario. Não o classifico como chama derrota, mas no primeiro tempo – enquanto este esquema esteve em vigência – o Grêmio não levou perigo ao gol de Rafael.

Porque professora pardal? Durante 45 minutos Luxemburgo não inovou, pois INVENÇÃO não tem valor de mercado, Luxa INVENTOU. Para piorar esta situação, o segundo tempo depõem contra o treinador, pois ele mesmo ajeitou o Grêmio e voltou ao usual 4-4-2 losango.



Passamos agora tentar decifrar este 3-6-1. Não que o esquema adotado foi bagunçado ou algo semelhante, mas ficou difícil compreender a disposição tática do meio campo. Compreensível, pois eram SEIS jogadores disputando palmo a palmo a zona central do campo.
Não por acaso Luxa escalou o time neste esquema. O intuito do treinador era de preencher o meio campo e, consequentemente, ganhar este território. Vale o velho jargão: “Futebol se ganha no meio campo”. Porém, de nada adianta aplicar este esquema se, jogadores não estão habituados a ele, ou pior, se estes mesmos jogadores forem improvisados ao esquema, sendo que o contrario deveria ser feito. Novamente um velho jargão: “Jogar com um jogador improvisado é como dizer: Voa ovelha, mas a ovelha não vai voar.”.

Esmiuçando o 3-6-1. Novamente repito. Pela quantidade de jogadores na faixa central de campo, ficou difícil garantir como estavam dispostos estes jogadores em campo. A principio imaginei um losango entre: Fernando no primeiro vértice; Souza e Zé pelos lados; M.Antônio a frente. 

Flagrante tático. As possiveis leituras do meio campo tricolor. Em preto o 3-4-2-1. Em amarelo 3-6-1 com meio campo em losango.

Mas este não se confirmou. Logo após um possível 3-4-2-1 com alas alinhados aos volantes – Fernando pela esquerda, Souza pela direita - e meias adiantados – Zé pela esquerda e Marco pela direita -, mas fechados e próximos. 

Flagrante tático. Grêmio no 3-4-2-1.

E, finalmente o 3-3-3-1, difícil de imaginar, mas fácil de visualizar: Alas alinhados ao primeiro volante Fernando; Souza avança e posiciona-se entre os meias.

Flagrante tático. Tricolor postado no 3-3-3-1.

Por ter inúmeros jogadores no meio campo, as possíveis variações citadas acima são cabíveis. Portanto, defino o Grêmio no 3-3-3-1 atacando e, 3-4-2-1 defendendo.

Uma das principais engrenagens de qualquer esquema com três zagueiros são os alas e, claro, os três zagueiros. No caso do Grêmio, não houve problemas no trio defensivo com: Werley pela esquerda; Vilson pela direita e mais acionado defensivamente; Gilberto Silva na sobra, espanando possíveis perigos a gol. Os alas ditam a filosofia do esquema. Se ficam recuados e quase alinhados com zagueiros, formam uma equipe sem saída, defensiva e dependente da ligação direta. Com alas adiantados a equipe passa a utilizar os lados do campo e explora-los. No Grêmio, não foram nenhum, nem outro.
Os alas foram o problema do 3-4-2-1 armado por Luxa. Tony bem que tentou, mas faltou parceria para triangular e ir à linha de fundo. Já, Léo Gago não possui cacoete algum de ir a linha de fundo. Gago foi um volante pelo lado, não contribuiu ofensivamente e ainda pecou deixando espaços as suas costas.
Por um lado Tony é ala de origem. Revelação da Juventus-SP é bom no apoio, chega fácil a linha de fundo, mas deixa a desejar defendendo. Atuando com três zagueiros, não demonstrou grandes dificuldades e, Neymar pouco jogou por aquele lado.
Por outro lado, Léo Gago é volante de origem, mas foi improvisado como ala. Sua principal característica é a força bruta e chute. Como ala, sempre deixou um vácuo as suas costas. Vilson e Fernando sempre tinham de correr mais para cobri-lo.

 De que adianta dois alas se não há ninguém para cabecear? Este devia ser um dos questionamentos a ser feito para Luxemburgo, pois Kléber não é centroavante de área.
Kléber faz pivô, joga de costas, chama marcação e faz transição ofensiva. Porém, tudo fora da área e longe da mesma. Kléber se movimenta, não guarda posição e, para uma equipe que possui apenas UM atacante e sem meias de chegada, sua movimentação é ridícula.

Ambos os meias, tanto Zé Roberto, quanto Marco Antônio ficaram devendo. Em especial Marco Antônio, este, novamente, não se movimenta, não roda, não aparece e afundou, junto consigo, o lado direito.
Zé Roberto é quem deu sobrevida ao time. Sua movimentação propiciava passagem do ala, pois abria corredor pelo lado ao ingressar pelo centro, porém, não havia passagem do “ala” Léo Gago.
Aliás. Zé Roberto e Marco Antônio jogavam centralizados, não eram jogadores de lado de campo. Compreensível pelo fato de ter alas no time. De que adiantaria meias abertos com alas? O problema é que Marco Antônio, acredito eu, levou sua orientação ao pé da letra e simplesmente abdicou de descobrir novos espaços. Zé Roberto por sua vez, preferiu explorar e interagir com demais.

O Grêmio montou um verdadeiro ferrolho defensivo. Ocupou a faixa central do meio campo, povoou a frente da sua área e não deixou o Santos trocar passes. O agrupamento de jogadores dificultava o adversário entrar tocando em seu campo, mas, por outro lado, prejudicava a transição ofensiva. O único jogador a frente era Kléber, este era o exercito de um homem só, tinha de reter a bola e esperar aproximação dos demais.
Interessante ao defender e um caos ao atacar.

Luxemburgo sempre prioriza um time compactado e próximo e independente do esquema fica visível a mão do treinador. A compactação preza por jogadores próximos, assim auxiliando no combate, cobrir espaços e, com posse de bola, passes curtos. Acima de tudo, mantém boa condição física dos atletas, pelo fato de estarem próximos e não precisar percorrer grandes distâncias.
Outro fato é a basculação defensiva. Em TODOS flagrantes que postei é possivel ver o time mais "torto", basculando, para o lado que o futebol esta a se desenrolar.
Abaixo dois flagrante que demonstram isto:

Flagrante tático. Grêmio defendendo em linhas pretas no 3-3-3-1 com time basculando para esquerda e compactado em seu campo no destaque em roxo.

Flagrante tático. Em linhas pretas o 3-4-2-1. Em minhas amarelas o 3-3-3-1. Em destaque roxo a compactação do time.


Volantes. Fernando e Souza alternavam no apoio, de forma alguma chegavam à frente simultaneamente. Souza com maior frequência, já explico por que. O tricolor preferia jogar pelo lado esquerdo com Léo Gago, pois havia mais “espaço”. Este “espaço” não existia por erro do Santos, era uma armadilha do adversário para induzir o Grêmio a jogar por ali, chamar Léo Gago e explorar suas costas. Portanto, Fernando invariavelmente se encontrava como lateral pela esquerda, ocupando espaço gerado as costas de Léo Gago.
Com avanço de Souza ficava fácil ver o 3-3-3-1, pois o volante chega fácil ao ataque e infiltrava-se entre os meias.

Flagrante tático. Grêmio defendendo no 3-3-3-1. No detalhe em amarelo Fernando auxiliando o combate pela esquerda e cobrindo Léo Gago.

Este sistema não deve prevalecer. Luxa deve voltar ao losango no meio campo e assim o fez no segundo tempo. Não descarto o esquema com três zagueiros, deve ser usado como hoje, em emergências.

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