Em entrevista cedida ao programa bate bola da ESPN, Daniel
Carvalho nos propiciou uma entrevista no mínimo curiosa e, para bom entendedor,
quebrou paradigmas de que, jogador brasileiro não compreende o futebol. Um
suspiro, aliviado, estes os “sintomas” que senti pós-entrevista do meia
palmeirense, porque? Confesso que há tempo não assistia, ouvia palavras e
analises vindas de um jogador em atividade.
Não recordo o nome da bancada que, “disparou”,
questionamentos a Daniel Carvalho, mas os parabenizo por fugirem da mesmice e
levantarem um debate de excelência com o entrevistado.
Daniel foi questionado se a reserva ou, for substituto de
Valdivia não lhe incomodava, e assim ele respondeu:
- Não me importo, quando fui sondado e entremos em
tratativas, sabia que “enfrentaria” um grande meia na minha posição. “Brigo”
por meu espaço, quando Valdivia esta fora dos jogos, luto por ser o substituto
imediato, não posso ficar para trás, mas se ele bobear me torno titular. –
explicou Daniel.
Após esta resposta, um dos entrevistadores indagou,
novamente, a Daniel se ele e Valdivia poderiam jogar juntos. Daniel respondeu
de maneira lúcida e inesperada:
- Difícil. Eu u Valdivia possuímos estilo de jogo muito
semelhante e não nos doamos defensivamente à equipe. Com nos jogando,
certamente ira “estourar” lá atrás. Nós teríamos que voltar marcando e ajudar a
defesa.
Esta resposta pode passar despercebida, mas, aos ouvidos
certos, nos revela um jogador com leitura de jogo, não apenas de si, do
companheiro de trabalho, do estilo de jogo, do atual cenário do futebol que,
requer mais jogadores híbridos ou universais – que marcam e saibam jogar. Um
olhar de treinador e, dificilmente, visto em jogadores.
Acredito que Daniel soltou esta resposta tendo como base o
esquema e estilo de jogo Palmeirense, pois, após um dos entrevistadores dizer
que, dificilmente dois meias de criação podem atuar lado a lado, Daniel o
interrompeu e fez lembrar o seu rival Corinthians, campeão da Libertadores:
- Dois meias de armação podem jogar juntos. Um exemplo é o
Corinthians de Tite. Joga com Alex e Danilo, referenciais na criação e dois
ponteiros.
Pelo atual esquema de Felipão, é quase impossível jogar com
Daniel Carvalho e Valdivia juntos. Certamente ambos sobrecarregariam o sistema
defensivo e ainda “matariam” o contra-ataque em velocidade.
Diagrama tático. Hipotético 4-2-3-1/4-3-2-1 "torto" palmeirense com Valdivia e Daniel Carvalho. |
Daniel simplificou o que muitos complicam. Esmiuçou a equipe
do Corinthians do meio para frente. Ainda ressaltou que, é possível jogar com dois
meias, mas desde que estes cumpram funções defensivas.
Ligando um fato ao outro. Como Tite montou esta equipe
equilibrada e, com dois armadores e sem referencial à frente? Méritos ao
treinador que montou um grupo homogêneo e, na dificuldade, encontrou outros
meios de solucionar seus problemas.
Um exemplo claro é a falta de um centroavante, o que fez Tite? Adequou sua equipe sem a figura de um “9” de oficio. Passou a jogar com dois meias de criação que alternavam na função de falso-9.
Um exemplo claro é a falta de um centroavante, o que fez Tite? Adequou sua equipe sem a figura de um “9” de oficio. Passou a jogar com dois meias de criação que alternavam na função de falso-9.
Em entrevista a Juca Kfouri, Tite explicou o porquê da
solidez defensiva:
- Tenho jogadores versáteis. Jorge Henrique já jogou como
ala comigo contra o Santos pelo lado direito para não dar espaço a Neymar. Alex
foi revelado como ala ou lateral no Guarani, possui bom discernimento para
marcar. Danilo é inteligente, sabe usar os atalhos do campo e, a exemplo dos
outros, auxilia na marcação. Em certas partidas preciso de maior robustez, jogo
Danilo para o lado e Emerson na referencia para fechar as laterais e dar maior
consistência.
Diagrama tático 4-2-3-1 Corinthiano. |
Curiosamente Tite não falou nada de Emerson. Pudera, este é
o único homem que, efetivamente, não possui funções defensivas. Mesmo que, um
recente fato me prove o contrario: Emerson se demonstrou atento ao
roubar passe do defensor do Boca e marcar o gol que selaria o titulo da
Libertadores.
Daniel me surpreendeu positivamente e demonstra qualidade em
quem sabe, ser futuro treinador.