Archive for junho 2012

Como Seedorf ira jogar pelo Botafogo?


Confirmado, Clarence Seedorf é do Botafogo. O Surinamês, para surpresa de muitos, Seedorf não nasceu na Holanda, mas sim na Republica do Suriname situada na America do sul. 
Seedorf chegou as 36 primaveras no ultimo primeiro de abril. Assina contrato por dois anos com o fogão e deve ser a estrela – solitária – do time.
 A grande disputa que Seedorf deve enfrentar é fora de campo com torcida e holofotes dos jornais, pois dentro de campo o meia deve ter lugar cativo no time, pelo menos isto que esperamos.

Site do Botafogo da boas vindas ao novo reforço.

 Após longos dez anos no Milan o ciclo de Seedorf no clube rossonero chegou ao fim. Durante essa longa estadia no clube, Seedorf foi um jogador multifunções e posições, atuou em todos os setores do meio campo. Desfilou nos mais belos gramados um futebol de ponta e incontestável. Independente da idade o futebol brasileiro agradece ao Botafogo ou a esposa de Seedorf – brasileira – por fazer acreditar no projeto Brazil.

A versatilidade de Seedorf impressiona, pois o meia pode atuar em todas as funções do meio campo. Assim fica difícil para este analista listar os diversos esquemas.

Em muitos dos esquemas montados abaixo, vocês notarão que os usei para acomodar as melancias na carroça.
Outro “problema” seria a semelhança da característica de diversos jogadores, os meias de criação, pois, Renato, Andrezinho e Seedorf possuem estilo de jogo que se confundem.
Muitos irão criticar a lentidão que estes jogadores irão impregnar no time. Concordo. Claro que eles são falsos lentos e fazem a bola correr, mas é preciso algo mais e, para isto, os velocistas e ligeirinhos devem estar presente no time.

Novamente, independente do esquema o Botafogo não deve alterar sua maneira de jogar, o esquema até sim, mas o estilo proposto por Oswaldo não. 

Abaixo os prováveis esquemas utilizados com a chegada de Seedorf. Mas ressalto que Oswaldo não deve alterar o time para o bem de um jogador, mesmo este jogador sendo quem é.

Ressalto que em todos os esquemas citados o atacante foi Elkeson. Utilizei este por falta de opções.

4-2-3-1 atual

Diagrama tático. 4-2-3-1 com Seedorf posicionado no lugar de Andrezinho.

Sem grandes mudanças. 4-2-3-1 utilizado atualmente. Seedorf entraria no lugar de Andrezinho e faria função semelhante do atual meia, mas, com maior combatividade no meio campo e, obviamente, qualidade.
Para suprir a lentidão de Seedorf os wingers teriam de compensa-la, portanto, dois jogadores de velocidade.
Obs: Andrezinho poderia jogar na vaga de Fellype Gabriel ou Vitor Junior.

4-2-3-1 audacioso

Diagrama tático. 4-2-3-1 com Seedorf como regista ao lado de Renato.

Este sim mudaria a “cara” do fogão. Seedorf atuando alinhado a Renato. Provavelmente o Holandes, por opção, seria um regista recuado, ou seja, organizador do time, quem qualifica o primeiro passe e aparece à frente para finalizações da intermediaria e passes em profundidade.
Mais do que movimentação dos meias, estes deveriam ser solícitos e auxiliarem na marcação, pois o poder de combater dos “volantes” seria em menor escala.

Além de auxiliar na marcação, novamente, os meias deveriam usar, abusar da velocidade e trocar de posição para confundir e quebrar marcação adversaria.

4-4-2 losango, o preferido de Seedorf?

Diagrama tático. Seedorf no losango pela esquerda, mas podendo atuar em qualquer posição deste meio campo.

Se, apenas se, Oswaldo aderir a este esquema terá um jogador adaptado e, capaz de jogar em todas as posições com maestria. Seedorf pode ser o primeiro vértice do losango atuando como regista e qualificando o primeiro passe. Jogando em uma faixa mais adiantada tanto na esquerda como na direita, auxiliando o apoio dos laterais e com presença ofensiva. Para fechar, atuando como ultimo vértice do losango, jogaria como trequartista, usaria todo sua experiência para dosar, criar, chutar, enfim, desfilar seu belo futebol em posição privilegiada e perto da grande área.

Se a preocupação é a possível “tartaruguização” do meio campo, o ataque deve compensar com dois jogadores de movimentação atuando mais abertos, saindo dos flancos e ingressando na área.
Sem bola estes atacantes recuariam e se posicionando as costas dos laterais.

Reparem no flagrante tático abaixo a posição de Seedorf. Volante pela direita e auxiliando no combate ao adversário.

Flagrante tático. Seedorf no Milan atuando no 4-4-2 losango pela direita.

Independente da posição desejada, Seedorf se doa, naturalmente, ao processo de marcação.

4-3-2-1 arvore de natal ou ponta de flecha

Diagrama tático. 4-3-2-1 com Seedorf pela esquerda, mas podendo, novamente, atuar em qualquer posição.

Outro esquema em que Seedorf esta habituado a jogar. Novamente Seedorf poderia jogar em qualquer posição.

Com esta forma tática o Botafogo teria uma variação de esquemas interessante. Um simples avanço de Vitor Junior/Fellype Gabriel tornaria o time com dois atacantes e mais “agressivo”.
Se preferirem avançar Seedorf o time poderia formar-se no 4-2-3-1 com o simples abrir dos meias.

Talvez esta fosse uma variação que Oswaldo pode adotar, pois o esquema proposto se assemelha ao 4-2-3-1 e ainda aumenta a capacidade de marcação da equipe. Alem disto contaria com um jogador pelo centro com liberdade para se movimentar e outro para auxiliar na criação.

Flagrante tático. Seedorf no Milan atuando pela esquerda no esquema arvore de natal.

O idoso 4-2-2-2

Quase em desuso no Brasil, presente nos campos de várzea e brasileiro por natureza. O 4-2-2-2 brasileiro não poderia ser excluído desta lista.

Diagrama tático. Seedorf como meia no vovô 4-2-2-2 brasileiro.

Novamente Seedorf atuaria alinhado, porém, mais a frente e com outro meia ao seu lado. No esquema proposto as variações podem ser infinitas.
Seedorf poderia recuar e formar o losango. Ambos os meias abrirem e o esquema tomar forma de 4-4-2 em duas linhas ou ainda um 4-3-3 com falso-9 pelo centro.
O grande fato deste esquema é que imóvel e inerte ele não pode ficar. Se os meia ficarem estáticos irão frear o apoio dos volantes, situação esta inimaginável, pois o fogão conta com Renato.

Novamente dois atacantes de velocidade. Ambos caindo às costas dos laterais, fazendo diagonais e ajudando na recomposição.

4-1-4-1 impensável?

Diagrama tático. Um improvável 4-1-4-1, mas equilibrado.

Confesso que este sequer havia imaginado. A luz foi de @arthurbarcelos_ em uma discussão sadia de como Oswaldo iria montar sua equipe.
Pois bem, o plagiei e montei o diagrama com um improvável 4-1-4-1 para padrões brasileiros. Acredito que improvável pela desatualização e inércia dos treinadores brasileiros. Este 4-1-4-1 poderia ser utilizado naturalmente por qualquer clube.

O “1” entre as linhas seria Jadson, mas prefiro Marcelo Mattos, este deve ser titular quando se recuperar de sua lesão.
Uma segunda linha de quatro com mais fadados a atacar e solícitos ao defender. Dois Box-to-box, Renato pela direita e Seedorf na esquerda, indo de área a área para defender e atacar. Dois wingers fazendo o ioiô pelos flancos. E, finalmente um centroavante, desconhecido, mas que pode ser Elkeson.

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As pequenas sociedades do Boca Juniors


Final inédita de Libertadores entre Boca Juniors x Corinthians. Primeiro capitulo na Argentino, na temida La Bombonera, lotada e botando gente pelo ladrão e, sim, ela pulsa.
Se pudesse definir este confronte o definiria por dois times que se estudaram muito antes da partida e tinham como primeiro intuito Mao levar gol.
Propostas cautelosas que geraram um jogo tenso e que prende o telespectador, pois a qualquer momento a historia pode ser refeita.

Falcioni “mudou” sua equipe. O esquema continua no 4-3-1-2, com as sutis variações de ao defender os três volantes se alinham e ao atacar avançam passando até de Riquelme, ultimo vértice do “losango”.
A grande “diferença” ficou por conta da saída de Jorge Henrique – Corinthians perdeu intensidade – e entrada de Liedson, o Boca assumiu as rédeas da partida.
O Corinthians passou a jogar no erro do Boca, recuou, acuou seu time e entregou de bandeja a posse de bola a equipe argentina. Infelizmente o Boca não sabe propor o jogo, é claramente uma equipe contragolpista que explora o lançamento de Riquelme, velocidade de Mouche e oportunismo de Santiago Silva.

Flagrante tático. Boca postado no 4-3-1-2 com volantes alinhados. Time defendendo e reparem que os atacante não aparecem no flagrante.

Para sair do 4-2-3-1 corinthiano o Boca usou e abusou dos lados do campo. Arma esta que levou maior perigo ao gol de Cassio.
Diferente de muitas equipes que exploram o lado do campo e afunilam perto da grande área, o Boca usa o flanco para ir a linha de fundo e encontrar seu centroavante na grande área: Santiago Silva, El Tanque.
Como faz isto? De maneira “inovadora” para padrões brasileiros.
Falcione estudou o Corinthians e armou sua equipe para abrir espaços no sistema defensivo alvinegro de uma forma que o proporcionaria melhores situações de gol. Abaixo algumas destas maneiras:
- Santiago Silva sempre dentro da área para prender ambos os zagueiros/
- Jogo fluindo pelos lados do campo e utilizando Riquelme como um pendulo, ora na direita, ora na esquerda;
- Carrilleros liberados ao ataque;
- Mouche sempre caindo pelos flancos;
- Bola em profundidade para o cruzamento;

As pequenas sociedades se formavam da seguinte maneira: Pela esquerda, lado mais forte e presente com o carrillero Erviti, Riquelme centralizado fechando o triangulo e lateral Clemente ou atacante Mouche - normalmente Mouche.
O problema deste lado esquerdo era se, Mouche, fosse à linha de fundo, como é destro teria de enquadrar o corpo para cruzar, assim não levou perigo ao gol de Cassio. Se houvesse uma variação de ao invés ir à linha de fundo for ao centro, Mouche levaria perigo, pois estaria enquadrado com a perna “boa”;

Flagrante tático. Boca triangulando por dentro. Em destaque amarelo o centroavante Santiago Silva El Tanque.

Pela direita o lado capenga. O carrillero Ledesma não estava em noite inspirada e ficou devendo, Roncaglia pouco foi a linha de fundo, Riquelme tende a cair mais pela esquerda e , quem salvou este flanco foi Mouche, este garantiu a movimentação do lado.

As pequenas sociedades formadas tinham como intuito triangular para abrir espaços e com movimentação confundir a marcação. Quem iria a linha de fundo era uma incógnita, poderia ser o lateral, carrillero ou atacante, mas nunca Riquelme.
Flagrante tático. Triangulação pelo flanco buscando a linha de fundo.


Peculiaridades destas pequenas sociedades: Mouche presente por ambos os lados, obvio, não ao mesmo tempo; Sempre formada por três jogadores e obrigatoriamente tendo El Tanque na área; zagueiros, lateral que não apoiou e volante do vértice mais defensivo formavam outra pequena sociedade, mas esta ao defender e conceder subsidio para os demais apoiarem.

Problema na cobertura. Durante boa parte da partida os laterais do Boca ficaram mais contidos e presos aos wingers do Corinthians. E um fato comprova isto, Avenida Clemente Rodriguez, mesmo apoiando timidamente ela apareceu e comprometeu.
Não havia cobertura de excelência para o lateral apoiador. Somoza é volante poste, não “perambula” para cobrir os lados do campo, mas serve para proteger a entrada da área. Schiavi pela direita é lento e fica a duvida se não seria pior fazendo cobertura. Caruzzo pela esquerda não abriu para preencher o espaço que Clemente Rodriguez deixava, um desleixo do zagueiro.
Curioso este fato, pois se o volante guarnece frente a zaga, porque o zagueiro não abre para cobrir o lateral?

Flagrante tático. Cobertura falha do Boca. Avenida Clemente Rodriguez segue. Em destaque amarelo o imenso espaço as costas de Clemente. Reparem que o zagueiro Caruzzo só começa seu deslocamento após jogador do Corinthians estar com a bola.

Não bastasse a falha cobertura, o time ainda conta com TRES múmias para defender. Mas só defendendo. São elas: O enganche Riquelme, este só recua para encontrar melhor posição para armar contra-ataques; atacante Mouche, recua ao lado de Riquelme para puxar e acelerar ataques; centroavante Santiago Silva, sequer recua, fica a frente esperando o time avançar.

As engrenagens ou motores deste Boca possuem nomes: Erviti e Mouche. Ambos com intensa movimentação e fornecendo maior tranquilidade para o gênio Riquelme armar.
Erviti aparece por todo campo, não se prende a esquerda e marca seu “trilho” no campo. Mouche é quem caí pelos lados e ajuda os setores quando o time esta atacando.

Triangulação argentina quebrava e desorganizava marcação paulista, pois, era mano-a-mano com defensores. Cobertura do zagueiro adversário ficava prejudicada, pois o mesmo não sabia se saia para fechar espaço do lateral ou ficava na sobra em caso de vitoria pessoal do atacante sobre seu companheiro. Um faca de dois gumes.

Flagrante tático. Pequena sociedade argentina no mano-a-mano. Novamente Santiago Silva presente na área chamando marcação.

Toda esta triangulação, jogadas de linha de fundo para explorar da melhor forma a característica/fundamento de um centroavante de cabeceio, oportunismo, finalização e imposição.
É um esquema que depende de duas situações: Riquelme para armar as jogadas e bola aérea para fazer os gols.

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A importância do camisa 9 em Portugal x Espanha


Nesta tarde vimos o embate entre Portugal e Espanha, bom jogo e com algumas minúcias, peculiaridades destas seleções.
Permitam-me, mas analise deste jogo ira fugir do normal, bem como Vicente Del Bosque tentando mudar o estilo de sua seleção, mas isto é papo para daqui a pouco.

O camisa 9, centroavante, matador... Enfim, existe uma mística em torno deste jogador, mesmo não usando a “9” ou sendo um típico “9”. Refiro-me ao embate entre Hugo Almeida, clássico centroavante de imposição, força e oportunismo, versus, opa, Negredo, isso, Negredo. Del Bosque nos pregou uma surpresa, escalou um centroavante de referencia, mas longe da preferência nacional, Llorente.

Não cabe a Espanha jogar com um centroavante de área, ou ainda não encontrou um centroavante de qualidade para tal. Com Negredo a movimentação desaparece, porém, a bola aérea toma papel interessante, mas de que adianta se a equipe não tem o cacoete de cruza-la?
Um centroavante trombador não se encaixa na filosofia espanhola, quem sabe alguém com maior qualidade.
Independente do “9” ou falso-9, Del Bosque procura um Messi espanhol para escalar e desencantar nesta função. A pergunta que fica é, encontrou? Encontrará?

Flagrante tático. Espanha no 4-2-3-1 com Negredo, no detalhe, a frente.

Mesmo não tendo este “9” absoluto a Espanha demonstra resultados, essencial no futebol moderno.

Com Fabregas a equipe ganha em movimentação, intensidade e tudo que a seleção predispõe a acontecer. Com Negredo tudo vai por água abaixo, é outro estilo, não se pode contar com ele para fazer a movimentação de falso-9.

Flagrante tático. Espanha no 4-2-3-1 com Fabregas na referencia.

A seguir os principais princípios do "Tiki-Taka", ou seja, estilo proposto pelo futebol espanhol:

·        -  A bola está quase sempre no gramado;
·         - Os passes são realizados na diagonal;
·         - A maioria dos passes são curtos;
·         - Os passes são realizados em todas as direções;
·         - Os jogadores raramente correm com a bola;
·         - Os jogadores fazem movimentações curtas sem bola;
·         - A bola é sempre passada para o pé.

Como um 9 brucutu terá espaço no onze principal se o futebol é jogado desta maneira? Talvez, mas só talvez, o grupo teria de carrega-lo nas costas. Porém, não acredito que o estilo de futebol seja alterado para o bem de, apenas, um jogador.

Pelo lado lusitano a historia é outra. Portugal nesta Euro se demonstra o exercito de um homem só, felizmente para os portugueses este homem é Cristiano Ronaldo. O jogo coletivo apresentado é envolvente defendendo, pois, atacando as carências são visíveis e, aparentemente, sem solução.

Se os espanhóis não abrem mão de um falso-9 ou libero ofensivo, nossos colonizadores são semelhantes, mas estes não abrem mão de ter um “9” de imposição e que diga aos zagueiros: “estou aqui para fazer gols. CUIDADO!”.
Este 9 português precisa ter algumas características:

·         - Alto;
·         - Cabeceador;
·         - Sempre estar na área adversária;
·         - Finalizador;
·         - Oportunista;

Perceberam que ser rápido, habilidoso, técnico, passador não é um quesito obrigatório? Neste 4-3-3 português o ultimo homem de ataque precisa fazer gols, independente de como, onde e por que.

Flagrante tático. Portugal no 4-3-3 em destaque o centroavante lusitano Hugo Almeida.

O estilo de jogo português propicia que este “9” seja blindado e tenha vida útil na seleção. Quem não quer Cristiano Ronaldo de um lado e Nani de outro como garçons?
Mas as naus portuguesas parecem não estar com velas içadas e a todo vapor. O que esta errado? A bola aérea. O futebol esta em constante transformação e, por incrível que pareça, Portugal não forma centroavantes que não sejam altos, cabeceadores, oportunistas e etc.
Os lusos formam bons meio campistas, wingers – pontas, extremos, como queiram -, mas o “9” é carência nacional.

O 9 clássico é essencial para muitos esquemas, pois puxa marcação e deixa preocupado os zagueiros, alem de, reter bola para aproximação dos demais, comandar a bola aérea.
Atualmente a defasagem de 9’s de qualidade não propicia isto a Portugal.

Esperamos que Nelson Oliveira seja o grito de uma nova geração.

Se compararmos os “9’s” destas seleções teríamos um David e Golias pelo fato de estatura e qualidade. O David espanhol é simplesmente Fabregas já o Golias português é Hugo Almeida e Helder Postiga. Não cabem comparações, David novamente apedrejaria o Golias português.

O tiki-taka espanhol cansa, a objetividade portuguesa contagia. São estilos e propostas de jogo diferentes, mas essencialmente dependentes de jogadores centralizados. Na Espanha o “9” precisa se movimentar, em Portugal ele precisa se impor e ser o clássico camisa 9 de outrora.

Nem tudo diverge. O esquema é semelhante, o 4-3-3 é usado em ambas às seleções. Um dependente do toque de bola, velocidade, intensidade, marcação e troca de posições. Outro objetivo, rápido, dependente de Cristiano Ronaldo e variável perante seu adversário.

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Inglaterra 0(2) x 0(4) Itália: Com superioridade na disputa de pênalti, Italianos fazem por merecer um lugar entre os quatro melhores


Análise do BLOG TATICAMENTE FALANDO por Rafael



120 minutos de domínio italiano, porém nenhum gol. A Itália conquistou a vaga pra semifinais da Eurocopa 2012 diante da Inglaterra com sofrimento, na disputa de pênaltis, e de virada venceu os ingleses por 4x 2 com Buffon e Pirlo brilhando.A última vez em que os italianos conseguiram tal feito foi em 2000, quando a seleção foi vice-campeã. 

A Itália começou melhor até a Inglaterra acertar marcação no meio com wingers marcando volantes-meias da Azzurra. De longe, o melhor início de uma partida da Euro 2012.

Com a posse de bola totalmente controlada pelos Italianos que verticalizavam o jogo, utilizando o lado esquerdo de seu campo com Balzaretti e arriscando muito de fora da área. Ingleses jogavam com segunda linha muito atrás, deixando espaço na entrada da área, e com isso De Rossi quase abriu o placar, acertando a trave de Hart aos 3 minutos.

Depois de um bom início da Itália, a Inglaterra equilibrou as ações, começando a rondar a área de Buffon, mostrando boa leitura do jogo com Young e Milner acompanhando os condutores Marchisio e De Rossi, mas faltava alguém mais cerebral no meio campo, o que fez o time de Hodgson apostar em arrancadas e velocidade.

A Inglaterra respondeu de imediato e não abriu o placar por intervenção quase milagrosa de Buffon: Johnson finalizou quase da pequena área, mesmo assim o goleiro italiano conseguiu salvar a azzurra.


Itália no 4-3-1-2 com Pirlo de regista, De Rossi e Marchísio condutores, e Montolivo  trequartista. Time tinha problemas na marcação pelos lados, pois os condutores não abriam tanto para cobrir os laterais Abate e Balzaretti que subiam bastante. Porém, o time furava as linhas inglesas compactas com toques rápidos e infiltrações velozes dos seus atacantes rápidos. Inglaterra no 4-4-2 variando pro 4-4-1-1, com wingers ingleses fechando o lado acompanhando os meias-volantes pelos flancos.

Já na etapa complementar, a Azurra também foi superior, buscando o gol nos momentos iniciais, mas quando errava gerava contra golpes perigosos. Ao menos, tinha um desarme mais preciso e eficiente, saindo mais rápido do seu campo defensivo, porém sofriam com a retranca inglesa e a partida teve o seu ritmo diminuído novamente. Poucas chances de gol apareceram e a decisão se encaminhou para a prorrogação.

Há 2 anos no cargo, Prandelli fez a seleção da Itália jogar com bola no pé, tendo intensidade, verticalização, transição ofensiva rápida e coletiva e facilidade pra sufocar o adversário. Faltaram os atacantes, sobretudo Balotelli, caprichar mais nas finalizações. O atacante do Manchester City desperdiçou várias oportunidades, mas deu mobilidade ao lado de Cassano.

Bicicleta de Balotelli, chute forte de Montolivo, finalização da pequena área de De Rossi, etc. Azzurra cansou de tentar, e o English time assustou apenas em um chute de Young, que desviou na zaga e quase enganou Buffon, e em bicicleta de Rooney, que mandou por cima do gol.

No tempo extra, as duas seleções foram sonolentas e pouco criaram. Em uma das únicas oportunidades, Diamanti cruzou fechado e a bola tocou na trave de Hart, assustando os ingleses, que já pareciam conformados com a igualdade e a decisão indo para as cobranças de pênalti. Foi o primeiro 0 a 0 da Eurocopa 2012. 



Com as mudanças: Dimanti (Cassano), Maggio (Abate), e Nocerino (De Rossi).
Prandelli variou pro 4-3-2-1, esquema que utilizou diversas vezes quando treinava Fiorentina. Nocerino subia bastante, enquanto Montolivo e Marchísio eram condutores e Pirlo sempre ditando o ritmo de trás, jogando solto mais uma vez. Hogson reoxigenou com Henderson (Parker), apostou na bola aérea com Carrol (Welbeck) e velocidade de Walcott (Milner). Sem sucesso e sem transição ofensiva.

Nas penalidades, os primeiro a terem êxito foram Balotelli e Gerrard. Montolivo bateu pra fora, pra desespero italiano. Mas Pirlo, inspirado, confirante e o melhor em campo, bateu de cavadinha, e Young mandou no travessão logo depois, quando brilhou a estrela de Buffon, que defendeu a cobrança de Ashley Cole. Diamanti não falhou na última cobrança e a Itália está na semifinal, para pegar a Alemanha.
Um clássico histórico, que tem em jogo 7 títulos mundiais, 12 finais de Copa do Mundo, 4 conquistas de Eurocopa e 8 decisões continentais.

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França apresenta 4-1-4-1 assimétrico. De envergonhar Napoleão


Blanc não inovou. O treindor Frances copiou Bilic, treinador da Croácia, ao escalar dois laterais para anular o flanco esquerdo espanhol. Sim. Dois laterais, mas um jogando como winger. Os escolhidos foram Reveillere e Debuchy, o segundo compondo a linha de meio campo. Ambos jogavam próximos e com perseguições a Iniesta e Alba, respectivamente. 
Se não fosse por um lance, a estratégia seria cumprida com sucesso, mas a movimentação, velocidade e inteligência espanhola “caotizou” esta proposta.

França atuou no 4-1-4-1 assimétrico. Porque assimétrico? Pois bem. No futebol nada é simétrico, mas podemos relevar alguns centímetros e, poucos, metros. Porém, não se pode fechar os olhos para esta França. Blanc acomodou dois laterais em uma mesma faixa de campo quando a equipe estava sem bola e em posicionamento defensivo. A distancia entre os dois era mínima, uma sobreposição de laterais, na comparação com Ribery, winger pela esquerda, distancia era descomunal.

Flagrante tático. França no 4-1-4-1 assimétrico. No circulo roxo a dupla de laterais. 

Defensivamente a França conseguiu frear o ímpeto espanhol. Algumas perseguições se tornaram interessantes, alem da dupla de laterais em Alba e Iniesta, confiram: M’Vila em Xavi, o Frances diminuiu o raio de ação de Xavi, mas em compensação, Xabi Alonso dominou o meio campo; Cabaye adiantava-se para “pegar” os volantes espanhóis, não era marcação individual, mas sim tentar aperta-los, porém, Malouda comprometeu todo este sistema; Malouda não cumpriu funções ofensivas, tão pouco defensivas e, não bastasse isto, foi envolvido entre Arbeloa e David Silva; a dupla de zagueiros ficou perdida ao não ter em quem colar, Fabregas como falso-9 se movimenta muito, os zagueiros ficaram perdidos entre adiantar para dar o bote ou recuar para fazer sobra defensiva, cada ação gerava uma reação, ou seja, com sobra protegia, mas fornecia espaço aos adversários, adiantando, sofria com o temor de errar o bote e gerar ainda mais espaço, um rombo defensivo.

Flagrante tático. França no 4-1-4-1 com perseguições individuais: Reveillere em Iniesta; Debuchy preparando-se para ir de encontra a Alba e Rami junto a Fabregas.

França com dinâmica apenas defensiva. Posicionamento Frances era com linhas compactas, próximas e agrupando jogadores em seu campo. Objetivo era não deixar a Espanha entrar tocando em sua área. Os flancos eram bloqueados pelos laterais com auxilio dos wingers, M’Vila, o “1” entre linhas marcava Xavi, demais volantes marcavam quem vinha de trás e Benzema solto a frente.

Com posse de bola a equipe francesa se apresentava de maneira contraria quando defendia. Não havia compactação, a disposição de jogadores era de ocupar bem todos os setores do campo. Os franceses se alongavam no campo e jogadores postados longe uns dos outros.
Porém, a marcação espanhola não deixava a França evoluir. Faltou movimentação e conjunto a França. Alias, franceses estes que foram extremamente individualistas e dependentes de Ribery, este se tornou o exercito de um homem só.
Para piorar, se é possível, Benzema, único homem de referencia na área, deixava seu habitat e partida para buscar o jogo, claro, sem sucesso e quebrando ainda mais as tentativas de ataque.

Acredito que a individualização se deu por conta do extremo erro de passes do meio campo. O jogo não evoluía, era bate-volta com os sucessivos erros de passes.

Novamente a defesa. Se Debuchy se tornava um segundo lateral ao lado de Reveillere, pelo outro lado era o contrario. Ribery demorava em recompor e, de certa maneira, minou o companheiro Malouda. Alem de recompor lentamente, Ribery não se posicionava na mesma linha que Debuchy, mas algo normal, pois não era Ribery quem causava esta assimetria, mas sim Debuchy. 

Flagrante tático. A discrepância assimétrica entre Ribery e Debuchy.

Com Ribery lento na recomposição de meio campo, Malouda sofreu com Arbeloa, David Silva e, um dos volantes fazendo passagem por este setor. Era mano-a-mano contra os espanhóis e pela qualidade destes, se tornava previsível a vitoria pessoal adversária.

Flagrante tático. Ribery demora na recomposição e abre rombo pelo flanco esquerdo, consequentemente Malouda e Clichy ficam sobrecarregados. Espanhóis que não são bobos nem nada trabalharam por ali.

Blanc optou por oferecer posse de bola à Espanha, ate porque, não havia outra maneira de jogar se não fosse assim. Porém, o contra-ataque Frances não encaixou. Ribery não conseguiu ser este elo nas transições e, Benzema, solitário à frente, foi facilmente marcado, ate ter a ideia de se movimentar e deixar o setor de ataque ao vento.

Um dos piores jogou da EURO deve-se a França. A equipe “anulou” a Espanha e não foi ao ataque. Estratégia ofensiva francesa deve estar fazendo Napoleão Bonaparte se revirar no tumulo. O gol espanhol saiu em lampejos de movimentação que quebraram a marcação francesa, nada mais que isso, lampejos. Por sua vez, a França não contava com o elemento surpresa Xabi Alonso.

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Corinthians, como manda o gabarito


Vaaaaaaaaaaaaaaai Corinthians!
Finalmente a nação rubro negra pode gritar a pleno pulmões: "estamos na final". O time do parque São Jorge quebrou o tabu e agora tem reais chances de ser campão. O adversário é incerto, o titulo ainda mais, mas como parar o bando de loucos? Argentina ou Chile, aí vamos "nós", contra tudo e contra todos.

Tite acomodou as melancias na carroça, escolheu os melhores e formou um time competitivo. O treinador lida com seus jogadores na palma da mão, pois consegue mudar a proposta de jogo sem trocar de jogadores. Tite propôs uma ideia, os jogadores a comparam e o resultado é este: Campeão brasileiro de 2011 e finalista da Libertadores 2012.
Sem grandes estrelas, o gaucho conseguiu montar um time sem vaidades e, priorizando o conjunto.

Os destaques da partida. O comandante Tite. Leandro passa nada Castán e o bravio Paulinho o homem de duas áreas.

O 4-2-3-1 se mantém como esquema inicial, mas possui uma variação que, leva o time a outros ares. O esquema citado é o 4-4-2 em duas linhas, mais britânico impossível, pois a equipe assumiu suas características de jogar compacto, usar os flancos, retenção de bola, pivô e saída em velocidade pelos flancos. O 4-4-2 em duas linhas tomava forma quando a equipe estava sem bola pelo simples recuo dos wingers alinhando aos volantes e Danilo avançando e se tornando “atacante” ao lado de Alex. Não bastasse isto, Tite fez com que seus jogadores se doassem ao máximo, ou seja, quebrou paradigmas ao usar dois atacantes como wingers recompondo meio campo, redundância, e atribuíram funções defensivas a TODOS seus jogadores, sem exceção.
Alem destes benefícios citados, as duas linhas fornecem subsidio para pressão sobre o adversário. Pois, os “atacantes” Danilo e Alex adiantam-se e dosam a pressão sobre o adversário, geralmente sobre a dupla de zagueiros, assim os força a “quebrar” a bola ou desarme no campo ofensivo. Detalhe: Pressão esta constante no segundo tempo.

Flagrante tático. Corinthians postado defensivamente no 4-4-2 britânico. 

Inicialmente o Corinthians foi a campo para se defender e especular contra-ataques. Tite acuou seu time, mas de maneira organizada e com poderosos contra-ataques. É bem verdade que faltou Emerson na ponta esquerda, pois William perdeu chances que não são admissíveis desperdiçar em uma semifinal.
Se o lado esquerdo era todo ataque, o outro flanco era o contrario. Jorge Henrique recuava tanto que “empurrava” Alessandro para o centro da área, assim o Corinthians fazia uma dupla de laterais, para que? Simples. Neymar. O Corinthians basculava para marcar a joia rara santista. No setor esquerdo encontravam-se: Jorge Henrique recuando pelo flanco; Alessandro ora no lado, ora por dentro; Paulinho pelo centro, mas com os dois olhos na marcação e Chicão na cobertura.

Flagrante tático. Corinthians defendendo no 4-4-2 em duas linhas. Detalhe em Jorge Henrique que não joga alinhado aos volantes, o baixinho é quase um segundo lateral ao lado de Alessandro.

Ressalva aos perfeitos Leandro Castan, Ralf e Paulinho. Que trinca. Castan não deixou nada passar, seja por cima ou por baixo, obteve vitoria pessoal nos embates contra Neymar. Ralf anulou por completo Ganso, o camisa 10 precisava recuar para não ter a sobra Ralf no seu calcanhar. Paulinho foi um legitimo Box-to-box, apareceu à frente e fechou o “canto” de Neymar.
Neymar e Ganso por vezes disputaram o mesmo território, congestionou e a marcação facilitou, em lance raro. Resultado? Gol do Santos.

No primeiro tempo o Corinthians ofereceu posse de bola ao Santos. O time do parque São Jorge compactava as linhas, aproximava-as da meta de Cassio e não deixava o Santos evoluir com passes a frente.
Os jogadores de “ataque” – Danilo e Alex – deixavam propositalmente o zagueiro sair jogando, assim não havia saída de bola qualificada, era bico pra frente.
A marcação era diferenciada quando o Santos adentrava o campo Corinthiano. A blitz era constante sobre o adversário, a meta era recuperar a posse de bola, lança-la a Alex ou Danilo, estes prendem fazendo “parede”, esperam a passagem de William ou Jorge Henrique para armar o contra-ataque.

Faltou alguém para reter a bola e dar maior trabalho à defesa alvinegra praiana. Danilo e Alex bem tentaram, mas não possuem imposição física para atordoar o adversário. Além da falta de alguém na referencia o time ficou carente de alguém pela direita, pois Jorge Henrique atuou como ala e não winger. William naufragou em suas tentativas, disperso, aparentemente, sentiu o clima.

Para o segundo tempo era preciso mudar. Tite Tirou o sonolento William e pôs Liédson. Agora sim um centroavante de referencia, porém, debilitado fisicamente e pouco acrescentou, mais jogou pelo nome e chamando a marcação pela alcunha de goleador.
Com esta mudança o time adotou de vez o 4-2-3-1 e menos o 4-4-2 em duas linhas. Com Liédson na referencia, Danilo passou a jogar na esquerda e Alex no centro.

Flagrante tático. A mudança. Corinthians agora de vez no 4-2-3-1 e com Liédson na referencia.

Metamorfo este Corinthians. No primeiro tempo o time se comportou de maneira traiçoeira e defensiva. Para segunda etapa Tite lançou a equipe à frente, equilibrou o jogo, obteve as melhores chances e controlou o seu adversário.

Linhas adiantadas, 4-4-2 voltando para pressionar a saída de bola adversária, jogadores fechando opções de passe e retomando bola no campo do adversário. Era um outro Corinthians em campo.
No primeiro tempo o coringão optou por recuar e agrupar jogadores no seu campo esperando pelo adversário. No segundo a equipe não esperou e foi para dentro do Santos. Não deu outro, empate e classificação corinthiana.

A marcação pressão não foi constante. Novamente quem “indicava” este tipo de marcação eram Alex e Danilo, a dupla regia os avanços e chamava os demais.
Por ter um time compacto o desgaste físico era menor, pois as distancias percorridas são menores, o campo de ação diminui.

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Portuguesa, mais do que esperávamos, menos do que merecia


Surpreendido. Esta foi à sensação que me comoveu ao assistir a querida Lusa. Esclareço que surpreendido de maneira positiva. Mas confesso que é complicado mensurar a goleada sofrida perante o Fluminense, a final, como ficar surpreendido positivamente ao sofrer uma derrota de 4x1? A resposta não é simples, porém, há nomes encarregados: Fred, mesmo não estando no melhor de seus dias ele brilhou; os vilões, os três zagueiros da Lusa, incrível, foram tentados e caíram como patinhos perante o centroavante tricolor.

Geninho possui pouco tempo de trabalho, mas já é possível ver em campo suas ideias. Alias, ideias estas com embasamento, pois é visto no relvado o que o treinador esbravejava fora das quatro linhas.

Sendo mais genérico e simplista, a Portuguesa atua no 3-5-2. Porém, prefiro ser mais especifico, abrir as portas para interpretações, sendo assim, a Lusa possui algumas variações em campo:

Flagrante tático. Em momento raro o 3-5-2 "alinhado" da Lusa.

- 3-3-2-2: Esquema mais usual e com mais frequência visto em campo. Toma forma da seguinte maneira: três zagueiros, sendo um na sobra e outros dois mais a frente; dois alas, eu disse alas, ambos não aprofundam pelo lado; tripé de meio campistas de base alta, estes extremamente solícitos ao jogo, tanto defendendo quanto atacando; dois atacantes, sendo um de velocidade e outro na referencia.
- 3-4-1-2: Este utilizado pelo simples recuo de um dos meias. A equipe passa a formar um triangulo de base baixa no meio. Geralmente aplicado quando o adversário adentrava em seu campo.
- 3-1-4-2: Esquema quando a equipe esta com posse de bola e em posicionamento ofensivo. Os tripés de zagueiros e volantes se mantêm. A mudança toma forma com alas passando e se alinhando aos meias mais adiantados. 

Flagrante tático. Equipe postada no seu campo. Jogadores deixando zagueiros "criarem". Lusa em transição de esquemas: em linhas pretas o 3-3-2-2 com triangulo de base alta; em plena transição para o 3-4-1-2 em amarelo pois Léo Silva recua alinhando a Boquita.


Mais interessante que os “numerozinhos” em campo foi a proposta de jogo.

A Lusa se postava, invariavelmente, defensivamente em seu campo. A equipe marcava em bloco recuado fechando espaços e desarmando “agressivamente” no seu campo. Não há marcação em campo alto, seja em transição defensiva ou posicionamento, ate porque a equipe sempre prima por recuar e agrupar jogadores, para compactar e não deixar espaços.
De maneira inteligente e sabia, Geninho pediu a seus jogadores para deixarem os zagueiros “criarem”, ninguém dava bota neles, apenas cercavam e não cedia opção de passe a frente, apenas para o lado e recuos. Atacantes que, normalmente, ficam centralizados, sem bola, atuaram abertos, ficavam postados as costas dos laterais, não interferiram no passe do zagueiro, mas fechavam possível tentativa.
Outra curiosidade. Geninho não abdica de ter um jogador entre as linhas. Este jogador sempre fica posicionado para evitar possíveis ingressos do adversário às costas do meio e vir de frente contra os zagueiros.

Reparem no frame abaixo o sistema de cobertura da Lusa. Reação em cadeia, pois Léo Silva saiu para cobrir o bote de Rogério na esquerda. Reparem, em roxo, que Léo Silva era o "1" entre linhas, o coringa que fornece subsidio defensivo. Rogério passou a ser o ala pela esquerda e Raí o meia pelo centro. 

Flagrante tático. Em linhas amarelas o "novo" 3-5-2 da Lusa com Léo Silva como zagueiro e Rogério como ala. Em roxo o recuo de Léo Silva para cobrir o bote do zagueiro. Em preto o habitual 3-5-2, porém sem Léo Silva.


Movimentação defensiva. Parece impossível que uma equipe com pouco tempo ao comando de seu treinador tenha este, importante, fator. Pois bem, Geninho sempre cobrou movimentação a seus jogadores, seja defendendo ou atacando. Acredito que de tanto pedir os jogadores o atenderam.
Quando havia vitoria pessoal, erro na marcação, ou simples deslocamento para dar o bote no adversário, um dos jogadores saía de sua função de origem para cobrir o espaço vazio que o adversário descobrira. O coringa para cobrir este espaço, geralmente, era o “1” entre as linhas ou, o meia/volante que recuava para ao lado do cabeça de área.

Flagrante tático. Portuguesa postada no 3-1-4-2. Reparem que neste momento o "1" é Léo Silva. Fruto da movimentação do time. 

Com um possível, intransponível, sistema defensivo, como é possível explicar o 4x1? Quatro jogadores tomaram as rédeas deste resultado e, Geninho. Os três zagueiros tinham de marcar “apenas” Fred, o único centroavante carioca. Gustavo era o zagueiro da sobra, libero ao melhor estilo BRASIL, sem qualidade para sair jogando serve apenas como subsidio defensivo e garantir “sustentação” ao setor defensivo. Lima e Rogério os stoppers – termo inglês para zagueiro, joga para frear os atacantes, meias, quem vier a seu encontro - com incumbência de marcar e anular Fred. De maneira INGENUA ou, pela qualidade de Fred, os zagueiros se perderam. Gustavo não cobria espaço de ninguém, Lima e Rogério foram envolvidos pelo centroavante. Fred, espertamente, não jogava pelo centro, preferiu cair pelos lados e as costas dos zagueiros, sendo assim sempre ficava no mano-a-mano contra um destes zagueiros, perigo iminente.
Geninho protagonizou a goleada após alterar sua equipe. O treinador mesmo perdendo mudou para tentar um melhor resultado, obviamente, porém, abriu as “pernas” para a equipe carioca. O sistema defensivo perdeu consistência e não foi mais o mesmo.

Flagrante tático curioso. Os triângulos da Lusa. Reparem que ambos de base alta, porém os zagueiros com triangulo aberto e espaçado e o meio campo mais compacto e próximo. 

Depois de tanto prosear sobre o sistema defensivo, enfim chegamos ao “ataque”.
Logo se imagina que, atuando no 3-5-2, os alas sejam alas, nada de anormal, Raí e Luis Ricardo foram alas e não laterais mais adiantados. Com posse de bola a presença dos alas era simultânea, sim, os dois passando, apoiando. Raí procurando mais o flanco e Luís Ricardo verticalizando e adentrando na área.
Porque de dois alas no apoio? Geninho pediu a seu time movimentação nas peças – leias-se jogadores – e, principalmente, a bola. Com jogo objetivo não a Lusa não podia perder chances ao atacar. Sendo assim espaços tinham de ser encontrados da maneira mais rápida possível, a inversão de jogo era uma das alternativas e, como virar o jogo se não há ninguém do outro lado? Assim o apoio simultâneo dos alas se explica.

Como falei anteriormente, a Portuguesa prima por um jogo objetivo e arriscando tudo em seus ataques. Não há troca de passes para esperar o melhor momento, um possível erro adversário, a Lusa não tem qualidade para isto.
Geninho pede a seus jogadores para que se movimentem, descubram espaços futuros, confundam a marcação. Os jogadores o atendem, de especial três jogadores: o ala Luís Ricardo que ora aparece pelo centro, ora pelo flanco; os meias Moisés e Léo Silva, sempre com intensa troca de posição, presença ofensiva e defensiva.
Logo que a posse de bola é retomada os meias ditam o ritmo de jogo, sempre em velocidade e procurando a melhor oportunidade de passe. Quando se encontram no campo ofensivo a utilização de lançamentos às costas dos defensores e finalização de media e longa distancia é mais usual. A equipe prefere logo resolver à “parada” e não dar chances para o adversário armar seu contra-ataque.

Ofensivamente a Lusa fica devendo. Os atacantes Ricardo Jesus e Vandinho pouco participam ofensivamente, ficam a deriva no ataque e sequer recuam para interagir com seus companheiros.
Geninho, não à toa, desgastou mais suas cordas vocais com Raí. O lateral não executava o que seu professor o pedia, faltou agressividade e maior movimentação.
A equipe é dependente do trio, o coração dos movimentos ofensivos e defensivos: Léo Silva, Moisés e Luís Ricardo. Estes três fornecem “qualidade” ao time paulista.

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Armadilha palmeirense, balonismo tricolor e importância da vitoria pessoal


Nesta quarta feira Grêmio e Palmeiras protagonizaram um embate no mínimo interessante pela Copa do Brasil. Ambos os clubes que encantavam o Brasil na década de 90, com estes mesmos treinadores, porém, hoje, trocados, Luxa no Grêmio e Felipão no Palmeiras.Grêmio tentando buscar o jogo, mas sem articulação e Palmeiras retraído em seu campo e armando belíssimos contra-ataques.

Grêmio e Palmeiras já tinham se encontrado há quinze dias pelo campeonato brasileiro, na ocasião, vitoria tricolor por 1x0. Aparentemente Felipão aprendeu mais com sua derrota do que Luxa que saiu vitorioso.

Para o jogo da Copa do Brasil Felipão mudou sua equipe. Manteve o 4-3-1-2/4-2-3-1, porém com Henrique ao melhor estilo Edmilson na Copa de 2002 e Artur na vaga de Cicinho pela lateral direita. O time palmeirense possuía algumas variações: Artur foi mais um zagueiro pela direita do que lateral assim Juninho pela esquerda jogava solto; o esquema poderia variar para o 3-4-1-2 ou Henrique recuando e compondo linha de quatro; João Vitor era o coringa entre 4-3-1-2 e 4-2-3-1, ora volante pela direita, ora winger pela direita.

Diagrama tático. Palmeiras no 4-3-1-2. Henrique como volante-libero para viabilizar variação para o 3-4-1-2.

O Palmeiras induziu o Grêmio a jogar pela esquerda com Pará, lateral destro deslocado para esquerda. Entendam a armadilha do Palmeiras: o time deixa espaço aberto na esquerda, um corredor. Pará passa sozinho, porem pouco depois do meio campo o marcador aproxima de Pará, fornece a linha de fundo ao lateral tricolor e fecha a diagonal. Pará se perde e recua e assim o jogo toma proporções viciosas.
Pelo lado esquerdo Luan avança as costas de Gabriel e recua acompanhando o mesmo.
Henrique a surpresa de Felipao. O zagueiro lembrou Edmilson na Copa do Mundo de 2002, improvisado como volante cabeça de área que fornece mudança de esquema, sobra defensiva e, nesta partida, anulou Marco Antonio.

Diagrama tático. Palmeiras induz Grêmio a jogar pela esquerda com Pará. O time alviverde fornece o corredor ao lateral, porém Pará não chega a linha de fundo, tenta afunilar e é emboscado.
A equipe palmeirense oferecia o flanco a Pará e aplicava o bote quando o lateral passava o meio campo. O time basculava por inteiro para esquerda, agrupava jogadores frente a meta de Bruno e não deixava espaços pelo centro. Caso Gabriel adianta-se, Luan recuava acompanhando o lateral. Pará não tinha outra opção a não ser recuar a bola ou rifa-la para área ao encontro de Kléber e Miralles.
Pará não tinha e, não tem, qualidade para driblar e fazer diagonal, apenas tinha como opção a linha de fundo, mas para cruzar tinha de enquadrar o corpo, ou tentar cruzar com a perna esquerda. Enfim, um caos total.

Diagrama tático. Palmeiras bascula para esquerda, fecha espaços pelo centro e ainda fornece flanco a Pará, porém o lateral tricolor não o utiliza.


O Grêmio não encontrou espaços para jogar. O jogo ia se encaminhando para um insosso empate. Luxa mudou. Tirou os atacantes de "movimentação" Kleber, sem ritmo algum de jogo e, Miralles, escalado como referencia sucumbiu perante marcação. Entraram as "torres" Andre Lima e Marcelo Moreno. Luxemburgo assumiu a proposta de bola aérea, ligação direta e assim defino este estilo como balonismo. Zagueiros sem qualidade alguma, por vezes pressionados, usavam do balão para aliviar e tentar achar alguma jogada. A bola não passava pelo meio campo, se passasse encontraria apenas volantes utilizando o passe lateral. Andre e Moreno tinham de se virar contra os zagueiros, porem sozinhos. Não havia aproximação entre meio campo e ataque. O Grêmio forneceu ao time paulista as chances de atacar, pois era bate e volta, não existiu retenção de bola com dois centroavantes.

Vale ressaltar a qualidade dos zagueiros alviverdes na bola aérea. Os três zagueiros anularam por completo as "torres", André Lima de 1 metro e 85 centímetros, Marcelo Moreno de 1 metro e 87 centímetros. Ambos os centroavantes não conseguiram jogar com bola no chão e pior ainda com bola aérea. 

Diagrama tático. Grêmio com dois centroavantes de área e ainda Pará com corredor aberto. Palmeiras no 3-5-2 encontrando espaços no contra-ataque.

Vitoria pessoal, ou seja, drible. Luxemburgo já admitiu que seu time e técnico e pouco habilidoso. Nesta partida ficou claro. O tricolor não conseguiu abrir espaços na retranca paulista. Ocupava bem os espaços, porém, ficava facilmente marcado ao não se movimentar e ser previsível em suas jogadas.
Faltou o drible. Rondinelly entrou no meio para final do segundo tempo, deu um gás na equipe, mas errou e neste erro saiu o primeiro gol palmeirense, após isto o garoto murchou.
Vitoria pessoal, faltaram a Marco Antonio, Miralles e Kleber. O primeiro ficou entregue a marcação de Henrique. Miralles sumiu perante os zagueiros. Kleber sem ritmo, consequentemente sem vitoria pessoal sobre defesa, jogou longe da meta adversária, saia para buscar o jogo, mas sem sucesso e sempre contou com Thiago Heleno e Mauricio Ramos revezando em seu cangote, o famoso bafo na nuca.

Este jogou provou a importância da vitoria pessoal na ausência da mesma. O Grêmio conseguia passar a linha de meio campo, trocar passes no campo do Palmeiras, porém não adentrava na área adversária pela falta do drible ou algo parecido. O tricolor se tornou um time previsível e demonstrou uma proposta de jogo viciosa e sem alternativas.

Felipão aplicou um Nó Tático em Luxemburgo. O Grêmio simplesmente não levou perigo ao gol de Bruno, salvo raras exceções em bola parada. Palmeiras jogou como legitimo tranca rua e jogou no erro tricolor. 

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