Esquemas táticos (parte 2/3)

Dando continuidade à série de esquemas táticos, o assunto agora é o esquema 4-4-2, provavelmente o mais utilizado depois que o 4-2-4 “saiu de moda”. São muitas as variações deste esquema e, como é o precursor dos esquemas mais utilizados pelo tal “futebol moderno”, mereceu um post único.
O desaparecimento dos pontas, que acabaram sendo recuados para o meio-de-campo facilitou um pouco o trabalho da defesa e deu à equipe uma outra opção de criação, não só os lançamentos em profundidade. Assim, invés das posições do meio-campo se limitarem aos volantes, nasceram também os meias e os armadores (que eu gosto de chamar de meia-ofensivo).
4-4-2 – linha
442 linhaA “cara” do 4-4-2 é essa. São 4 defensores – 2 laterais e 2 centrais -, 4 meio-campistas – volantes, meias e avançados – e 2 atacantes. Não se trata somente de jogar os atletas na cancha e ver o que acontece. Como já defendi, analisar o adversário é o primeiro passo, antes mesmo de analisar a sua equipe. Quantos volantes? Quantos meias? Quantos criadores? Como vão atuar os atacantes? E os laterais? As variações são muitas. As mais famosas seguem.
4-4-2 – inglês
Eu que dei esse apelido ao esquema. Chamei assim porque vi muitos times ingleses (entre eles o Chelsea de 2009) jogando assim, mas o esquema é europeu.
Basicamente o esquema é esse: são 2 zagueiros centrais e 2 laterais com pouca liberdade ao ataque. Sobre o meio-campo, uma das características é a função de marcação de todos eles. 1 dos meio-campistas é o primeiro volante, ele é o que tem a função de voltar e ajudar a defesa em caso de ataque do outro time. É a bolinha mais recuada. O segundo volante é a bolinha à esquerda da mais recuada. Tem a função de dar o primeiro combate, mas não necessariamente volta para ajudar. Porém, sem jogar atrás da linha divisória. O meia-esquerda é quem tem mais a função de criação da equipe, e o meia-direita tem mais a de compor o meio-de-campo. Na frente, 1 centro-avante, postado na área, e 1 atacante que busca mais o jogo.
No caso do Chelsea de 2009, o esquema favorecia a marcação do meio-campo, principalmente com Essien, que também joga de zagueiro; Lampard e Joe Cole (o primeiro compondo o meio com perfeitos chutes de longe e o segundo com muita habilidade para o sistema de criação); e os praticamente centroavantes Drogba e Anelka (o segundo mais que o primeiro; Drogba voltava um pouco para buscar o jogo).
4-4-2 – 2 volantes, 2 ofensivos
Talvez a primeira formação pós-4-2-4 e pré 4-4-2-linha, neste esquema é possível ver os restos da formação da seleção de 70: os pontas, recuados, estão ali, na posição de meias-ofensivos. Têm até os mesmos números.
No começo, estes jogadores (10 e 7) ficavam bem próximos ao ataque. Como antes, a função de criação era dos volantes (5 e 8), com lançamentos em profundidade. Com a evolução, esses ofensivos passaram a ser responsáveis pela criação das jogadas: os volantes ficavam mais presos à marcação.
Esta é uma formação bem interessante. Se os jogadores de defesa derem segurança à equipe a ponto de os meias não precisarem voltar, os contragolpes são mortais. Poucas equipes mantêm 5 ou 6 jogadores atrás, enquanto atacam, para conseguirem segurar um quarteto ofensivo. Com os praticamente centroavantes postados dentro da área, os meias ofensivos podem dividir a tarefa de abrir a defesa e criar a jogada: enquanto um puxa a jogada para o canto, o outro vai para o outro canto puxando os marcadores ou chega no meio como elemento surpresa; enquanto isso, dois atacantes permanecem dentro da área deixando sempre o sinal de alerta ligado no adversário, que precisa deixar sempre pelo menos 2 ou 3 jogadores marcando-os, perdendo, assim, talvez, 1 meio campo, ou sendo forçado a mudar o esquema para mais defensivo.
O Vasco de 94 (1 Carlos Germano, 2 Pimentel, 3 Ricardo Rocha, 4 Torres, 6 Cássio, 5 Luisinho, 8 Leandro Ávila, 7 Yan, 10 William, 9 Valdir, 11 Dener) e o Palmeiras de 96 (1 Velloso, 2 Cafu, 3 Sandro, 4 Cleber, 6 Junior, 5 F. Conceição, 8 Amaral, 7 Djalminha, 10 Rivaldo, 9 Luizão, 11 Muller) jogavam assim. Como se vê, os volantes não eram muito técnicos. Já os 4 homens de frente…
4-4-2 – clássico
Este esquema (que eu apelidei de 4-4-2 torto), fica entre o 4-4-2-2-volantes-2-ofensivos e o 4-4-2-losango: o segundo volante é deslocado para uma posição mais de meia e 1 dos meias-ofensivos é recuado.
O Brasil de 94 foi campeão assim, com Taffarel no gol, Jorginho e Leonardo nas laterais, Márcio Santos e Aldair no miolo de zaga, Dunga de primeiro volante, Mauro Silva de meia recuado,  Zinho de meia avançado, Raí de meia ofensivo e no ataque Bebeto e Romário.
4-4-2 – losango ou B
O número 5 neste esquema também pode acabar virando um líbero (esquema abominado por mim, mas há quem goste). Abre-se mão de 1 meio campo totalmente dedicado à marcação e 1 totalmente dedicado ao ataque/criação por 2 que componham o meio-de-campo, a fim de valorizar a posse de bola. Sendo inteligentes, conseguem definir a direção da jogada, podendo chegar ao ataque para dar suporte quando o 10 avançar. O 10 “original”, como no esquema, é o cérebro do time. É ele quem enxerga a movimentação do meio-campista que dá suporte, a movimentação dos atacantes e uma possível jogada que pode nascer caso um dos laterais avance (o que pode ajudar a abrir a defesa adversária).
O Palmeiras de 99 (1 Marcos, 2 Arce, 3 Jr Baiano, 4 Cleber, 6 Júnior, 5 Galeano, na posição em que está o 8 jogava Zinho com a 11, na posição em que está o 7 jogava César Sampaio com a 8, 10 Alex, 9 Oséas, na posição em que está o 11 jogava Paulo nunes com a 7) foi campeão da Libertadores jogando nesse esquema.
4-4-2 A
Uma sensível variação no 4-4-2-2-volantes-2-ofensivos fazia com que 1 dos atacantes voltasse mais para buscar o jogo. De resto, é idêntico ao irmão.
Em 2010, o Manchester jogava assim: nas laterais Rafael e Evra, na zaga central Ferdinand e Vidic, os volantes eram Fletcher e Carrick, os meias avançados Nani e Park, o centroavante Berbatov e, voltando pra buscar o jogo, Anderson.

This entry was posted in . Bookmark the permalink.

Leave a Reply

Compartilhar