A missão do time Baiano não era impossível, porém,
complicada ao extremo. Não bastava uma simples vitoria e sim, dois gols
marcados. Falcão foi o oposto de si mesmo perante o ultimo jogo. Se na Bahia o
time jogou retrancado, em Porto Alegre, ele abriu seu time e atacou, é bem
verdade que sem sucesso algum, mas tentou.
Na partida de volta entre Grêmio x Bahia, Paulo Roberto
Falcão manteve o esquema da segunda etapa. Abandonou o 4-4-1-1 e assumiu de vez
o 4-3-2-1 arvore de natal. O Bahia claramente jogou em Porto Alegre sem nada a
perder, jogou e deixou jogar. Falcão apenas se perdeu ao não escalar um centro
avante de referencia, Ciro sucumbiu perante os zagueiros.
Flagrante tático. Bahia no 4-3-2-1 arvore de natal. Tripé de volantes, dois wingers e centroavante. |
Falcão foi campeão estadual com um futebol no mínimo razoável.
Porém, é de conhecimento geral que, campeonato estadual é engana bobo, vence-lo
é obrigação.
Falcão mudou por completamente a estratégia de jogo. Se na
Bahia o treinador jogou de forma cautelosa e explorando contra-ataques, em
Porto Alegre, liberou o time para ir à frente com dois meias encostando em Ciro para,
supostamente, pressionar o Grêmio. O time sentiu falta de um jogador de
imposição física à frente, pois não havia retenção de bola ofensiva, era
bate-volta.
Algo se fez notar no decorrer da partida e claramente tinha
o dedo do treinador e seu auxiliar Julinho Camargo. Bahia com um esquema
atacando e outro defendendo, ou seja, transição ofensiva e defensiva.
Transição defensiva contava com sete jogadores defendendo e
agrupando-se frente à meta de Marcelo Lomba. Algo típico de Falcão, pois o
treinador, na fase defensiva, compacta o time, aproxima as linhas e tenta
fechar espaços. O tridente ofensivo, Lulinha, Magno e Ciro não auxiliavam na
marcação, ficavam postados à frente, abertos e prontos para armar o
contra-ataque. Posicionamento defensivo efetivo com uma primeira linha de quatro
e a sua frente um tripé de volantes.
Flagrante tático. Bahia em posicionamento defensivo com primeira linha de quatro e a sua frente o tripé de volantes. |
Na transição defensiva ainda podemos notar outra variação.
Bahia espelhando o esquema do tricolor com meio campo em losango. O tripé de
volantes se mantinha, o simples recuo de Magno já formatava este losango.
Acredito eu que, Magno recuava para frear a distribuição de jogo de Fernando.
Por vezes este 4-4-2 losango se mantinha em transição ofensiva.
Magno era o meia a frente do tridente de volantes, mas sem ser criativo, apenas
um condutor. Lulinha o atacante de velocidade caindo pelos flancos e Ciro o “centroavante”.
Flagrante tático. Bahia espelhando losango do Grêmio. |
Bahia quebrava muito a bola – no sentido de perde-la
ingenuamente -, time sem qualidade no passe. Ao errar passes na transição
defensiva-ofensiva o Bahia oferecia o contra-ataque ao Grêmio. Alem de pegar
sua equipe desprevenida a transição era lenta, pois jogadores já estavam
posicionados mais a frente.
Transição ofensiva deixou muito a desejar. A começar pelo “lateral”
direito Fabinho, volante de origem, improvisado na lateral, não chegou à linha de fundo. Meio campo não conseguia fluir as jogadas, pois errava
muitos passes, sejam eles laterais ou à frente. Time dependente de Gabriel e
consequentemente pendendo a direita, inicialmente surpreendeu o Grêmio, mas com
o passar do tempo à jogada se tornou manjada. Os dois wingers não tiveram
vitoria pessoal sobre volantes e/ou laterais tricolores. Magno e Lulinha
jogaram em uma faixa de campo muito recuada e distante de Ciro. Magno pela
esquerda jogou por dentro e fazendo diagonal, Lulinha mais colado a linha e,
igualmente cortando para dentro. Ciro jogou isolado e entregue a marcação dos
zagueiros, Ciro não tinha imposição física para fazer pivô. Setor de ataque não
segurava bola para apoio de meio campo.
Com bola o time formava duplas ao atacar, na esquerda com:
Gerley e Magno. Na direita com: Gabriel e Lulinha. Fahel ficava preso frente
aos zagueiros. Helder revezava com Gerley no apoio.
Transição ofensiva era com passe acelerado pelo chão. Sempre
pelo centro, seja com volantes iniciando as jogadas, ou, meias/atacantes
infiltrando pelo centro. Acredito que este foi um agravante da falta de
oportunidades criadas pelos Bahia, a falta de exploração do flanco. Bahia se
tornou um time previsível e sem retenção de bola no ataque.
Falcão parte de uma equipe compacta. A ideia é facilitar as
trocas de passes curtos e evitar que os jogadores percorram grandes espaços de
campo, desgastando-se sem necessidade. Nesta partida, não obteve sucesso.
Análise fantástica! Concordo, integralmente, que não por um NOVE foi um erro grave. Visava deixar o time mais rápido mas acabava não segurando os zagueiros adversários!