As faces do Inter contra Flamengo


Inter e Flamengo fizeram um jogo repleto de surpresas. A começar pelos erros defensivos de ambos os times, passando pelo placar elástico e chegando a desavença entre Dorival Junior e, um dos melhores jogadores em campo, Fabrício. O jogo terminou empatado, três gols para cada lado. O empate saiu com gosto de derrota para o Flamengo e, para o colorado, com gostinho de vitoria.

Dorival Junior tinha de montar um time em meio a desfalques. Armou um 4-4-2 abrasileirado, se preferirem, 4-2-2-2. Surpreendentemente o treinador pôs Josimar, volante de origem, como meia ao lado de Datolo. Mesmo contando com, supostos, três volantes o Inter, tinha e tem problemas defensivos. A velha bola aérea novamente voltou à tona, Índio errando bisonhamente e uma linha, burra, de impedimento no terceiro gol carioca.

Flagrante tático. Inter no 4-2-2-2

Diferente do que se imaginava o Inter não foi ao Rio se defender. Jogou equilibradamente tentando tocar a bola e encontrar espaços.

Inter possuía um esquema ao atacar e outro ao defender. Transição ofensiva 4-2-2-2 com meias atuando próximos, mas não interagindo entre si e, sim com laterais que faziam passagem. Atacando preferencialmente pela esquerda com Datolo e Fabrício. Para equilibrar o lado direito, Dorival jogou Dagoberto por aquele lado, juntamente com Josimar e Nei. Ressalto que o lado direito foi mais discreto pelo fato de Ronaldinho jogar as costas de Nei. Datolo foi quem regeu o Inter, se movimentou, quebrou marcação do Flamengo e abria espaços partindo da esquerda. Josimar sumido do jogo e contribuindo mais defensivamente, pois fechava o lado em que Magal apoiava e ainda auxiliava a Nei na marcação. Volantes nada auxiliaram ofensivamente, ficaram postados na linha divisória do meio campo e apenas trocavam passes laterais, Elton quem cobria o lateral apoiador. Com meias sobrepostos aos volantes o caminho foi fechado aos mesmos, assim Guiñazu e Elton ofereciam subsídio para os laterais apoiarem, alternadamente.

Transição defensiva. Inter se postava em duas linhas, 4-4-2 tipicamente inglês, para bloquear apoio dos laterais da seguinte maneira: primeira linha intacta, dois zagueiros e dois laterais; meio campo que era em quadrado passa a ser em linha, meias abrem e fecham corredor do lateral, volantes intactos; atacantes jogando em cima dos zagueiros para força-los ao erro. Naturalmente Josimar tinha maior poder de recomposição que Datolo, pode se confundir um losango, porém Datolo fecha o corredor mais adiantado. Acredito que Dorival optou por Josimar na direita para frear a dupla Magal e Ronaldinho, assim o setor direito de marcação contava com o lateral Nei, volante Elton e o “meia” Josimar.

Flagrante tático. Inter sai do 4-2-2-2 e adota em fase defensiva o 4-4-2 em duas linhas.

Logo o Inter demonstrou alguns problemas. Quando a zaga era pressionada faltava saída de bola, zagueiros eram obrigados a rifar a bola ou recuar a Muriel. Em uma destas blitz cariocas, Indio se perdeu e fez pênalti em Vagner Love. Outro problema, mas desta vez corriqueiro foi a volta da bola aérea, porém, deve ser posto na conta do desentrosamento.

Previsível, mas sem marcação. Assim o Inter se aproveitou da ingenuidade rubro-negra. Datolo e Fabricio faziam dobradinha pelo lado esquerdo, Kleberson não conseguiu para-los e tão pouco auxiliar Léo Moura. A grande dificuldade do Inter era ter imposição ofensiva, pois Gilberto esta longe de ser Damião, não conseguiu fazer pivô, fez o gol, mas deve muito a Fabricio e Datolo.

Segundo Tempo. A mudança

Dorival mudou logo no intervalo. Sacou Josimar e pôs Maurides, garoto de 19 anos e centroavante de força física. A saída de Josimar se explica perfeitamente pelo fato do Flamengo não atacar com Magal e, pelo mesmo Josimar ser nulo ofensivamente. O Inter passou a jogar entre um 4-2-2-2/4-3-3. Dagoberto era o coringa entre esquemas, ora atacante pela esquerda, ora meia pela esquerda. Maurides e Gilberto os atacantes de área, sendo que, Maurides pendia mais a direita. Datolo a frente dos volantes Guiñazu e Elton. O Inter voltou melhor, porém, seguia com o mesmo problema, não conseguia finalizar.

Flagrante tático. Inter no 4-2-2-2.

Defensivamente o Inter continuava o mesmo do primeiro tempo. Volantes cobrindo o apoio do lateral. Ofensivamente o Inter pendia para esquerda com Datolo, Dagoberto e Fabricio.

Datolo seguia o homem de referencia para o passe colorado e, ainda assim sem marcação rubro-negra. Ou talvez, com marcação, mas conseguindo se desvencilhar da mesma.

O gol parecia questão de tempo, Inter pressionando, maior presença ofensiva. Porém sem finalizar ou criar chances de gol. O Flamengo por sua vez era sorrateiro e novamente se aproveitou de erro colorado. Fabrício não acompanhou Léo Moura, Nei deixou Vagner Love em posição legal, Vagner girou sobre Moledo e marcou o terceiro gol carioca. Parecia tudo perdido, a final 3x1 fora de casa parece irreversível.

Dorival novamente mexeu desta vez logo após sofrer o gol, aos 15 do segundo tempo. Sacou Gilberto com pouca presença ofensiva e colocou Marcos Aurelio. Inter voltou ao seu esquema habitual. O 4-2-3-1 estava em casa. Vale ressaltar que independe dos jogadores em campo, este esquema esta nas entranhas dos jogadores, eles possuem leitura das posições e movimentos a fazer e assim cumprem. Neste 4-2-3-1 é de suma importância a movimentação da linha dos três meio campistas, e posso dizer que Marcos Aurelio-Datolo-Dagoberto confundiram marcação e a este analista em relação ao posicionamento de cada um deles. Sem contar que agora o Inter possuía um centroavante de referencia e com porte físico para tal, Maurides segurava marcação e girava sobre seu marcador. Garoto de personalidade.

Flagrante tático. Inter no 4-2-3-1.

Novamente o lado esquerdo. O Inter é um time trocador de bolas, não pode se render ao chutão ou ligação direta. O passe curto, a procura por espaço pelas laterais do campo já é característica deste estilo proposto por Dorival. O Flamengo seguia a ceder espaços ao Inter, o colorado dos pampas mais agressivo decidiu aproveita-los. Sem conseguir penetrar na grande área, Fabrício resolveu arriscar de fora da área e acertou um belo chute cruzado, indefensável. O Inter descontava, 3x2.

Não bastava, o empate tinha de ser alcançado. A marcação apertou sobre os jogadores do Flamengo, a retomada de bola tinha de ser rápida para ser jogada aos homens de frente. O Inter acumulou contra-ataques desta maneira, desarmando e jogando em velocidade a frente. E, não poderia sair de outra maneira a não ser em contra-ataque e dos pés de outro jogador a não ser Datolo. Ronaldinho recebeu na esquerda, Elton logo grudou no gaucho e limpo o desarmou, a bola sobrou para Marcos Aurélio pegar o Fla desprevenido e logo tocar para Datolo, o argentino driblou seu marcador e logo desferiu um belo chute, de fora da área, no canto de Paulo Victor. Estava tudo igual, 3x3.

Após o gol de empate o Inter murchou. O time gaucho ainda contou com a sorte de Joel Santana mexer de maneira equivocada no seu time, ao invés de acelerar o treinador cadenciou. Dorival recuou sua equipe e sequer tentava explorar contra-ataques, a ordem era manter o 3x3.

O Inter volta do Rio de Janeiro com um ponto milagreiro, pois com os desfalques muitos davam este jogo como perdido. Resta saber se Dorival irá punir de maneira severa o lateral Fabrício, esperamos que não.

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