Chelsea, um campeão diferente


A tão sonhada taça.


Não queira julgar o atual campeão da UCL de forma equivocada e ingênua. Este Chelsea de Di Matteo não chegou a final, do maior campeonato do mundo, por mero acaso, ou descaso da natureza, nada disso. Se desejar por a culpa na sorte, pois bem, ela só acompanha os vencedores, campeões e o clube inglês é o campeão de fato.

Vejo muitos não apenas jogarem palavras ao vento, mas afirmarem categoricamente que o Chelsea contou com mais sorte que juízo. Não creio. O time inglês eliminou Barcelona, um dos melhores, se não o melhor time de todos os tempos. Se não bastasse pegar o Bayern, para piorar, jogou na casa do seu adversário.

Acredito que esta rixa por ver o Chelsea campeão é por termos nos acostumados com o futebol de encher os olhos do Barcelona. Temos de aceitar o diferente. Futebol efetivo e jogado de maneira inteligente.

Di Matteo jogou a grande finalissima com três desfalques, o capitão John Tery, o destaque brasileiro Ramires e o volante/meia Raul Meireles. O treinador italiano mudou seu esquema, porém, continuou com sua filosofia e proposta de jogo. Saiu o 4-1-4-1 e entrou o 4-4-1-1, mudança sutil, mas que altera a maneira de como se defender e atacar.

Flagrante Tático. Chelsea no 4-4-1-1. Duas linhas recuadas dentro da área.

Não posso fugir da raia. Irei começar abordando o sistema defensivo dos ingleses. Di Matteo armou duas linhas tipicamente britânicas, compactas e sem deixar espaço entre si. Os zagueiros que tiveram de marcar Mario Gomez, o alemão estava em tarde pouco inspirada, pois o que distribuiu de caneladas foi brincadeira. Dois laterais presos à marcação e sempre sendo bombardeados por Robben e Ribéry. Wingers recuando e acompanhando lateral adversário, alem de auxiliar o próprio lateral de sua equipe na marcação. Os volantes presos ao centro, recuando para se aproximar dos zagueiros e não deixando Muller jogar pelo centro. Mata como o “1”, o elo entre meio de campo e ataque, atuou na posição em rende de melhor forma, centralizado e livre para se movimentar. Drogba o centroavante de referencia, tinha de se virar como podia, seja com bola no chão, aérea ou rifada. Mata avançava e aliava-se a Drogba no ataque para tentar diminuir a liberdade dos defensores alemães ao tocar a bola.

A transição defensiva inglesa era perfeita. A velocidade com que os wingers recuavam a sua posição original era estonteante. Propositalmente o Blues ofereciam a posse de bola ao adversário, recuavam suas linhas, agrupavam jogadores frente a sua meta, ocupavam os espaços e espreitavam um contra-ataque. Sincronia nos movimentos de retomada do 4-4-1-1, porque, ao tomar posse da bola o Chelsea adotava o 4-2-3-1 pelo simples avanço de seus wingers. Alias, ressalto que Ashley Cole e Bertrand nada contribuíram ofensivamente, porém, defensivamente, anularam a Lahm e Robben. O holandês marcado, acuado, sem um palmo de campo tinha que sair de sua posição original para encontrar espaço e mesmo assim sua situação pouco melhorava. Pela direita defensiva, Boasingwa contou com auxilio de Kalou na recomposição defensiva, ambos dão davam espaço a Ribéry e Contento. Outro fato, independente de flanco, o Chelsea não deixou Robben e Ribéry fazerem seu jogo vertical. Mikel foi o volante que bateu de frente com Muller, Lampard ficava pendia mais a esquerda e, atento as bolas roubadas para lançamentos.

Flagrante tático. Chelsea saindo do 4-2-3-1 para rapidamente recompor o 4-4-1-1. Em azul o 4-4-1-1 e em amarelo o 4-2-3-1 se desfazendo.

Felizmente Contento não é um grande lateral. O Chelsea não precisou se preocupar tanto com o italiano. Talvez se explique a liberdade de Kalou no apoio, pois na esquerda Bertrand estava preso e solicito a marcação.

Hipocrisia jamais. O Chelsea errou em diversos momentos ao ceder espaço a Mario Gomez. Parece que o clube inglês se preocupou em marcar tanto Robben, Ribéry e Muller que esqueceu o “9”. O centroavante não estava em seus dias, perdeu gols que não costuma perder. Mario jogou, propositalmente, sobre Cahill e teve vitoria pessoal sobre o atacante, seja girando ou abrindo espaço.

Não foram raros os momentos e, sim, corriqueiro vermos DEZ jogadores do Chelsea atrás da linha da bola, defendendo, fechando espaços, povoando a frente da área e com voracidade tentar recuperar a posse da bola. Até porque Drogba fez um pênalti, infantil estando onde não deveria estar. 

Flagrante tático. Chelsea no 4-4-1-1 com os dez jogadores no campo defensivo. Drogba recuando entre as linhas.

Transição ofensiva estava prejudicada, justamente por não contar com Ramires e Raul Meireles. Logo que os Blues recuperavam a posse de bola a mesma era lançada pelas laterais do campo, ou, ligação direta para Drogba à frente. O contra-ataque inglês não obteve sucesso. A grande arma do Chelsea foi à bola aérea, esta em oportunidade única aproveitada aos 43 minutos do segundo tempo. Drogba marcou desviando de cabeça após cobrança de escanteio.

O caneco cairia em boas mãos, independe do clube. Parou na Inglaterra, feliz Roman Abramovich que conquistou sua primeira Champions. Sorriso de orelha a orelha deve estar Di Matteo, o jovem italiano pegou o bonde andando, desacreditado e o fez campeão, merece os louros. Chelsea campeão em sua proposta de se defender e sair rápido em contra-ataque. 

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