Neymar prometeu, Neymar cumpriu. O menino de Vila havia dito
que, em Santos o jogo seria diferente. Garoto de palavra. Na Bolívia o Santos
penou na altitude e levou 2x1. Precisando reverter o resultado, o atual campeão
da Copa Libertadores, esmagou o pobre time boliviano, foi de dar pena.
Esta será uma analise tática diferente. Não farei com
primeiro e segundo tempo e, sim com analises dos dois times. Como o Santos fez
simples OITO, eu disse OITO gols. E como o Bolivar sofreu estes mesmo oito
gols.
Muricy não abre mão de seu 4-2-3-1 “torto”, o time arremete
ao torcedor brasileiro a seleção de Dunga e, posso afirmar que neste jogo a
lembrou muito. Elano é o coringa entre o 4-2-3-1 e o 4-4-2 losango. Muricy
soube explorar as fragilidades defensivas de seu adversário, cansou de jogar
pelos flancos em bolas longas e no erro da zaga boliviana.
Flagrante tático. Santos no 4-2-3-1. |
O Bolivar por sua vez não abriu mão de seu estilo de jogo.
Esquema parte do 4-3-3 e apartir daí possui algumas variações. Com bola o
lateral esquerdo avança e o esquema se torna o 3-4-3, sem bola o time se agrupa
e fica no 4-1-4-1. Mesmo levando OITO gols o time não deixava de se pôr no
campo adversário, pressionar saída de bola e adiantar as linhas. Há uma clara
organização com bola e sem bola, apresentando variações amparadas em muita
intensidade, muita correria, muita atitude dos jogadores.
Flagrante tático. Bolivar no 4-3-3. |
O Bolivar surpreendeu nesta Libertadores. O time possui uma
filosofia interessante. A intensidade do Bolívar impressiona. Sem a bola a
marcação é em alta pressão, no campo adversário, tentando sufocar e induzir ao erro.
Recuperada a posse, os meias e os três atacantes partem para cima,
diversificando jogadas, e a linha defensiva adianta-se para encurtar o campo e
pegar o rebote. Nos últimos jogos foram perfeitos, porém contra o Santos a
historia é diferente.
O principal pecado do Bolivar foi abrir os lados do campo e
deixar Neymar no mano-a-mano contra o lateral-zagueiro Rodriguez. O Santos
explorou por demais a bola longa ao ataque, por diversas vezes os zagueiros
usaram da ligação direta para o ataque. Dos oito gols marcados, cinco foram
entre contra-ataque ou por ligação direta.
O 3-4-3 toma forma quando o Bolivar esta com posse de bola.
Rodriguez bascula empurrando Frontini para ser o homem da sobra e Valverde se
torna zagueiro pelo lado esquerdo. Alvarez se torna meia aberto pela esquerda. O
grande problema é na transição defensiva. Postado no 3-4-3 a equipe adianta
suas linhas, compacta o time e se aproxima da linha central de meio campo. Porém
não consegue recuperar a bola e, não bastasse isto, oferece espaço pelas
laterais, zagueiros inconsistentes e um volante sobrecarregado. O Santos se
aproveitou com o apoio de Juan na esquerda, Arouca chegando ate o bico da
grande área, Ganso acelerando os passes, Neymar agudo e decisivo pela esquerda,
Elano mais solitário na direita e Kardec pelo centro.
Flagrante tático. Bolivar em transição defensiva. 3-4-3. |
O erro boliviano se repetia em todo ataque alvinegro. Inacreditável
como um time pode insistir em um erro grotesco. Como o treinador do Bolivar não
conhecia o Santos? É de conhecimento geral que o Santos sabe explorar
contra-ataque como poucos e, mesmo assim o ignoraram? Inaceitável.
O Santos por sua vez se postava no 4-2-3-1 “torto”, pois
Neymar era ponta pela esquerda, enquanto Elano um meia não tão incisivo pela
direita. O time naturalmente pende para esquerdo, pois lá se encontra Neymar. Esta
partida Muricy não contou com Fucile e Maranhão, teve de improvisar Henrique na
lateral, este como lateral pouco apoiou. Henrique basculava para o centro e
liberava Juan para o apoio. O Grande trunfo do Santos foi saber explorar os
lados de campo, fragilidade defensiva e ingenuidade boliviana na recomposição defensiva.
Bolivianos defendiam com poucos homens, normalmente quatro.
Muricy segue no seu 4-4-2 losango para defender. Porém nesta
partida foram raros os momentos deste esquema, pois o estilo de jogo proposto
era intenso. Ainda assim Elano voltava para auxiliar quando a equipe defendia.
Flagrante tático. Santos no 4-4-2 losango. |
Bolivar tentou parar o Santos encaixando marcação e marcando
quase que individualmente. O recuo dos pontas formavam o 4-1-4-1 e um encaixe
por momento aconteceu. Vejam como fica: Campos e Flores batem com os volantes
(o “2″ do Santos, Arouca e Adriano), Lizio e Arce com os laterais
(respectivamente Henrique e Juan), os laterais Rodriguez e Alvarez cuidam dos
extremos (Neymar e Elano) e Flores bate de frente com o articulador central (Ganso),
permitindo aos zagueiros a formação de uma sobra em Alan Kardec (um dá o bote, o
outro faz a cobertura).
Flagrante tático. Encaixe de marcação do Bolivar sobre o Santos. Recuo dos pontas formando 4-1-4-1. |