Lidar com justiça no futebol é complicado. Fluminense dono
da melhor campanha da Libertadores, Internacional, dono da pior campanha. Qual
seria a lógica? Fluminense passar com méritos, pois bem, não foi bem assim. O
Flu passou, mas nos dois jogos foi inferior ao clube gaucho. Ganhou por um
triz. Não se enganem. O melhor dos dois jogos foi o Inter, mas o melhor no
total segue sendo o clube carioca.
Abel Braga arma sua equipe no 4-2-3-1. Este 4-2-3-1 é um
esquema transição, pois em fase ofensiva o time se encontra no 4-3-3 e 4-1-4-1
defendendo. O Fluminense, jogando em casa, não conseguiu se impor contra o
Inter. A estratégia de Abel, com o tempo, se tornou explorar a bola aérea, pois
o Inter demonstrou fragilidade neste quesito.
Flagrante tático. Fluminense no 4-2-3-1. |
Dorival segue no 4-2-3-1. Defendendo o time se postava no
4-4-2 com Oscar alinhado a Leandro Damião, importunando os dois zagueiros. Os
wingers, Tinga e Datolo, recuam e formam uma segunda linha de quatro no meio
campo, batem com apoio do lateral adversário. Com bola, os wingers avançam e
Oscar recua para fechar o tridente de meias.
Flagrante tático. Inter no 4-2-3-1. |
Esta incessante troca de esquemas só pode ter uma
explicação. Encaixar marcação. O Inter defendendo no 4-4-2/4-4-1-1-,
sobrepondo-se ao 4-3-3 carioca: Laterais (Nei e Fabricio), marcam pontas de pés
invertidos do Flu (Sóbis e T.Neves); um zagueiro gruda em Fred e outro na sobra;
wingers (Tinga e Datolo) recuam fechando o flanco pegando o lateral adversário;
Sandro Silva é o volante plantado, já Guiñazu é o volante que sai para o bote
pelo centro; Oscar recua marcando e Leandro Damião mais a frente.
Flagrante tático. Inter defendendo no 4-4-1-1. |
Fluminense no 4-1-4-1, sobreponham este 4-1-4-1 ao 4-2-3-1
do Inter. Vejam como fica: Deco e Jean batem com os volantes (o “2″ do Inter,
Guiñazu e Sandro Silva), Sobis e Thiago Neves com os laterais (respectivamente
Nei e Kleber), os laterais Bruno e Carlinhos cuidam dos extremos (Dátolo e Tinga)
e Edinho bate de frente com o articulador central (Oscar), permitindo aos
zagueiros a formação de uma sobra em Damião (um dá o bote, o outro faz a
cobertura).
Flagrante tático. Fluminense defendendo no 4-1-4-1. |
Deve-se ressaltar que os encaixes de esquemas tiveram sucesso
apenas de um dos lados. Abel Braga não conseguiu fazer com que seus pontas
acompanhassem o lateral adversário, resultado? O lateral passava livre e
auxiliava o winger no flanco. O Inter ganhou o meio campo e dominou o setor.
Do lado colorado. O encaixe foi com perfeição, pois o 4-4-2
se mantinha com marcação alta quando o Flu não passava da linha de meio campo. O
4-4-1-1 ocorria quando o Flu passava linha de meio campo, assim os wingers
recuavam e cumpriam função de marcar o lateral adversário.
Flu com bola não conseguiu levar perigo ao gol de Muriel na
troca de passes. O 4-2-3-1 que passava a ser 4-3-3 com triangulo de base alta no meio, era estático. Pontas
cariocas apenas faziam o vai-e-vem, diagonal ao centro e batiam de frente com
laterais adversário. O time dependia de Deco na armação, porem o
luso-brasileiro, bem marcado, pressionado e forçado ao erro, não conseguia
fazer o jogo evoluir. Um lateral sempre estava presente no campo ofensivo, enquanto outro basculava formando três zagueiros. A marcação colorada pressionava o meio campo carioca ao
erro, Guiñazu foi um volante pitbull, pois saia a caça dos meias.
Flagrante tático. Inter defendendo no 4-4-2 em duas linhas e Flu no 4-3-3 com triangulo de base alta no meio. |
Inter ofensivamente no 4-2-3-1. Transição ofensiva
dependente de Oscar e Leandro Damião pelo centro, pois Datolo na esquerda
naufragou em suas tentativas e, Tinga não ia ao fundo como winger na direita.
Oscar chamou o jogo para si, recuava, girava, e se posicionava as costas de
Edinho, tabelava com Leandro Damião e criava situações. Leandro Damião fazia
com maestria o pivô, ficava de costas perante marcação e, tinha duas opções:
tentar o giro sobre o adversário, seguido do chute; jogando de costas e
segurando o zagueiro, ele chama o passe do companheiro e o serve em tabela.
Gols no primeiro tempo. Inter inaugurou o placar com um gol típico
e com assinatura de Leandro Damião: Jogando de costas, recebe passe de Oscar,
gira sobre adversário e bate da entrada da área com chute rasteiro. Fluminense
só balançou as redes na bola parada, curiosamente, dois gols idênticos: Thiago
Neves cobrando falta de pé trocado (pé esquerdo no lado direito) e procurando
sempre a marca do pênalti; na primeira, Leandro Euzébio marcou em posição
irregular, porém o arbitro nada viu; segundo gol, mesma cobrança e Fred vence
marcação para marcar.
Segundo tempo
Se o clube gaucho já tinha leva domínio do jogo na primeira
etapa, nesta segunda ficou evidente as propostas de jogo: Inter se postando no
campo adversário e empurrando o Fluminense para seu campo; Flu recuado e abdicando
de atacar, dependência das bolas paradas ficaram ainda mais evidentes.
Taticamente o Inter se mostrou ainda mais claro no 4-2-3-1,
com bola e sem a mesma. Uma pequena mudança: Oscar passou a ser o winger pela
direita, Tinga pelo centro e Datolo permaneceu na esquerda. Esta mudança
favoreceu o jogo pelos flancos ao Inter, Oscar comandou o lado direito e
Fabricio tentando acionar Datolo na esquerda.
Primeiros minutos deste segundo tempo pareciam um replay do
primeiro, pois o Fluminense conseguiu no espaço de 5 minutos, quatro faltas a
seu favor no campo ofensivo. O estilo de cobrança seguia o mesmo: Thiago Neves
cobrando de pé trocado na direita e Deco, de mesma maneira, na esquerda.
Taticamente o Fluminense tinha pequena inversão: Os meias,
Deco e Jean trocavam de lado; Thiago Neves a Rafael Sóbis, para confundir
marcação, invertiam as pontas.
O andar da carruagem era a favor do Inter, mas isto não bastava,
pois o lado esquerdo era inútil com Datolo. Dorival propôs a primeira mudança
aos 15 minutos, sacou o argentino Datolo e coloca Jajá em campo. O
posicionamento do meio campo colorado segue o mesmo. Com Jajá o Inter ganha em
força física, combate direto aos defensores, chute de longa distancia e jogo
vertical.
O Inter seguia dominando,
porém a bola teimava em não entrar. Fluminense tinha lampejos de sobriedade com
contra-ataques nos flancos, puxado pelos pontas.
Passados nove minutos da primeira mudança e, novamente
Dorival iria utilizar o banco de reservas. Desta vez mais ofensivo, Dagoberto
entrou no lugar de Guiñazu. Com mudança Tinga passou a ser volante ao lado de
Sandro Silva, Dagoberto foi jogar no lado esquerdo, Jajá pelo centro e Oscar na
direita.
No intervalo de três minutos Abel mudou duas vezes. Fred
sentiu e Rafael Moura entrou no seu lugar aos 26 minutos. Três minutos após,
Valencia ingressou no lugar de Deco. O time seguiu no 4-2-3-1, mas agora com
Valencia e Edinho plantados frente a zaga e Jean mais a frente.
Diagrama tático. Flu entre o 4-2-3-1 e 4-3-3. |
Com mudança e ingresso de Dagoberto o Inter ganhou movimentação
e aproximação a Leandro Damião. Dagoberto chegou a perder incrível chance
frente a Diego Cavalieri. O gol parecia questão de minutos. O Fluminense por
sua vez, estacionou um caminhão em seu campo e decidira não deixar o Inter
jogar.
Faltando menos de dez minutos para o final da batalha,
Dorival foi para o tudo ou nada. Jô entrou no lugar de Tinga. O esquema já não podia
mais ser definido, ora parecia um 4-4-2 ora 4-1-3-2. Certo era que o Inter
contava com dois centroavantes de área, Jô e Leandro Damião, deviam ser
municiados com bola aérea e jogando sobre os dois zagueiros.
Flagrante tático. Inter no 4-1-3-2. |
O jogo se arrastou para o final e apenas o Inter jogava.
Parecia jogo no Beira Rio, pois o Fluminense ficava acuado em seu campo e os gaúchos
pressionando no campo adversário e empilhando chances. Abel Braga não possuía mais
a posse de bola, jogava retrancado e no final ainda pôs Marcos Junior para
puxar contra-ataques pelo flanco esquerdo.
O 2x1 do primeiro tempo se manteve. Fluminense classificado
por, simplesmente, marcar mais gols que seu adversário. O futebol é assim, nem
sempre o melhor vence.
Muitas variações positivas do Fluminense.
Post sensacional.
Parabéns.
Interessante.