Análise tática – Estréias da dupla GRENAL


Os clubes ainda irão se reforçar. As engrenagens ainda precisam de graxa para entrar no ritmo. A muita poeira para tirar, os músculos ainda estão de ressaca por uma pré-temporada voltada a esforços físicos, mas já é de conhecimento geral. O campeonato gaúcho começa para os gigantes da capital, a dupla GRENAL estréia o ano de 2012 repletos de sonho a serem almejados.

Os Juniors começaram o ano, sorte para Dorival que estreou com pé direito. O Inter jogou quarta feira, jogo adiantado pela quarta rodada. O Grêmio jogou nesta noite de sábado. O time de Dorival para muitos não encantou, mas cumpriu sua obrigação que é vencer. Caio botou em pratica seu discurso, mas perdeu jogando em casa.

Inter

Inter no 4-2-3-1 de praxe.

Dorival manteve o sistema tático de 2011. O esquema mais utilizado do ano no Brasil, foi o 4-2-3-1 e parece que pode seguir em 2012. No Inter com um acréscimo e duas perdas. Dagoberto estreou, mas não teve prestação que todos esperavam. Tinga lesionado não pode jogar, no se lugar Josimar foi titular. D’Alessandro lesionado ficou fora da partida, talvez nem fique no Inter, caso for vendido para China. O jogo contra o Novo Hamburgo não foi empolgante, jogadores sentiram a estréia, a perna pesou no primeiro jogo da temporada.

O primeiro Inter da temporada foi um caso a parte. O time até pode ser este, mas com toda certeza o futebol demonstrado será outro. As rédeas da partida foram do Nóia, o colorado especulava o contra-ataque na velocidade de Oscar.

Posicionamento dos zagueiros não comprometeu, Rodrigo Moledo demonstrou velocidade e bom posicionamento. Índio mesmo com idade avançada fez o feijão com arroz bem feito. Laterais apoiavam alternadamente. Kléber sempre “topoava” com Dagoberto quanto subia ao apoio, assim complicando sua ida ao fundo.Nei preso, pois o lateral esquerdo do NH jogava as suas costas. Quando Nei apoiava, Josimar era quem fazia sua cobertura, por vezes não conseguiu e por ali o Novo Hamburgo explorou seu ataque. Guiñazu cobria o lado esquerdo onde não teve maiores problemas, até porque pouco foi acionado o lado direito adversário. O tripé ofensivo da meia cancha era de Oscar aberto na direita, João Paulo no centro e Dagoberto a esquerda, esperava-se mais do quase trio de ouro. No ataque Leandro Damião jogou centralizado e isolado dos demais companheiros.

Transição ofensiva um tanto quanto confusa ou talvez se aproveitando dos momentos da partida. Por ora no contra-ataque jogando as costas dos laterais com lançamentos, ora tentando organizar o jogo nos passes curtos. Pouco se viu de passagem dos laterais, aproximação dos meias foi o diferencial para os movimentos ofensivos.

Ofensivamente o Inter sofre sem D’Alessandro, João Paulo não conseguiu ser o meia cerebral que a equipe carecia. Tentou se movimentar e sincronizar os movimentos de ataque, mas parece não ser sua praia. Marcação adversária encaixou sobre os três meias colorados. Dagoberto não conseguiu fugir e pouco apareceu. Oscar foi quem mais se destacou, procurou o meio, recuou para dar sintonia aos ataques, assumiu o comando do time e de quebra fez o gol da vitoria.

Laterais não chegavam à linha de fundo devido aos wingers ocupar mesma posição. Os cruzamentos pegavam os defensores adversários de frente, assim facilitando ao afastar as bolas. Faltou os wingers infiltrarem para abrir corredor aos laterais, ou era de instrução que laterais ficassem mais presos para não serem pegos de surpresa.

O centroavante mais badalado do ano de 2011, Leandro Damião, não teve o parceiro que tanto era almejado pela torcida. Ficou a mercê de bola rebatidas na área. Perante os zagueiros não conseguiu livrar-se da marcação. Esperava-se que o esquema fosse outro para beneficiar o ataque, mas o 4-2-3-1 se manteve e os problemas também.

Defensivamente o Inter não demonstrou problemas. Recomposição do time era rápida e não deixava “buracos” no campo. Oferecia a posse de bola ao adversário, mas sabia controlá-lo. Apesar de não comprometer, Josimar não mostrou o porquê de ser titular, Bolatti em pouco tempo de jogo merece a vaga. Marcando em seu campo e priorizando a recuperação de bola, lançamentos procurando os companheiros mais adiantados e pegar o adversário no contrapé, assim foi o primeiro Inter.

Grêmio

4-4-2 a lá Mancheter City pode surpreender

Um dos times mais esperados do Brasil. Contratou muito, e bem. Os discursos de Caio Junior empolgavam a todos, suas teorias de futebol moderno pareciam utópicas. O 4-4-2 a lá Manchester City não poderia ser real, mas se viu um Grêmio que pode estar revolucionando o futebol brasileiro.

Mesmo com derrota a tentativa de futebol atraente de Caio Junior não deve cair por terra. Chutar o balde na primeira partida após pré-temporada seria um equivoco. As “desculpas” de estar voltando de uma pré-temporada voltada para parte física, são compreensíveis, mas era obrigação vencer.

Inspirado nos times europeus Caio Junior distribui o Grêmio no 4-4-2 com dois volantes bem centralizados com atribuições ofensivas - Fernando e Léo Gago organizam e concluem. Dois meias abertos pelos lados - Douglas sai da direita para o centro, onde organiza as jogadas, Marco Antonio faz parceria com  lateral - e dois atacantes procurando espaço para as infiltrações. 

É de conhecimento geral que o futebol brasileiro atua no 4-4-2 em quadrado, meias atuando próximos e centralizados, volantes restritos a marcação e cobertura. Está a escola brasileira. Com Caio Junior tudo mudou, o 4-4-2 em duas linhas estilo europeu pode funcionar? Só o tempo dirá.

Estréia preocupante. Contra um adversário fraco o tricolor deixou espaços. Sorte que era contra o glorioso Lajeadense, caso contrario o estrago poderia ser maior.

Com bola o time foi tudo que Caio falou, laterais apoiando por vezes simultaneamente. Volantes com posicionamento ofensivo para pegar o rebota ofensivo e servir de opção e finalizando a media e longa distancia. Meias abertos nos flancos com infiltrações para passagem dos laterais. Kléber recuando para quebrar marcação adversária e receber vindo de trás. Mas só faltou concluir em gol, durante toda partida não criaram grandes chances de gol. Muito volume, passes laterais, inversões e nada de finalização de dentro da área.

A transição é de maneira cautelosa. Passes curtos lateralizados procurando os laterais, ou, volantes. Estes cadenciam o jogo para abrir espaços e ligar os meias. Curiosamente os dois homens de criação não vêm de encontro da bola, mas sim esperam para receber. Com os homens de criação acionados o jogo engrena. Douglas seria David Silva do Grêmio, infiltra para articular, esbanjou de lançamentos e Mario faz passagem procurando o fundo. Marco Antonio ficou aquém dos demais. Julio Cesar e Léo Gago salvaram o lado esquerdo, o primeiro com cruzamentos e o segundo com chutes de fora da área. Kléber se movimentou, driblou e procurou o jogo, mas só no primeiro tempo. Miralles parecia estar em outra partida, totalmente desligado e fora do jogo.

Quando a bola é perdida a transição defensiva é um pavor. Os buracos deixados pelos laterais que chegaram a apoiar simultaneamente e volantes que se apresentam para o jogo possuem dimensões estratosféricas. Normalmente quando um lateral apoiava o outro guardava posição, Mario ficava como um terceiro zagueiro. Acentua-se ainda mais com os dois zagueiros jogando mais a frente, mas normal em relação à compactação do time. Douglas Grolli foi o zagueiro da sobra e por muitas vezes ficou no mano-a-mano, venceu todas contra o ataque adversário. Os zagueiros faziam a cobertura dos laterais, Grolli foi superior a Saimon neste quesito. A tentativa de brecar o contra-ataque é com os jogadores de ataque logo bloquear a saída de bola, se viu muito na partida. Douglas só no primeiro tempo desarmou quatro vezes.

Os gols saíram em erros individuais. O primeiro em um escanteio cavado no contra-ataque e gol de um volante. O segundo por Kléber errar passe e pegar a zaga desprevenida, Mario estava no ataque com Saimon fazendo cobertura e Grolli ficou sobrecarregado tendo de marcar dois.

Ainda no primeiro tempo o tricolor variou para o 4-2-2-2 com Marco Antonio na direita e Douglas centralizado, então na sua praia articulando e flutuando pelo campo. Naturalmente M.Antonio recompôs meio campo mais que Douglas. Tricolor dominou, mas não criou chances de gol a bola gira muito, porém não entrava na área. Algo que foi essencial era a presença de três ou mais jogadores na área, dois atacantes mais um dos meias ou dois, com volantes pegando o rebote.
  

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