Internacional: Losango, D'Ale e movimentação curiosa


Após duas derrotas contra times situados na zona da degola, o torcedor colorado já havia jogado a toalha e desistido de 2012. Bem verdade que a vitoria sobre o Vasco não altera o panorama colorado, porém, mais do que simples três pontos, trata-se de possível, reabilitação do grupo. Ano após ano, o plantel estrelado do Internacional é delegado como favorito a qualquer titulo, porém, não confirma favoritismo e deixa a desejar. Além disto, a semente plantada por treinadores não é regada continuamente, ou seja, a troca de cadeiras no clube gaúcho é incessante.

No que diz respeito a questões táticas, Fernandão flutua entre dois esquemas. O treinador começou seu trabalho no 4-4-2 losango e seguiu ate ter seus medalhões a disposição. Quando teve a possibilidade de escalar o time ideal, Fernandão saiu do esquema com três volantes e passou para o 4-2-3-1, “modinha” brasileira. Todavia, devido a lesões, contusões, convocações e reabilitação física, o onze inicial dificilmente tinha sequencia. E, para entrosar, um pré-requisito primordial, trata-se de sequencia.

Contra o Vasco da Gama Fernandão voltou ao losango. O time se comportou da seguinte: linha defensiva de quatro jogadores; tripé de volantes, tendo Ygor no primeiro vértice, Guiñazu pela esquerda e Fred mais agudo pela direita; Um enganche, D’Alessandro no vértice ofensivo; Dois atacantes de movimentação, Forlán pela direita e Dagoberto pela esquerda.

Flagrante tático. Inter no 4-4-2 losango

Com posse de bola uma movimentação curiosa era realizada. Logo ao iniciar transição ofensiva o Inter realizava compensação diferenciada. Vamos aos detalhes: Ambos os laterais rompiam faixa central do campo, para compensar avanço, Ygor recuava e formava trio de zagueiros ao lado de Moledo, centralizado e Juan no lado esquerdo; Fred e Guiñazu mantinham-se alinhados, mas, agora, contando com laterais para auxilia-los; D’Alessandro mantinha seu posicionamento, ataque idem.

Diagrama tático. Movimentação colorado em fase ofensiva. Base do losango é mantida, com exceção de Ygor, que recua e forma tripé com zagueiros.

Ressalto que esta movimentação não configura esquema hibrido, ate por dificuldade de visualizá-lo em mais de três vezes, pois, câmera fechada não favorecia tal padronização. Porém, durante três ou quatro ataques, ficou clara a compensação com recua de Ygor. Por quê? Uma das respostas seria criar sobra defensiva, pelo fato do Vasco jogar com dois atacantes, Carlos Alberto e Eder Luis, e assim não deixar zagueiros no embate individual.
É uma proposta diferenciada, pois, cria alternativa para liberar laterais e não comprometer sistema defensivo.

Posicionamento ofensivo colorado tinha extrema organização. Falar de ataque em bloco, tratando de futebol brasileiro, é utopia, porém, o Inter aproximou-se disto.
Ao atacar, o Inter, fazia compensação, com Ygor recuando e formando trio de zaga com demais beques e, liberava laterais. Sendo assim, o Inter atacava com incríveis SETE jogadores. Numero inacreditável para padrões brasileiros. Este jogadores tinham funções claras: laterais, mesmo estando no campo ofensivo, alternavam o apoio a linha de fundo e um deles recuava para pegar rebote, segunda bola; Guiñazu sempre estava postado em linha intermediaria, compreensível pelo fato de não finalizar; D’Alessandro com movimentação liberada, recuava, avançava, caía pelos lados, “enganche” nato; Fred mais solto que Guiñazu, a revelação colorada não ficava restrita ao lado direito, tinha livre movimentação; dupla de ataque móvel e invertendo nas saídas de área.
Quem guarnecia esta blitz ofensiva? A formação do tridente de retaguarda: Juan na esquerda; Moledo ao centro e Ygor pela direta. Situados próximo a linha central do campo.

Flagrante tático. Inter postado no campo ofensivo do Vasco com SETE jogadores. 

Recuperada a posse, imediatamente os laterais recuperavam seus posicionamentos ao lado dos zagueiros, enquanto o volante Ygor adiantava-se para compor meio campo ao lado dos demais.

Não posso deixar de falar do maestro colorado. Finalmente D’Alessandro voltou a encantar. O camisa dez assumiu responsabilidade que lhe é esperada, reger a sinfonia. Jogou na sua função, clássico “enganche” do losango. Função na qual depende o setor de criação.
Uma andorinha só não faz verão? D’Alessandro o fez. Explorou o 4-4-2 em duas linhas do Vasco e deitou e rolou nas costas dos volantes. Nesta faixa do campo comandou o ataque colorado e destoou o sistema defensivo vascaíno, causou desatino em seus marcadores.
Distribuiu assistências, tanto para Forlán, quanto para Dagoberto. Somente o uruguaio guardou, dois tentos.
Voltou a jogar seu futebol. Será o reencontro de “El Cabezon” com o bom futebol?

Sem oba-oba. A vitoria tira o peso das costas de Fernandão, mas ainda há muito que trabalhar. O ano de 2012 foi desastroso. Porém, esta vitoria consistente demonstra que ainda existe uma luz no fim do túnel. É esperar que o grupo fuja do rotulo que o marca: Inter, é oito ou oitenta.

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