O inicio de temporada nos apresentou o Grêmio no 4-1-4-1,
com Edinho à frente da zaga, porém, contratempos moldaram o tricolor para o
4-4-2 em duas linhas. A combinação de Dudu, postado à esquerda da linha de
meio-campo, com Luan, livre para movimentar-se como segundo atacante,
transformou o Grêmio em um time veloz, que aposta na transição acelerada após o
desarme para chegar ao gol em contra-ataques. E Zé, tem lugar?
A versatilidade de Zé Roberto abre um leque de posições em
que o meio-campista tricolor possa atuar. De segundo volante ao lado de Edinho,
passando por ‘winger’ – ponta, extremo, meia-ala – ou, ponta de lança, se
aproximando de Barcos e ocupando faixa de campo do lesionado Luan – obviamente compondo
outra função, pois foge completamente das características do jovem e promissor
Luan.
No auge de seus trinta e nove anos, Zé Roberto desfila o clássico
futebol de outrora: cabeça erguida, qualidade no passe, cadencia entre outras características
que, aboliram do futebol ou não se encaixam mais nas demandas do futebol contemporâneo.
Independente da posição que atue, irá fazê-lo com algo que não há no Grêmio atual: cadência. O camisa dez se sobressai perante os demais por fazer girar a bola, não necessariamente um organizar clássico, mas colocar panos quentes no jogo e não desperdiçar a posse de bola por pura afobação. Porém, com Zé em campo, seja na posição de Riveros ou Ramiro, a equipe perde e objetividade e presença na área adversária. Questões a se ponderar.
Considerando que Luan esta em franca recuperação, acredito
que Zé Roberto ocupe a vaga de Riveros pelo flanco direito. Atuando nesta faixa
de campo o camisa dez deve contrabalancear o descompensado esquema tricolor,
pois, com posse de bola, o tricolor pende ao lado esquerdo com os velozes Wendell
e Dudu; enquanto o flanco direito fica a deriva de Pará e Riveros, limitados
ofensivamente.
Grêmio posicionado no 4-4-2 em duas linhas com Zé Roberto à direita |
O que Zé pode agregar
ao lado direito?
Enquanto Riveros cumpre com relativo sucesso sua função de
winger – atuando pela beirada do campo, avançando e ingressando na área adversária
quando ataca e, recuando e compondo a segunda linha de meio campo quando
defende -, Zé Roberto atuará de pé trocado – canhoto no lado direito -,
portanto, a tendência natural é que não busque a linha de fundo para
cruzamentos; o meia deve realizar a diagonal e abrir a beirada do campo para
avanço de Pará. Conhecendo as características de Zé Roberto, o meia deve girar
a bola procurando brechas no sistema defensivo adversário, assim, balanceando a
velocidade de Luan e Dudu com sua cadencia de jogo.
Lembrando que, no inicio da temporada, quando o 4-1-4-1 estava em vigência, Zé atuava pelo lado direito do campo, compensando a velocidade e verticalidade de Luan com qualidade no passe e organização das jogadas.
E defensivamente?
Como citado anteriormente, Riveros recompõe a linha de
quatro quando o Grêmio é atacado sem grandes problemas. Zé Roberto capricha na
condição física, mas não é nenhum garoto. Realizar o vai-e-vem constantemente
deve ser desgastante, e, não bastasse o flanco esquerdo sobrecarregado,
Enderson não deseja replicar a fragilidade pelo lado direito. Dor de cabeça
para o treinador.
O que muda no estilo
de jogo?
O atual Grêmio abusa da velocidade na transação ofensiva
após realizar o desarme. Hoje, o desafogo é Dudu, mas, com a iminente volta de
Luan, a equipe tende a reforçar essa característica. Hoje o Grêmio é vertical,
completamente avesso a cadencia de Zé Roberto.
E com Zé, o que muda? A principio o camisa dez deve dar mais qualidade as tramas ofensivas pela beirada direita e municiar Luan e Barcos. Além de ler o jogo e interpretar qual o melhor momento de lançar-se a frente ou abrandar o jogo e rodar a bola – algo que Enderson tentou com o argentino Alan Ruiz, que viveu de lapsos.
E com Zé, o que muda? A principio o camisa dez deve dar mais qualidade as tramas ofensivas pela beirada direita e municiar Luan e Barcos. Além de ler o jogo e interpretar qual o melhor momento de lançar-se a frente ou abrandar o jogo e rodar a bola – algo que Enderson tentou com o argentino Alan Ruiz, que viveu de lapsos.
A ausência de um meia cerebral impele o Grêmio a duas opções
de jogo:
a) contra-atacar
b) ligação direta
Quando engessado pela marcação adversária o Grêmio abusou da
ligação direta, mesmo com Alan Ruiz em campo – o meia não assumiu o
protagonismo que lhe cabia e desmoronou frente a firme marcação. Não que Zé
Roberto seja a solução dos problemas, mas dá opção do passe curto e inicio da
transição com qualidade, não precisando recorrer à ligação direta.
A versatilidade do camisa dez não se restringe a beirada do
campo, Zé pode atuar em inúmeras posições – citadas no texto -, e ser o coringa
que é enriquece a equipe tricolor. Zé Roberto fornece a Enderson um leque de
variabilidades táticas e estratégicas que beneficiam o time. Mesmo com criticas
relacionadas a sua cadencia e estilo de jogo, não imagino que deixa-lo no banco de reservas seja
uma opção racional.