México em duas linhas de quatro e, por momentos, no 4-4-2 em "L"


México e Senegal protagonizaram um embate digno de jogos mata-mata. Todos os pré-requisitos para uma grande partida estiveram presentes. 
Cada equipe com suas peculiaridades. O México com um estilo de futebol de velocidade pelos lados do campo e referencial técnico de Giovanni dos Santos. Senegal, a exemplo de todas as seleções africanas, esbanjou vigor físico e possui também um referencial, Konaté o centroavante de imposição.

Vou me reter a equipe Mexicana.
A seleção treinada por Luis Fernando Tena joga no 4-4-2 em duas linhas, se preferirem, o 4-4-2 britânico. O estilo de jogo condiz com a historia do sistema. O México não é uma equipe que trama jogadas, prefere utilizar os flancos com Fabian e Aquino para transições em velocidade e possui o básico a frente: Peralta um grandalhão mais plantado ao lado do habilidoso Giovanni dos Santos, atacante que gira pelos lados.
Em certos momentos a equipe jogou no 4-4-2 em "L" invertido e usual. Acredito que esta utilização deve-se a marcação pressão por zona e explorar o contra-ataque.
Curiosidade: México explora muito bem a bola parada, porém, o feitiço parece virar contra o feiticeiro, pois esta mesma bola parada demonstrou fragilidades defensivas.

Flagrante tático. México postado no 4-4-2 em duas linhas.

O gol cedo, aos 10 minutos, de bola parada, prejudica a analise, pois o time mexicano após o gol “amorcegou” a partida. Ainda assim, pode-se notar algumas peculiaridades desta equipe.

Defensivamente o México sofreu com o vigor físico senegalês. Os jogadores Mexicanos são franzinos, comparados ao adversário.
Antes de falar do posicionamento defensivo, devo esclarecer a transição defensiva do México. A equipe de Tena diversifica a maneira desta transição, entre marcação sob pressão no ampo do adversário reduzindo espaços em cobranças de laterais, tiro de meta e inicio da transição ofensiva adversária no campo de defesa e marcação de retenção, marcando em seu campo e pronta para sair em contra-ataque.
Caso o adversário passe a linha de meio campo ou consiga rodar e sair da pressão, os jogadores de meio recuam, agrupam e compactam as duas linhas, o México passa a jogar em função da bola: Marcação a zona com diferença entre setores do tipo de pressão exercida, meio campo meia-pressão e defesa pressão; as linhas não possuem posicionamento fixo, apesar de sempre estarem próximas, a movimentação da bola dita o posicionamento das duas linhas de quatro, se a bola progride as linhas recuam, se a bola recua as linhas adiantam.

Falando em posicionamento defensivo. A velocidade dos wingers mexicanos ao atacar não é a mesma ao defender. Fabian e Aquino possuem qualidade com bola no pé, mas ficam devendo ao defender. A transição dos wingers é lenta e desorganizada em relação aos volantes – Salcido e Enriquez – que recuam e agrupam frente à primeira linha. Para compensar a desobediência tática dos wingers, os laterais esporadicamente foram à frente.

Os volantes Salcido e Enriquez atuam como manda o gabarito do 4-4-2 em linha. Não saem para cobrir o espaço dos laterais, quando estes saem para dar o bote. O volante recua, faz de zagueiro e deixa o zagueiro sair e cobrir o lateral. O movimento é sistemático, diferente do modelo brasileiro que prefere deslocar o volante e sempre “proteger” o zagueiro.
Outra função do volante é marcar por dentro, mas aí já é o famoso feijão com arroz, pelos lados é com lateral e winger, dobra pelo setor e zagueiro na sobra.

Flagrante tático. México defendendo e volantes defendendo por dentro e empurrando zagueiros para cobrir lateral.

Marcação, quando no campo defensivo, é sempre por pressão, geralmente com SEIS homens efetuando esta marcação e apenas DOIS – wingers - cercando o adversário.
Por vezes o desleixo do winger chama o lateral para o bote no campo mais a frente, assim, o volante precisa sair da sua zona e auxiliar o lateral.
Um movimento rotineiro foi o lateral ocupando a faixa do winger, ou seja, o lateral saindo/adiantando-se para caça. Porém há explicação. O 4-4-2 forma um “L” – lateral e winger destoam das linhas e atuam adiantados -, para combater o lado em que a jogada esta se desenrolando. É exercida forte pressão na zona em que a bola se encontra, para recupera-la e ser lançada ao winger mais adiantado puxar o contra-ataque. Este 4-4-2 em “L” invertido pode se explicar pela marcação pressão por zona adiantada, assim o lateral adianta para pegar o winger e winger adianta para pegar lateral adversário. 

Flagrante tático. México no 4-4-2 em "L" invertido com marcação pressão na zona em que a bola se encontra. Reparem que Jimenez e Aquino destoam de suas linhas de origem.

O México utilizou este 4-4-2 em “L” invertido – citado a cima – e o usual: lado oposto à jogada forma um “L” com lateral e winger adiantando para fechar inversão e ser opção de passe para o contra-ataque.

Flagrante tático. México no 4-4-2 em "L" mais usual com Fabian destoando da segunda linha no lado oposto a bola. No lado em que a bola se encontra é marcação pressão por zona.

Com México marcando ao estilo de retenção: recuando, marcando em seu campo, pressionando zona da bola e dobrando marcação para sair em velocidade no contra-ataque.
Os atacantes Peralta e Giovanni dos Santos não participam do posicionamento defensivo, "apenas" auxiliam na transição defensiva a frente. Ambos possuem papel essencial para contra-ataques, pois sempre estão a frente e atuando em conjunto para puxar as transições.
A transição ofensiva – contra-ataque – aconteceu com duas variantes: contra-ataque direto, pouca troca de passes, modelo de passe mais direto/vertical e a frente; combinado, maior troca de passes curta, vertical, podendo ser para trás para depois evoluir. Aconteceram gols das duas maneiras, porém, a equipe tentou mais o combinado.


O México de Luis Fernando Tena não é nenhuma Brastemp, mas possui aplicação tática e velocidade que é essencial para sua proposta de jogo. O sistema de marcação pressão demonstrou sucesso na prorrogação ao marcar a frente, pressionar o adversário, o força-lo ao erro e contra-atacar no campo ofensivo.

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