Mano monta seleção com intensas variações de esquemas


Para o clássico entre Brasil x Argentina, Mano Menezes aprontou algumas surpresas. O treinador tinha de mudar algo em relação ao ultimo jogo, a seleção, aparentemente, estava sendo facilmente marcada. Durante a semana correram boatos que, Sabella estava montando um time para anular os flancos do Brasil da seguinte maneira: Zabaleta e Clemente Rodriguez seria laterais de pés trocados – destro na esquerda e canhoto na direita -, isto para dar a linha de fundo a nossos pontas e bloquear infiltrações; duas linhas de quatro para fazer um bloqueio e povoar os lados do campo com, novamente, jogadores de pés trocados, Di Maria na direita e Sosa na esquerda, ambos auxiliando os laterais no bloqueio. E, de fato, isto aconteceu.

Mano contragolpeou durante a semana. Em treinos fechados mudou seu esquema de jogo. Saiu do 4-2-3-1 com: dois volantes frente à linha de defesa, três meias na faixa central e apenas um homem à frente. Mano adotou uma grande variação de esquemas, aproveitando a característica individual de cada jogador, exemplos: Oscar é voluntarioso e atuou como volante no losango e meias pelos lados do campo; Hulk, foi atacante ao lado de Damião e winger fechando o flanco para não deixar o lateral fazer 2x1.

Flagrante tático. Brasil com meio campo em losango, Oscar como volante e Neymar como ponta-de-lança.
Independente de esquema utilizado a seleção esta tomando "cara". A pressão sobre a bola segue, agora de maneira dosado e alternando para surpreender o adversário. As melhores chances do Brasil foram com bolas recuperadas a frente, graças a estas blitz. Compactação defensiva quando equipe fica postada em seu campo. Problemas na transição ofensiva, quando seleção precisa sair de trás armando, não foram resolvidos.

A intensidade e possibilidade de variações de esquemas assusta, não negativamente, mas da melhor forma possivel. O Brasil não fica preso a um só esquema, durante a partida o treinador tem possibilidade de variar sem ter que usar o banco de reservas. Neste sábado os grandes coringas destas variações foram Hulk e Oscar, a dupla assumiu esta responsabilidade e comandou com maestria as intensas trocas de sistemas.

Os esquemas utilizados:

- 4-3-1-2: É ponto de partida para outros esquemas. O tripé de volantes foi formado por: Sandro na primeira função, Romulo pela esquerda e Oscar fazendo pendulo entre winger e volante na direita. Oscar lembrou o Box-to-box inglês e, carrillero argentino, pois recuava ao defender e avançava com posse de bola, marcou um trilho no campo.
Hulk foi atacante pela esquerda, atuava de pé certo, não precisava cortar para o centro, porém, demonstrou estar fora de orbita nesta posição, invariavelmente buscava o lado direito, sua “casa”.
Um parágrafo a parte para Neymar: “Neymar pelo centro atuou como ponta-de-lança do losango. Não foi organizador, seguiu sendo o mesmo Neymar com irreverência e partindo para cima dos marcadores, mas desta vez, pelo centro. Não foi um meias que se aproximava dos volantes, era o contrario, destoava dos volantes e aproximava-se dos atacantes. Mano sabiamente queria aproveita-lo na faixa central, de frente para o gol, assim não precisava enveredar para o centro, mas teria de dividir campo com meio-campistas.”

Flagrante tático. Neymar distante do tripé de volantes, mais próximo dos atacantes.

- 4-4-2/4-4-1-1: Esquema utilizado quando equipe estava posicionada defensivamente. O tripé de volantes se mantém, mas com Oscar e Romulo alinhando-se a Sandro. Hulk recua e alinha-se aos volantes. Assim, uma segunda linha de quatro toma forma. Neymar ora recua e fica postado frente a esta segunda linha, ora avança e fica ao lado de Leandro Damião. Ressalto que este esquema espelha o 4-4-2 argentino.

Flagrante tático. O 4-4-2 brasileiro espelhando o esquema argentino.

- 4-3-2-1 arvore de natal: Este presente na transição defensiva. Primeira linha defensiva e tripé de volantes se mantêm. Normal, pois Oscar, quando vai à frente, recompõe rapidamente e com grande efetividade. O incrível, antes alinhado a Damião, recua e passa a jogar na mesma faixa que Neymar, ora na esquerda, ora na direita.

Flagrante tático. Transição defensiva. Em amarelo o 4-3-1-2 se se desfazendo para tomar forma do 4-3-2-1 em preto com recuo de Hulk.

- 4-2-3-1: Esquema que toma forma defendendo e atacando. Neste plano a seleção lembra o Santos de Muricy e seleção de Dunga. Hoje, Oscar é o coringa entre esquemas, ele quem comanda a variação entre 4-2-3-1 e 4-4-2 losango. A seleção pode pressionar a frente com tridente de meias, ou defender com os mesmos recuados e fechando os espaços. Contra Argentina, Oscar ficou mais reticente, preferia organizar os movimentos ofensivos, não foi tão à frente como Hulk. Neste esquema, os wingers – Hulk e Oscar – invertiam de lados para confundir marcação.

Abaixo uma imagem emblemática, pois nela analisamos com facilidade os diversos esquemas citados a cima.

Flagrante tático. Imagem que demonstra a possibilidade de diferenças perspectivas de analises e interpretações.

- 4-4-1-1 em preto. Reparem que Hulk recua e fica alinhado aos, antes “solitários”, tripé de volantes.

- 4-3-1-2 em amarelo. O esquema se desfaz pelo simples recuo de Hulk na ponta esquerda.

- 4-2-3-1 em roxo. Os wingers recuam e ocupam a faixa lateral do campo, Neymar postado a frente bloqueando ingresso pela faixa central.

Esta serie de esquemas e interpretações nos demonstram o quão complicado é analisar um time, seleção, jogo. Por uma visão simplista diríamos que o 4-4-1-1 é o esquema dominante na partida e o simples avanço dos wingers forma o 4-2-3-1. Nesta partida, não foi bem assim. Hulk avançava e ultrapassava Neymar, ficava postado mais a frente pela esquerda alinhando com Damião, formando o 4-3-1-2. Oscar pouco avançava e não se tornava winger pelo flanco.

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